Valéria D' Ogum Xoroquê 
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Alguns apêndices espíritas importantes
Alguns apêndices espíritas importantes


  
 
ANCESTRALIDADE
 
Quando Olorun procurava matéria apropriada para criar o homem todos os ebora partiram em busca da tal matéria. Trouxeram diferentes coisas, mas nenhuma era adequada. Foram buscar lama, ela chorou, derramou lágrimas e nenhum embora quis tomar da menor parcela. Então Ikú, ojegbe-alaso-ona, apareceu, apanhou um pouco de lama – eerupe – e não teve misericórdia de seu pranto. Levou-a a Olodumare, e este pediu a Orisala e a Olugama que a modelassem e foi Ele mesmo quem lhe insuflou seu hálito. Mas Olodumare determinou a Ikú que, por ter sido ele a apanhar a porção de lama, deveria recolocá-la em seu lugar a qualquer momento. E é por isso que Iku sempre nos leva de volta para a lama. (SANTOS [1][20] citada por RIBEIRO, 1996, p. 158).
 
 
O culto aos ancestrais é um dos elementos mais constantes na cultura africana. Pode-se mesmo dizer que é um fenômeno universal em praticamente toda a África Negra. Conforme Marco Aurélio LUZ (1995, p. 93): “Um dos aspectos invariantes da religião negra é a existência do culto aos ancestrais.Tanto a tradição nagô como a jeje e a congo-angola, que cultuam as forças cósmicas que regem o universo,se complementam com o culto aos ancestrais”. Essa constante na cultura africana e na cultura negra em geral é a pedra fundamental da cosmovisão africana, pois o culto aos ancestrais sintetiza todos os elementos que a estruturam. Aliás, aqui o movimento é o inverso: a cosmovisão africana retira do culto aos ancestrais praticamente todos os seus elementos. Desde a complementaridade dos gêneros, até o caráter coletivo dos rituais africanos, o culto aos ancestrais preserva e atualiza, da melhor maneira possível a originalidade e a genuinidade dos elementos estruturantes da cosmovisão africana. A concepção de universo, de poder, de pessoa, etc., estão nele  contemplados. Sua dinâmica perpassa desde o caráter mais eminentemente religioso até seu caráter de produção. A relação entre o Ayé e o orun   é exemplar; a relação entre a vida e a morte é singular; a relação entre o Homem e a natureza e entre o Homem e as divindades são emblemáticas, ou seja, tudo o que se passa nos cultos aos ancestrais está presente, de maneira geral, no que estamos chamando de cosmovisão africana. O que equivale a afirmar que a cultura negra, em África ou fora dela, deve muito de sua estrutura, de seu fundamento, ao culto dos orixás.
            Em relação à tradição nagô no Brasil há três categorias de culto aos ancestrais: os Esa, os Egúngún e as Iya-mi Agba. Segundo Marco Aurélio LUZ (1995, p. 93) todos os três “estão englobados no conceito de ara-orun, habitantes do orun, do além”. Os Esa “são considerados os ancestrais coletivos dos afro-brasileiros. Seu culto se refere à comunidade em geral e não se caracteriza pela pertinência a uma família ou uma linhagem” (LUZ, 1995, p. 93). Apesar de tanto em África quanto no Brasil a linhagem tradicional possuir valor inestimável, os Esa se destacaram por seu trabalho junto às comunidades, e é a elas que eles vão servir e ajudar, e não às suas famílias de origem. Enquanto os Esa têm manifestação coletiva os Egúngún têm manifestação individuada. Além dessa diferença há outra: a representação do espírito individualizado, o Egúngún, caracteriza-se pela aparição no aiyê. Os Esa, por sua vez, não têm essa propriedade de espírito individualizado e não se manifestam no aiyê.
 
 
O culto dos Egúngún é o culto dos ancestrais masculinos,“originário de Oyó, capital do império YORUBA, foi implantado no Brasil no início do século XIX” (LUZ, 1995, p. 95). Seus principais terreiros, e hoje em dia praticamente os últimos, se encontram na Ilha de Itaparica, na Bahia.
            Segundo Marco Aurélio LUZ (1995 p. 95-96): “Os Egúngún concretizam um valor característico da cultura negra, que é a busca da expansão da existência pelo homem negro através das homenagens e lembrança eterna mantida pelos seus descendentes, uma vez o espírito preparado e ritualizado através da religião”.
A participação dos Egúngún na vida dos seres humanos é ativa. Eles constituem-se nos protetores da comunidade e os guardiões da tradição e da moralidade. O culto aos Egúngún inspira adoração, respeito e temor (LUZ, 1995, p. 96).
 
 
            Os iniciados no culto aos ancestrais Egúngún têm a certeza de que tanto a vida como a morte é a mesma coisa .Eles acreditam que vão continuar existindo em outro plano, e ligados sempre à sua territorialidade, à sua família, à sua linhagem. Há uma cantiga retirada do livro de Joana Elbein dos Santos e citado por Marco Aurélio LUZ (1995,p. 96) que explicita bem o que acabamos de comentar:
SE AWO KI’KU
AWO KI RUN
NSE É AWO MA NLO SO ITUNLA
ITUNLA  ILÊ AWO
Aqueles que fazem o mistério nunca morrem
Os iniciados nunca se corrompem
Os iniciados vão somente para o Itunla (lugar da vida ilimitada e verdadeira; da vida que se renova)
Itunla casa do mistério. (o Ilé awo), de onde os Eguns também são invocados.
 
Há uma grande diferença entre o culto dos Egúngúns e o culto dos orixás. Tanto que os ritos religiosos não se podem fazer ao mesmo tempo e no mesmo lugar. Ancestrais Eguns e orixás estão radicalmente separados. No entanto, há muita semelhança na estrutura desses cultos, tanto no que diz respeito à ancestralidade tanto no que diz respeito à relação dessas divindades com os Homens. Não é uma questão para se adentrar agora, mas ancestrais e orixás têm relações antigas, mesmo antes da criação dos ara-aiyê. A relação, no orun, entre elas, era estreita e complementar. Só para citar um exemplo, há orixás que antes de sê-lo eram ancestrais divinizados. Por sua vez, esses ancestrais eram líderes comunitários em seu território, como foi o caso do Rei Xangô, que acabou tornando-se o orixá da justiça, do trovão. Concluindo, podemos citar Ronilda Ribeiro que assim define a diferença entre orixás e ancestrais: “Os orixás, associados a elementos cósmicos ou à natureza, significam matérias simbólicas de origem enquanto os ancestrais, significam princípios de existência genérica a nível social” (RIBEIRO, 1996, p. 166)
 
 
AS GELEDES É O CULTO ÀS ANCESTRAIS FEMININAS.
 
Marco Aurélio LUZ (1995, p. 102)  narra a seguinte história: “No começo do mundo, era o nada. Com a criação da terra e das florestas, Olorun enviou ao aiyê sete pássaros. Três pousaram na árvore do bem, três pousaram na árvore do mal, e um voa de uma para outra árvore”.
 

Esta história narra a ambiguidade do poder que as ancestrais femininas, também chamadas de Iya-mi-Agba, receberam de Olorun. Aqueles que não a respeitarem, morrerão; mas aqueles que a agradarem e fizerem as devidas oferendas serão protegidos e agraciados por elas.
            Segundo Joana Elbein dos Santos, citada por LUZ (1995, p. 103): “As ajé ou Iya-mi  constituem a representação da maternidade, fertilidade e fecundidade relacionadas ao princípio feminino da existência e Oxun, Olori-iya Agba Aje Eleye chefe suprema das mães ancestrais possuidoras de pássaros, as apresenta coletivamente”.
 
Para LUZ (1995, p. 103): “O que caracteriza o mistério e poder dasIya-mi é a capacidade de criação e gestação da terra, Igba-nla, a grande cabaça ventre fecundada. Para tanto, ela deve ser constantemente ressarcida, restituída e umedecida, pois ela é constantemente  solicitada para gerar abundância de grãos”.
            Ronilda Ribeiro, atenta ao culto das mães ancestrais como uma maneira de restaurar a força pela restituição, afirma que asIya-Agba, “para poderem cumprir sua função necessitam ser fecundadas, umedecidas, restituídas. A terra, associada ao que é seco e quente, precisa ser umedecida continuamente, recuperar o “sangue branco” para poder propiciar novos alimentos” (RIBEIRO, 1996, p. 165).
De acordo com a autora, a sociedade das Geledes, simboliza aspectos coletivos do poder ancestral feminino é dirigida “pelas erelu, mulheres detentoras dos segredos e poderes de Iyami, cuja boa vontade deve ser cultivada por ser essencial à continuidade da vida e da sociedade, o culto tem por finalidade apaziguar seu furor; propiciar os poderes místicos femininos; favorecer a fertilidade e a fecundidade e reiterar normas sociais de conduta” (RIBEIRO, 1996, p. 159).
 
Por fim, vemos que o culto aos ancestrais representa de maneira exemplar a cosmovisão africana, tanto porque compõe as camadas mais importantes dessas sociedades (princípio masculino, princípio feminino e o coletivo), quanto pela riqueza de funções que possuem os ancestrais. Vivendo no tempo do passado, um tempo mitológico (zamani), os ancestrais interferem e participam ativamente na vida de seus iniciados e de suas comunidades, atuando e transformando o tempo sasa, construindo e restituindo a força vital (ou axé) de seus descendentes, fazendo com que a vida seja um continuum impregnada da energia dos entes sobrenaturais, que, em outros tempos, já foram ara-aiyê,  e que agora emprestam sua energia, seu ser-força,  às comunidades e seus membros, tornando o universo africano um universo impregnado de energia e força.
Os elementos que estruturam a cosmovisão de mundo de que estamos falando advém, quase em sua totalidade, das religiõesyorubanas e Jeje localizadas na costa ocidental do continente. No entanto, a África abriga centenas de milhares de religiões. Para exemplificar esta diversidade, trataremos de tecer comentários sumários e tirar conclusões filosóficas decisivas de religiões de outras regiões africanas e, ainda que sinteticamente, retirar daí lições filosóficas que contribuam para a cultura brasileira e, quiçá, mundial.
 
 

 


 
BATISMO YORUBÁ

Cerimônia onde se administra um Sacramento da Igreja Católica, onde a imersão nas águas é símbolo da purificação de pecados, ou ainda, para eles, “pecado original”. Na época do Novo Testamento, quando alguém se tornava cristão era batizado, ou seja, declarava publicamente sua Fé pelo banho no Rio Jordão. Significa esse sacramento um “rompimento” com o passado, o perdão dos pecados e o começo de uma vida nova. “Arrependei-vos dos vossos pecados e recebei o batismo.”, dizia João Batista.
Os Ritos de Iniciação nos Cultos dos Òrìsà são “rompimentos com o passado e começo de uma vida nova”, dedicada ao Sacerdócio, por isso é que nem todos para serem fiéis da Religião dos Òrìsà necessitam passar por Ritos de Iniciação.
Ifá determina que sejam Iniciados somente aqueles que devem seguir o Sacerdócio e não TODOS aqueles que desejam simplesmente ser adeptos da Religião dos Òrìsà. Esse é um fator primordial de entendimento aos seguidores desta Religião. Nem todos são escolhidos para seguirem um Sacerdócio, portanto, a maioria das pessoas “não precisa ser iniciada” para pertencerem a Religião dos Òrìsà. Se esse fato fosse levado mais a sério não teríamos tantos “iniciados” dando testemunhos ridicularizando os Òrìsà nas igrejas evangélicas. Ocorre que estas pessoas foram iniciadas sem necessidade, pois verdadeiramente não foram escolhidos por Ifá para oSacerdócio.
Òrúnmìlà e Èsù não escolhem errado!
 
Porém, Pai e Mãe de Santo escolhe qualquer um para iniciar e depois não tem direito a reclamações quando vê seus ìyàwó dançando com os carismáticos ou protestantes.
Portanto, batizado é Sacramento da Igreja Católica ou de Culto Afro-Brasileiro que mistura “tudo” quanto é doutrina religiosa.
A tradição cultural Yorùbá realiza ORÚKO AMUTORUNWA(Nomes para crianças que renascem) que é um cerimonial realizado pelo membro mais velho da família, que passa a ser responsável pela performance do ritual. Os materiais utilizados são símbolos de esperanças e compostos de oríkì realizadas pelos parentes da criança. Os materiais utilizados são: mel, obí, orógbó, ataare, água, azeite de dendê, açúcar, cana de açúcar, sal e bebida destilada. As pessoas importantes da família podem também buscar, durante o período de 7 ou 9 dias, acontecimentos que para elas façam lembrar o recém nascido. Assim a criança poderá ter uma dezena de nomes simbólicos e representativos para cada um dos membros da família. Podemos dizer que são tratamentos carinhosos, quase que apelidos.
O ritual citado é familiar e não religioso, que nada tem haver com o nome que a criança receberá em seus documentos ou registro de nascimento.

Otá - o início dos assentamentos

"Oferendas e Assentamentos na Umbanda"

Um assentamento começa a ser construído sem pressa pelo médium, pe­ça a peça, até que ele tenha no mí­nimo sete elementos do Orixá, todos já consagrados, tanto no seu ponto de forças, quanto no seu centro de Um­­banda.

Não é preciso esperar abrir o cen­tro para começar a constituí-lo rapi­da­mente. Um dos primeiros elementos é o Otá ou pedra do seu Orixá.

O Otá equivale a "pedra funda­men­tal" das grandes construções civis ou de grandes templos erigidos no pla­no material pelas mais diversas reli­giões.

Cada Orixá tem a sua pedra (as) e é por ela que o médium deve come­çar a constituição dos fundamentos do assentamento do seu próprio Ori­xá.

Nos relatam os nossos mais velhos que, durante o período da escravidão, quando se realizava a cerimônia de ini­ciação dos noviços, estes iam mata adentro à procura do seu Otá ou pedra do seu Orixá, e voltavam só ao ama­nhecer, já com ela entre as mãos.

Dali em diante, ela seria o mais po­­deroso elo de ligação com seu Orixá. Seria conservada com zelo e ali­­men­tan­da periodicamente para manter integralmente seu axé (poder).

Normalmente ela era condicionada em uma quartinha de barro, pois a lou­ça era um artigo raro e caro, ina­cessível às classes menos favorecidas. Panelas, vasos, tigelas, canecos, e ou­­tros utensílios feitos de bar­­ro cozido, eram comuns e de uso cotidiano, não só pe­­los in­dígenas, uma vez que os co­­lo­­nizadores mais po­bres tam­bém usa­vam uten­sílios de bar­ro cozido. Eram os vasi­lhames e uten­sílios mais po­pulares e mais baratos na­quela época, cer­to?

Hoje, quando você tem os mesmos utensílios em lou­ça, pode usá-los à vontade. Até porque as quartinhas de barro precisam passar por um envernizamento externo e por um revestimento oleoso in­terno, para que a água ou outra bebida colocada dentro dela não seja absorvida pelo barro e, sob temperaturas elevadas evapore completamente.

Então, como atualmente você não precisa sair às escondidas e em altas horas da noite para encontrar na es­curidão o seu Otá ou pedra do seu Ori­xá, recomendamos que a encontre num rio ou cachoeira pedregosa e ali, calmamente, escolha-o e assim, reco­lha-o levando-o para casa já envolto em um pedaço de pano com a cor do seu Orixá.
Mas lembre-se: Não é só chegar até o leito pedregoso do rio, catar uma pedra rolada, envolvê-la num pa­no e ir embora. Não mesmo!

Há todo um ritual que deve ser cumprido à risca se quiserem que seus Otás tenham axé ou poder de reali­zação. Abaixo vamos descrevê-lo:

1- Encontrar um trecho de rio de águas limpas que seja pedregoso;

2- Numa margem dele, oferendar nossa mãe Oxum e pedir-lhe licença para recolher dos seus domínios o Otá do seu Orixá.

3 - Depois, oferende o seu Orixá na outra margem ou, se for na mesma, faça-a mais abaixo da oferenda que fez para a Senhora Oxum.

4 - Já com a oferenda feita, der­rame no rio uma garrafa de cham­pag­ne ou outra bebida doce e 7 punhados de açúcar, oferecendo-os aos Seres das Águas, pedindo-lhes licença para entrar no rio e recolher seu Otá.

5 - Isto feito, o mé­dium deve en­trar no leito do rio e pro­curar uma pedra rolada que o atraia mais que as outras e, quando encon­trá-la, deve pedir licença à Mãe e aos Seres da Àgua para pegá-la para si.

6 - Após pegá-la, de­ve elevá-la com as duas mãos acima da cabeça e, como numa oração, dizer estas palavras: "Meu Pai (ou Mãe) Orixá tal, eis a pe­­dra de axé, o meu Otá! Abençoe-o com tua luz, com teu manto divino e com teu axé, tornando-a, a partir de agora, minha pedra sagrada!"

7 - Após fazer essa primeira con­sa­gração a pessoa deve ir até onde está a oferenda da Mãe Oxum e apre­sentá-la segurando-a na palma das mãos unidas em concha, dizendo-lhe es­tas palavras: "Minha Mãe Oxum, apre­sento-lhe meu Otá. Abençoe-o, minha amada Mãe!"

8 - Após receber a benção da Mãe Oxum, a pessoa deve dirigir-se até onde está a oferenda do seu Orixá, colocá-la dentro dela e fazer esse pe­dido: "Meu Pai (minha Mãe) Orixá tal, peço-lhe que aqui, dentro da sua oferenda, consagres essa pedra de forças, esse meu Otá".

9 - Após esse pedido, a pessoa de­ve aguardar uns 10 minutos para recolhê-la e envolvê-la no pedaço de pano na cor do Orixá. Mas antes, deve dizer estas palavras: "Meu Pai (minha Mãe), peço-lhe licença para recolher meu Otá com seu axé, e envolvê-lo nesse pedaço de pano que simboliza seu manto protetor para que eu possa levá-la para minha casa protegida e ocultada dos olhares alheios".

10 - Recolha-a e embrulhe-a com o pano. Então peça licença e vá para casa.
Chegando em casa, risque um símbolo do seu Orixá, coloque-o dentro dele; acenda uma vela de 7 dias e co­loque-a dentro dele. Invoque seu Orixá, pedindo-lhe que alimente-a com sua luz viva, só recolhendo-a e guar­dando-a em um local adequado quan­do a vela for toda queimada.

Caso queira, poderá pegar uma tigela de louça colocar dentro dela um pouco de água e macerar um punhado de folhas do Orixá para, em seguida co­locar dentro o seu Otá, iluminar com uma vela de sete dias e pedir-lhe que incor­pore-lhe seu axé vegetal.
Após sete dias com o Otá imerso no caldo vegetal poderá lavá-lo em água corrente que o axé vegetal do Orixá terá sido incorporado a ele.

Só então, a pessoa poderá ali­mentá-lo com a bebida do Orixá. Para alimentá-lo poderá fazê-lo derra­man­do-a na mesma tigela usada para as ervas. O procedimento é idêntico:

Coloca-se a bebida; a seguir co­loca-se o Otá; cobre-se a tigela com o pano na cor do orixá; ilumina-se com uma vela de 7 dias e faz-se uma ora­ção para que o Orixá alimente-o com o axé da sua bebida.

Após sete dias, retire o Otá, lave-o em água corrente e coloque-o dentro de uma quartinha de louça ou de barro cerâmico;

Encha-a com água engarrafada adquirida no comércio pois não contêm cloro e coloque-a, já tampada, em seu altar, oratório ou em um local onde só você mexa.

Então, periodicamente, troque a água ou complete-a, que seu Otá passará a atuar em seu benefício, atuan­do como um ponto de força do seu Orixá.

Quando vier a fazer o assenta­mento dele, coloque nele a sua quar­tinha com seu Otá dentro dela, passan­do a alimentá-la com ela já assentada em definitivo. Aí está seu verdadeiro e genuíno "Otá"!

Temos ouvido relatos de que al­guns dirigentes espirituais adquirem no comércio algumas pedras roladas ou pedregulhos, já manuseados por ou­tras pessoas e, num ritual simples co­locam-nos dentro da quartinha dos se­us filhos espirituais onde, daí em diante estes passarão a alimentá-la periodicamente como se tivessem de fa­to o axé dos Orixás deles.

Mas isto não é verdadeiro e sim, assemelha-se a uma simpatia, que tanto pode funcionar como não.

Um Otá genuíno só deve ter a mão do seu dono e só deve ter a vibração do seu Orixá. Qualquer outra vibração incorporada ao Otá de uma pes­soa influirá negativamente sobre ele e sobre o seu dono, assim como sobre o próprio Orixá.

Isto acontece quando quem par­ticipou da consagra­ção do Otá fica de mal humor; com rai­va; com ódio dele; com antipatia por ele, etc.

Um Otá é algo pessoal e não deve ser manipulado por mais ninguém além do seu dono e só de­ve conter suas vi­bra­ções e as do seu Orixá.

Além do mais, caso a quartinha com o Otá fique nas dependências do Templo que a pessoa freqüenta, várias coi­sas podem influir sobre ela e ele tais como:

- Caso o Templo esteja sendo de­mandado os donos dos Otás também serão atingidos.

- Caso virem as forças assentadas ou firmadas no Templo, as dos donos dos Otás também serão viradas.

- Caso prendam as forças assen­tadas ou firmadas no Templo, as dos donos dos Otás também serão presas.

Caso o dirigente fique com ódio de um médium seu, poderá atin­gí-lo atra­vés do seu Otá, e qual­quer outros elementos pessoais colo­cados dentro da quartinha (pois há os que colocam um chumaço de cabelo, retirado do ori do seu filho de santo).
Recomendamos às pessoas que fo­rem prejudicadas dessa forma que com­prem 7 quartinhas de louça; con­sigam 7 líquidos diferentes, tais como: mel, bebida do seu orixá, água doce, água salgada, água com ervas ma­ceradas, água com pemba branca rala­da misturada e água de côco.

Com esses sete líquidos engarra­fados separadamente, devem ir até uma cachoeira e nela fazer uma ofe­renda a Mãe Oxum.

Após fazer a oferenda devem pe­dir-lhe licença para colher 7 pedras no leito da cachoeira. Após colhê-las colo­cá-las dentro das 7 quartinhas e acres­centar um pouco de água da ca­choeira.

A seguir, colocar as quartinhas em círculo e derramar dentro de cada uma o líquido de uma garrafa. Acender 7 velas amarelas juntas no centro do círculo das quartinhas; acender 7 ver­melhas do lado de fora do círculo de quar­tinhas, uma para cada uma.
Na seqüência, fazer essa oração po­derosa ajoelhado diante do círculo de quartinhas:

"Minha amada e miseri­cordiosa Mãe Oxum, clamo-lhe nesse momento em que sofro um ato de in­justiça, que a Senhora ative o seu Sa­grado Mistério das Sete Quartinhas e, em nome do Divino Criador Olorum, de Oxalá, da Lei Maior e da Justiça Di­­vina, que essa injustiça seja cor­tada, anulada e retardada, e que, quem a fez contra mim seja rigoro­sa­mente punido por Olorum, por Oxalá pela Lei Maior e pela Justiça Divina, as­sim como pelo Orixá, pelo Exu Guardião, e pela Pombagira Guardiã dela, que assim, punida rigorosa­men­te, nunca mais use do seu conheci­mento para prejudicar-me e a ninguém mais.

Peço-lhe também, que tudo o que essa pessoa fez e desejou contra mim, contra minhas forças espirituais e con­tra meu Orixá, que na Lei do Retorno seja voltado integralmente contra ela, punindo-a rigorosamente por ter me faltado com o respeito e com a fraternidade humana que deve reinar em nossa vida.

Peço-lhe também que essa pessoa seja punida com a retirada dos seus poderes e conhecimentos pessoais, assim como, que dela sejam afastados todos os seus filhos espirituais e seus amigos, para que não venham a ser vítimas da perfídia, da traição e do ódio dela por quem a desagrada.

Peço-lhe também que os Orixás e os Guias Espirituais de todos os filhos espirituais dessa pessoa maligna sejam alertados da perfídia dela e tomem as devidas providências para protege­rem-se, e aos seus filhos, da traição e da falsidade dessa pessoa indigna perante os Sagrados Orixás, o Divino Criador, Olorum, a Lei Maior e a Justiça Divina, e todos os umbandistas.

Que a Lei Maior e a Justiça Divina comecem a atuar e só cessem suas atua­ções quando ela pedir-lhes per­dão pela injustiça cometida. Ou, caso ela não o faça, então atuem pondo-a para fora da Umbanda para que nunca mais manche-a com sua per­fídia, traição e falsidade.

Peço-lhe e peço a todos os po­deres invocados aqui, que me prote­jam de todos os atos negativos que essa pessoa traiçoeira e perfídia venha a intentar contra mim, minhas forças, meu Orixá, minha vida e família, assim como vos peço que cada ato dela feito contra mim de agora em diante seja virado e seja revertido contra ela, punindo-a ainda mais.

Amém"!

Essa oração é tão poderosa, que imediatamente a pessoa que cometeu o ato indigno de atingir um filho espi­ritual, as suas forças espirituais e ao seu Orixá, começa a ser punida de tal forma, que em pouco tempo, ou ela desfaz o mal feito e pede perdão ao atraiçoado ou sua vida terá uma revi­ravolta tão grande que acabará afun­dando em sua maldade.

É a justa punição para quem ousa atingir o orixá alheio.

Essa magia e essa oração forte não deve ser usada para futricas e intrigas pessoais pois nossa amada Mãe Oxum não está à nossa dispo­sição para essas coisas e sim, ela nos concede a ativação do seu Sagrado Mistério das Sete Quartinhas para que atos indignos cometidos contra nossos Guias e Orixás sejam punidos rigoro­samente.
Bem, após essa magia para a defesa de vítimas de trabalhos para atin­gí-las a partir do seu Otá, conti­nue­­mos com os comentários sobre a "pedra fundamental" dos médiuns umbandistas.

Saibam que um Otá (ou pedra de força) também pode ser encontrado e recolhido em outros lugares além do leito dos rios. Pedras são encontradas na terra, no sopé das montanhas, em pedreiras, etc.

Se a sua pedra de forças (aque­la que o atraiu) for encontrada dentro de uma mata ou bosque, aí você deve pedir licença ao Orixá Oxóssi para recolhê-la e consagrá-la ao seu Orixá.

Se ela foi encontrada na terra, em algum campo aberto, peça licença ao Orixá da terra, Omulú.

Se ela for encontrada no sopé de uma montanha, ou mesmo nela, peça licença ao Orixá Xangô.

Se ela for encontrada em uma pedreira, peça licença ao Orixá Yansã.

Se ela for encontrada nas mar­gens de um lago ou do estuário de um rio, peça licença ao Orixá Nanã Bu­ruquê.

Se ela for encontrada nas margens ou no fundo de uma lagoa, peça licença ao Orixá Obá.

Se ela for encontrada a beira mar ou mesmo dentro das suas águas, peça licença ao Orixá Iemanjá.

Se for "encontrada" no comércio de pedras, aí é problema seu, certo?

Afinal, um Otá genuíno não é uma pedra semi-preciosa e sim, é um eixo rolado ou um pequeno geodo ain­da na natureza e que não passou de mão em mão.

Quando a "pedra ideal" é encon­trada, como que por acaso, e o médium não estava ali com a finalidade de encontrar seu Otá, mas deseja reco­lhê-la e levá-la para sua casa porque "sente" que ela tem algum poder ou finalidade mágica, este deve ajoelhar-se perto dela e, dependendo do cam­po vibratório em que ela se encontra, ali deve fazer uma oração ao Orixá regente dele e pedir-lhe permissão para recolhê-la e levá-la para sua casa pois já se esta­beleceu uma afinidade entre ambos.

Se você ainda não souber que tipo de afinidade se criou, recolha-a, e leve-a embora. Guarde-a e aguar­de, porque pode ser que mais adiante um guia espiritual manifeste-se e lhe dê orientações sobre ela e como tratá-la dali em diante.

Agora, se em todo o lugar da natu­reza que você for, encontrar uma ou mais pedras que o atraiam inten­sa­mente, aí já se trata de uma coisa pes­soal e o melhor a fazer é tornar-se um colecionador de pedras ornamen­tais ou raras. Espero assim estar esclarecendo suas dúvidas, agora pergunto se depois que você deu sua obrigação, sua vida melhorou, porque se a resposta for sim, é porque parece ter sido feito tudo certo. Agora se a resposta é não... Motumba axé irmã! Não precisa agradecer nada, nem a atenção que te dou, estou no mundo espírita para isso.

 

PARTE I: INTRODUÇÃO

 

C A N D O M B L É

 

Por que o culto do orixá é chamado de CANDOMBLÉ?

 

Em 1830, algumas mulheres negras originárias de Ketu, na Nigéria, e pertencentes a irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, reuniram-se para estabelecer uma forma de culto que preservasse as tradições africanas aqui, no Brasil.

 

Segundo documentos históricos da época, esta reunião aconteceu na antiga Ladeira do Bercô; hoje, Rua Visconde de Itaparica, próximo a Igreja da Barroquinha na cidade de São Salvador - Estado da Bahia.

 

Desta reunião, que era formada por várias mulheres, conforme relatei anteriormente, uma mulher ajudada por Baba-Asiká, um ilustre africano da época, se destacou:
- Íyànàssó Kalá ou Oká, cujo o òrúnkó no orixá era Íyàmagbó-Olódùmarè.

 

Mas, o motivo principal desta reunião era estabelecer um culto africanista no Brasil, pois viram essas mulheres, que se alguma coisa não fosse feita aos seus irmãos negros e descendentes, nada teriam para preservar o "culto de orixá", já que os negros que aqui chegavam eram batizados na Igreja Católica e obrigados a praticarem assim a religião católica.

 

Porém, como praticar um culto de origem tribal, em uma terra distante de sua ìyá ìlú àiyé èmí, ou a mãe pátria terra da vida, como era chamada a África, pelos antigos africanos?

 

Primeiro, tentaram fazer uma fusão de várias mitologias, dogmas e liturgias africanas. Este culto, no Brasil, teria que ser similar ao culto praticado na África, em que o principal quesito para se ingressar em seus mistérios seria a iniciação. Enquanto na África a iniciação é feita muitas vezes em plena floresta, no Brasil foi estabelecida uma mini-África, ou seja, a casa de culto teria todos os orixás africanos juntos. Ao contrário da África, onde cada orixá está ligado a uma aldeia, ou cidade por exemplo: Xangô em Oyó, Oxum em Ijexá e Ijebu e assim por diante.

 

Mas, por que esse culto foi denominado de CANDOMBLÉ?

 

Este culto da forma como é aqui praticado e chamado de Candomblé, não existe na África. O que existe lá é o que chamo de culto à orixá, ou seja, cada região africana cultua um orixá e só inicia elegun ou pessoa daquele orixá. Portanto, a palavra Candomblé foi uma forma de denominar as reuniões feitas pelos escravos, para cultuar seus deuses, porque também era comum chamar de Candomblé toda festa ou reunião de negros no Brasil. Por esse motivo, antigos Babalorixás e Yalorixás evitavam chamar o "culto dos orixás" de Candomblé. Eles não queriam com isso serem confundidos com estas festas. Mas, com o passar do tempo a palavra Candomblé foi aceita e passou a definir um conjunto de cultos vindo de diversas regiões africanas.

 

A palavra Candomblé possui 2 (dois) significados entre os pesquisadores: Candomblé seria uma modificação fonética de “Candonbé”, um tipo de atabaque usado pelos negros de Angola; ou ainda, viria de “Candonbidé”, que quer dizer “ato de louvar, pedir por alguém ou por alguma coisa”.

 

Como forma complementar de culto, a palavra Candomblé passou a definir o modelo de cada tribo ou região africana, conforme a seguir:

 

  Candomblé da Nação Ketu
  Candomblé da Nação Jeje
  Candomblé da Nação Angola
  Candomblé da Nação Congo
  Candomblé da Nação Muxicongo

 

A palavra “Nação” entra aí não para definir uma nação política, pois Nação Jeje não existia em termos políticos. O que é chamado de Nação Jeje é o Candomblé formado pelos povos vindos da região do Dahomé e formado pelos povos mahin.

 

Os grupos que falavam a língua yorubá entre eles os de Oyó, Abeokuta, Ijexá, Ebá e Benin vieram constituir uma forma de culto denominada de Candomblé da Nação Ketu.

 

Ketu era uma cidade igual as demais, mas no Brasil passou a designar o culto de Candomblé da Nação Ketu ou Alaketu.

 

Esses yorubás, quando guerriaram com os povos Jejes e perderam a batalha, se tornaram escravos desses povos, sendo posteriormente vendidos ao Brasil.

 

Quando os yorubás chegaram naquela região sofridos e maltratados, foram chamados pelos fons de ànagô, que quer dizer na língua fon “piolhentos, sujos” entre outras coisas. A palavra com o tempo se modificou e ficou nàgó e passou a ser aceita pelos povos yorubás no Brasil, para definir as suas origens e uma forma de culto. Na verdade, não existe nenhuma nação política denominada nàgó.

 

No Brasil, a palavra nàgó passou a denominar os Candomblés também de Xamba da região norte, mais conhecido como Xangô do Nordeste.

 

Os Candomblés da Bahia e do Rio de Janeiro passaram a ser chamados de Nação Ketu com raízes yorubás.

 

Porém, existem variações de Nações, por exemplo, Candomblé da Nação Efan e Candomblé da Nação Ijexá. Efan é uma cidade da região de Ilexá próxima a Osobô e ao rio Oxum. Ijexá não é uma nação política. Ijexá é o nome dado às pessoas que nascem ou vivem na região de Ilexá.

 

O que caracteriza a Nação Ijexá no Brasil é a posição que desfruta Oxum como a rainha dessa nação.

 

Da mesma forma como existe uma variação no Ketu, há também no Jeje, como por exemplo, Jeje Mahin. Mahin era uma tribo que existia próximo à cidade de Ketu.

 

Os Candomblés da Nação Angola e Congo foram desenvolvidos no Brasil com a chegada desses africanos vindos de Angola e Congo.

 

A partir de Maria Néném e depois os Candomblés de Mansu Bunduquemqué do falecido Bernardino Bate-folha e Bam Dan Guaíne muitas formas surgiram seguindo tradições de cidades como Casanje, Munjolo, Cabinda, Muxicongo e outras.

 

Nesse estudo sobre Nações de Candomblé, poderia relatar sobre outras formas de Candomblé, como por exemplo, Nàgó-vodun que é uma fusão de costumes yorubás e Jeje, e o Alaketu de sua atual dirigente Olga de Alaketu.

 

O Alaketu não é uma nação específica, mas sim uma Nação yorubá com a origem na mesma região de Ketu, cuja sua história no Brasil soma-se mais de 350 (trezentos e cinquenta) anos ao tempo dos ancestrais da casa: Otampé, Ojaró e Odé Akobí.

 

A verdade é que o culto nigeriano de orixá, chamado de Candomblé no Brasil, foi organizado por mulheres para mulheres. Antigamente, nas primeiras casas de Candomblé, os homens não entravam na roda de dança para os orixás. Mesmo os que tornavam-se Babalorixás tinham uma conduta diferente quanto a roda de dança. Desta forma, a participação dos homens era puramente circunstancial. Daí ter-se que se inserir no culto vários cargos para homens, como por exemplo, os cargos de ogans.

 

Hoje, a palavra Candomblé define no Brasil o que chamamos de culto afro-brasileiro, ou seja: “UMA CULTURA AFRICANA EM SOLO BRASILEIRO”

 

 

A ORGANIZAÇÃO DO CANDOMBLÉ NO NOVO MUNDO

 

Antigamente, na Nigéria, os dias da semana eram apenas 04 (quatro) e eram assim denominados:

 

  1o dia - Ójumò Exu
  2o dia - Ójumò Ogun
  3o dia - Ójumò Xangô
  4o dia - Ójumò Oxalá

 

sendo que estes 04 (quatro) dias estavam ligados aos 04 (quatro) pontos cardeais:

 

  1o a leste onde habita Exu
  2o ao norte onde habita Ogun
  3o a oeste onde habita Xangô
  4o ao sul onde habita Oxalá

 

Como se pode observar, os yorubás tinham sua própria semana organizada que foi modificada ou adaptada à semana ocidental. Isto aconteceu porque não se manteve a tradição milenar de apenas 04 (quatro) dias.

 

Quando o Candomblé foi estabelecido na Bahia por Yanassó teve-se que se adaptar, como foi visto anteriormente, o culto para os moldes ocidentais, ou seja, cultuar vários orixás no mesmo espaço. Com esta junção, criou-se o que foi chamado Ójumò-osé ou dia de limpar ou ainda Ójumò-uenumó ou dia do descanso. Essa distribuição foi feita da seguinte forma:

 

  2a feira cuidaria-se de Exu e Omolu
  3a feira cuidaria-se de Ogun e Oxumarê
  4a feira cuidaria-se de Xangô e Oya
  5a feira cuidaria-se de Oxossy
  6a feira cuidaria-se de Oxalá

 

No sábado seria a vez de se cuidar de todas as Yas ou Mães que seriam: Oxum, Yemanjá, Nanã, entre outras. Já no domingo, cuidaria-se de Ibeji.

 

Esta distribuição foi feita para que cada Omon-orixá tivesse seu orixá ligado a um dia da semana e nesse dia esse omon-orixá estivesse na casa de Candomblé para prestar culto ao seu orixá, não fugindo assim com a sua responsabilidade de cuidar de seu orixá.

 

Como comprovam vários estudiosos da cultura africana, não só houve a adaptação da semana yorubá para a semana ocidental, como uma série de cerimônia e ritos da religião de orixá tiveram que se adaptar ao Novo Mundo, conforme mostra o próprio ritual de iniciação que na Nigéria é feito em aldeias que ficam no interior das florestas.

 

Outra adaptação feita para o Brasil foi o do Jogo de Búzios. Enquanto no culto de orixá na Nigéria apenas o Babalawo faz o culto à advinhação e é ele, por determinação de Ifá, quem orienta todos os acontecimentos dentro do egbé; no Brasil, o jogo de búzios foi uma modalidade criada pelo Olwô Bamboxé para as mulheres ou Yalorixás da época.

 

AS VARIAÇÕES DAS TRÊS NAÇÕES   JEJE, KETU E ANGOLA

 

Dos muitos grupos de escravos vindo para o Brasil, 03(três) categorias ou nações se destacaram:

 

  Negros Fons ou Nação Jeje
  Negros Yorubás ou Nação Ketu
  Negros Bantos ou Nação Angola

 

Cada uma dessas 03 (três) nações tem dialeto e ritualística própria. Mas, houve uma grande coligação entre os deuses adorados nessas 03 (três) nações, por exemplo:

 

  Na Nação Jeje os deuses são chamados de Voduns
  Na Nação Ketu, de Orixás
  Na Nação de Angola, de Inkices

 

Abaixo, encontram-se relacionados os deuses, as suas ligações e correspondência em cada uma dessas 03 (três) nações:

 

KETU

JEJE

ANGOLA

Exu

Elegbá

Bombogiro

Ogun

Gu

Nkosi-Mucumbe

Oxossy

Otolú

Mutaka Lambo

Omolu

Azanssun

Cavungo

Xangô

Sogbô

Nizazi ou Luango

Ossayn

Ague

Katende

Oya / Yansã

Guelede-Agan ou Vodun-Jó

Matamba/Kaingo

Oxum

Aziri-Tolá

Dandalunda

Yemanja

Aziri-Tobossi

Samba Kalunga/Kukuetu

Oxumarê

Becém

Angoro - Ongolo

Oxalá

Lissá

Lemba

 


PARTE II : NAÇÃO JEJE NAÇÃO JEJE

 

  • ·  Origem da palavra JEJE

 

A palavra JEJE vem do yorubá adjeje que significa estrangeiro, forasteiro. Portanto, não existe e nunca existiu nenhuma nação Jeje, em termos políticos. O que é chamado de nação Jeje é o candomblé formado pelos povos fons vindo da região de Dahomé e pelos povos mahins. Jeje era o nome dado de forma perjurativa pelos yorubás para as pessoas que habitavam o leste, porque os mahins eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram povos do lado sul. O termo Saluvá ou Savalu, na verdade, vem de "Savê" que era o lugar onde se cultuava Nanã. Nanã, uma das origens das quais seria Bariba, uma antiga dinastia originária de um filho de Oduduá, que é o fundador de Savê (tendo neste caso a ver com os povos fons). O Abomei ficava no oeste, enquanto Axantis era a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos Jeje

 

  • ·  Origem da palavra DAHOMÉ

 

A palavra DAHOMÉ, tem dois significados: Um está relacionado com um certo Rei Ramilé que se transformava em serpente e morreu na terra de Dan. Daí ficou "Dan Imé" ou "Dahomé", ou seja, aquele que morreu na Terra da Serpente. Segundo as pesquisas, o trono desse rei era sustentado por serpentes de cobre cujas cabeças formavam os pés que iam até a terra. Esse seria um dos significados encontrados: Dan = “serpente sagrada” eHomé = “a terra de Dan”, ou seja, Dahomé = “a terra da serpente sagrada”. Acredita-se ainda que o culto à Dan é oriundo do antigo Egito. Ali começou o verdadeiro culto à serpente, onde os Faraós usavam seus anéis e coroas com figuras de cobra. Encontramos também Cleópatra com a figura da cobra confeccionada em platina, prata, ouro e muitos outros adornos femininos. Então, posso dizer que este culto veio descendo do Egito até Dahomé.

 

  • ·  Dialetos falados

 

Os povos Jejes se enumeravam em muitas tribos e idiomas, como: Axantis, Gans, Agonis, Popós, Crus, etc. Portanto, teríamos dezenas de idiomas para uma tribo só, ou seja, todas eram Jeje, o que foge evidentemente às leis da lingüística - muitas tribos falando diversos idiomas, dialetos e cultuando os mesmos Voduns. As diferenças vinham, por exemplo, dos Minas - Gans ou Agonis, Popós que falavam a língua das Tobosses, que a meu ver, existe uma grande confusão com essa língua.

 

  • ·  Os primeiros no Brasil

 

Os primeiros negros Jeje chegados ao Brasil entraram por São Luís do Maranhão e de São Luís desceram para Salvador, Bahia e de lá para Cachoeira de São Félix. Também ali, há uma grande concentração de povos Jeje. Além de São Luís (Maranhão), Salvador e Cachoeira de São Félix (Bahia), o Amazonas e bem mais tarde o Rio de Janeiro, foram lugares aonde encontram-se evidências desta cultura.

 

  • ·  Classificação dos Voduns

 

Muitos Voduns Jeje são originários de Ajudá. Porém, o culto desses voduns só cresceram no antigo Dahomé. Muitos desses Voduns não se fundiram com os orixás nagos e desapareceram totalmente. O culto da serpente Dãng-bi é um exemplo, pois ele nasceu em Ajudá, foi para o Dahomé, atravessou o Atlântico e foi até as Antilhas.

 

Quanto a classificação dos Voduns Jeje, por exemplo, no Jeje Mahin tem-se a classificação do povo da terra, ou os voduns Caviunos, que seriam os voduns Azanssu, Nanã e Becém. Temos, também, o vodun chamado Ayzain que vem da nata da terra. Este é um vodun que nasce em cima da terra. É o vodun protetor da Azan, onde Azanquer dizer "esteira", em Jeje. Achamos em outro dialeto Jeje, o dialeto Gans-Crus, também o termo Zenin ou Azeni ou Zani e ainda o Zoklé. Ainda sobre os voduns da terra encontramos Loko. Ele apesar de estar ligado também aos astros e a família de Heviosso, também está na família Caviuno, porque Loko é árvore sagrada; é a gameleira branca, que é uma árvore muito importante na nação Jeje. Seus filhos são chamados de Lokoses. Ague, Azaká é também um vodun Caviuno. A família Heviosso é encabeçada por Badë, Acorumbé, também filho de Sogbô, chamado de Runhó. Mawu-Lissá seria o orixá Oxalá dos yorubás. Sogbô também tem particularidade com o Orixá em Yorubá, Xangô, e ainda com o filho mais velho do Deus do trovão que seria Averekete, que é filho de Ague e irmão de Anaite. Anaite seria uma outra família que viria da família de Aziri, pois são as Aziris ou Tobosses que viriam a ser as Yabás dos Yorubás, achamos assim Aziritobosse. Estou falando do Jeje de um modo geral, não especificamente do Mahin, mas das famílias que englobam o Mahin e também outras famílias Jeje.

 

Como relatei, Jeje era um apelido dado pelos yorubás. Na verdade, esta família, ou seja, nós que pertencemos a esta nação deveríamos ser classificados de povo Ewe, que seria o mais certo. Ewe-Fon seria a nossa verdadeira denominação. Nós seríamos povos Ewe ou povos Fons. Então, se fôssemos pensar em alguma possibilidade de mudança, nós iríamos nos chamar, ao invés de nação Jeje, de nação Ewe-Fon. Somente assim estaríamos fazendo jus ao que é encontrado em solo africano. Jeje é então um apelido, mas assim ficamos para todas as nossas gerações classificados como povo Jeje, em respeito aos nossos antepassados.

 

Continuando com algumas nomenclaturas da palavra Ewe-Fon, por exemplo, a casa de candomblé da nação Jeje chama-se Kwe = "casa". A casa matricial em Cachoeira de São Félix chama-se Kwe Ceja Undé. Toda casa Jeje tem que ser situada afastada das ruas, dentro de florestas, onde exista espaço com árvores sagradas e rios. Depende das matas, das cachoeiras e depende de animais, porque o Jeje também tem a ver com os animais. Existem até cultos com os animais tais como, o leopardo, crocodilo, pantera, gavião e elefante que são identificados com os voduns. Então, este espaço sagrado, este grande sítio, esta grande fazenda onde fica o Kwechama-se Runpame, que quer dizer "fazenda" na língua Ewe-Fon. Sendo assim, a casa chama-se Kwe e o local onde fica situado o candomblé, Runpame. No Maranhão predomina o culto às divindades como Azoanador e Tobosses e vários Voduns onde a "sacerdotisa" é chamada Noche e o cargo masculino, Toivoduno.

 

  • ·  Os fundadores

 

Voltando a falar sobre "Kwe Ceja Undé", esta casa como é chamada em Cachoeira de São Félix de "Roça de Baixo" foi fundada por escravos como Manoel Ventura, Tixerem, Zé do Brechó e Ludovina Pessoa.

 

Ludovina Pessoa era esposa de Manoel Ventura, que no caso africano é o dono da terra. Eles eram donos do sítio e foram os fundadores da Kwe Ceja Undé. Essa Kwe ainda seria chamada de Pozerren, que vem de Kipó, "pantera".

 

Darei um pequeno relatório dos criadores do Pozerren Tixarene que seria o primeiro Pejigan da roça; e Ludovina, pessoa que seria a primeira Gaiacú.

 

A roça de cima que também é em Cachoeira é oriunda do Jeje Dahomé, ou seja, uma outra forma de Jeje. Estou falando do Mahin, que era comandada por Sinhá Romana que vinha a ser "Irmã de santo" de Ludovina Pessoa (esta última mais tarde assumiria o cargo de Gaiacú na Kwe de Boa Ventura). Mas, pela ordem temos Manoel Ventura, que seria o fundador, depois viria Sinhá Pararase, Sinhá Balle e atualmente Gamo Loko-se. O Kwe Ceja Undé encontra-se em controvérsia, ou seja, Gamo Loko-se é escolhida por Sinhá Pararase para ser a verdadeira herdeira do trono e Gaiacú Agué-se, que seria Elisa Gonçalves de Souza, vem a ser a dona da terra atualmente. Ela pertence a família Gonçalves, os donos da terra. Assim, temos os fundadores da Kwe Ceja Undé.

 

Aqui, no Rio de Janeiro, saindo de Cachoeira de São Félix, Tatá Fomutinho deu obrigação com Maria Angorense, conhecida como Kisinbi Kisinbi.

 

Uma das curiosidades encontradas durante minha pesquisa sobre Jeje é o que chamamos de Deká, que na verdade vem do termo idecar, do termo fon iidecar, que quer dizer "transmissão de segredo". Esse ritual é feito quando uma Gaiacú passa os segredos da nação Jeje para futura Gaiacú pois, na nação Jeje não se tem notícias, que possa ter havido "Pai de santo". O cargo de sacerdotisa ou "Mãe de santo" era exclusivamente das mulheres. Só as mulheres poderiam ser Gaiacús.

 

  • ·  Ogans

 

Os cargos de Ogan na nação Jeje são assim classificados: Pejigan que é o primeiro Ogan da casa Jeje. A palavraPejigan quer dizer “Senhor que zela pelo altar sagrado”, porque Peji = "altar sagrado" e Gan = "senhor". O segundo é o Runtó que é o tocador do atabaque Run, porque na verdade os atabaques Run, Runpi e Lé são Jeje. No Ketu, os atabaques são chamados de Ilú. Há também outros Ogans como Gaipé, Runsó, Gaitó, Arrow, Arrontodé, etc.

 

Podemos ver que a nação Jeje é muito particular em suas propriedades. É uma nação que vive de forma independente em seus cultos e tradições de raízes profundas em solo africano e trazida de forma fiel pelos negros ao Brasil.

 

  • ·  Mina Jeje

 

Em 1796, foi fundado no Maranhão o culto Mina Jeje pelos negros fons vindos de Abomey, a então capital de Dahomé, como relatei anteriormente, atual República Popular de Benin.

 

A família real Fon trouxe consigo o culto de suas divindades ancestrais, chamados Voduns e,principalmente, o culto à Dan ou o culto da Serpente Sagrada.

 

Uma grande Noche ou Sacerdotisa, posteriormente, foi Mãe Andresa, última princesa de linhagem direta Fon que nasceu em 1850 e morreu em 1954, com 104 anos de vida.

 

Aqui, alguns nomes dos Deuses Voduns:

 

*Ayzan - Vodun da nata da terra 
*Sogbô - Vodun do trovão da família de Heviosso 
*Aguê - Vodun da folhagem 
*Loko - Vodun do tempo

 

  • ·  Curiosidades 

    *A primeira Casa Jeje no Rio de Janeiro foi, em 1848, de D.Rozena, cuja filha de santo foi D.Adelaide Santos
    *Ekede – termo Jeje
    *Done – cargo feminino na casa Jeje, similar à Yalorixá
    *Doté – cargo ilustre do filho de Sogbô

 

Os vodun-ses da família de Dan são chamados de Megitó, enquanto que da família de Kaviuno, do sexo masculino, são chamados de Doté; e do sexo feminino, de Doné.

 

Os cumprimentos ou pedidos de bençãos entre os iniciados da família de Dan seria “Megitó Benoí?” Resposta: “Benoí”; e aos iniciados da família Kaviuno, ou seja, Doté e Doné seria “Doté Ao?” Resposta: "Aótin".

 

O termo usado "Okolofé", cuja resposta é "Olorun Kolofé" vem da fusão das Nações de Jeje e de Ketu.

 

Algumas palavras do dialeto ewe:

 

*esin = água 
*atinçá = árvore 
*agrusa = porco 
*kpo = pote 
* ou izó = fogo 
*avun = cachorro 
*nivu = bezerro 
*bakuxé = parto de barro 
*kuentó = kuentó 
*yan = fio de contas 
*vodun-se = filho do vodun ou iniciados da Nação Jeje 
*yawo = filho do vodun ou iniciados da Nação Ketu 
*muzenza = filho do vodun ou iniciados da Nação Angola 
* = banho 
*zandro = cerimônia Jeje 
*sidagã = auxiliar da Dagã na Cerimônia a Legba 
*zerrin = ritual fúnebre Jeje 
*sarapocã = cerimônia feita 07(sete) dias antes da festa pública de apresentação do(a) iniciado(a) no Jeje 
*sabaji = quarto sagrado onde fica os assentos dos Voduns 
*runjebe = colar de contas usado após 07(sete) anos de iniciação 
*runbono = primeiro filho iniciado na Casa Jeje 
*rundeme = quarto onde fica os Voduns 
*ronco = quarto sagrado de iniciação 
*bejereçu = cerimônia de matança

 

Esta é uma homenagem a todos os povos Jejes.

 

Arró-bo-boí!

 

A INFLUÊNCIA DAS PALAVRAS JEJE NA CULTURA AFRO-BRASILEIRA

 

A cultura Jeje vinda do Antigo Dahomé, que antes abrangia o Togo e fazia fronteira com o país de Gana é, sem dúvida, uma das maiores contribuições culturais deixada pelos negros fons no Brasil.

 

Estes povos Adjejes, como eram chamados pelos yorubás, estabeleceram fundamentos nos seguintes lugares: Cachoeira de São Félix, na Bahia; Recife, em Pernambuco e São Luís, no Maranhão. Houve durante um período uma influência da cultura yorubá, daí essa mistura passar a ser chamada de: Cultura Jeje-Nagô. Essa mistura, como expliquei, adveio principalmente dos yorubás com várias tribos Jejes. Dentre elas destacaram-se: tribo Gan, Fanti, Axanti, Mina e Mahin. Estes últimos, ou mahins, tiveram maior destaque sobre as demais culturas Jeje, no Brasil.

 

Estes negros falavam o dialeto ewe que, por ser marcante, influenciou por demais a cultura yorubá e também a cultura bantu. Como exemplo, cito os nomes que compõem um barco de yawo: Dofono, Dofonitin, Fomo, Fomutin, Gamu, Gamutin e Vimu, Vimutin.

 

Outras palavras Jeje foram incorporadas não só na cultura afro-brasileira como também no nosso dia-a-dia, como por exemplo: Acassá, “faca” que no original ewe é escrita com “K” ao invés de “C”. Outra palavra Jeje que ficou no nosso cotidiano foi a palavra “tijolo” que em ewe é Tijoló.

 

A TRADIÇÃO JEJ: O VODUN JEJE SOGBÔ E A PROVA DE ZO

 

A tradição dos povos fons que aqui no Brasil foram chamados de Adjeje ou Jeje pelos yorubás, requer um longo confinamento quando na época de iniciação. Essa tradição Jeje exigia de 06 (seis) meses ou até 01 (um) ano de reclusão, de modo que o novo vodun-se aprendesse as tradições dos voduns: como cultuá-los, manter os espaços sagrados, cuidar das árvores, saber dançar, cantar, preparar as comidas e um artesanato básico necessário a implementos materiais dos diferentes assentos, ferramentas e símbolos necessários ao culto.

 

Para os povos Jeje, os voduns são serpentes que tem origem no fogo, na água, na terra, no ar e ainda tem origem na vida e na morte. Portanto, a divindade patrona desse culto é Dan ou a "Serpente Sagrada".

 

Como disse, para o povo Jeje os Voduns são serpentes sagradas e sendo as matas, os rios, as florestas o habitat natural das cobras e dos próprios voduns. O ritual Jeje depende de muito verde, grandes árvores pois muitos voduns tem seus assentos nos pés destas árvores.

 

Outra particulariedade deste culto é de que quando as vodun-ses estão em transe ou incorporadas com seu vodun: os olhos permanecem abertos, ou seja, os voduns Jeje abrem os olhos, diferente dos orixás dos yorubás, que mantem os olhos sempre fechados.

 

É comum no culto Jeje provar o poder dos Voduns quando estes estão incorporados em seus iniciados. Uma destas provas é a prova chamada Prova do Zô ou Prova do Fogo do vodun Sogbô, que governa as larvas vulcânicas e é irmão de Badé e Acorombé, que comandam os raios e trovões.

 

A seguir, descrevo uma Prova do Zô feita com uma vodun-se feita para Sogbô, um vodun que assemelha-se ao Xangô do Yorubás:

 

Num determinado momento entra no salão uma panela de barro, fumegante, exalando cheiro forte de dendê borbulhante, contendo dentro alguns pedaços de ave sacrificada para o vodun. Sogbô adentra o salão com fúria de um raio, os olhos bem abertos (que como expliquei é costume dos voduns) e tomando a iniciativa vai até a panela, onde mergulha as mãos por algum tempo. Em seguida, exibe para todos os pedaços da ave. É um momento de profunda emoção gerando grande comoção por parte dos outros iniciados que respondem aquele ato entrando em estado de transe com seus voduns.

 

NANÃ

 

Nanã Buruku ou Buku é considerada a mais antiga das divindades. Muito cultuada na África em regiões como: Daça Zumê, Abomey, Dumê, Cheti, Bodé, Lubá, Banté, Djabalá, Pesi e muitas outras regiões.

 

Para os fons e ewes, a palavra Nanã ou Nàná é empregada para se chamar de mãe as mulheres idosas e respeitáveis, ou seja, a palavra Nanã significa: "Respeitável Senhora".

 

Nanã está associada à terra, à água e à lama. Os pântanos e as águas lodosas são o seu domínio.

 

Como relatei no começo, é a mais antiga das divindades, pois representa a memória ancestral. Mãe de Loko ou Irokô, Omolu e Oxumare ou Becém na dinastia Fon, Nanã está ligada ao mistério da vida e da morte. É a senhora da sabedoria, mais velha que o ferro. Daí, não usar lâminas em seu culto.

 

BECÉM

 

O culto à serpente remonta desde o início dos séculos. Os romanos e os gregos já prestavam culto à cobra, sendo os povos que mais difundiram em séculos passados este culto.

 

No Egito, a serpente era venerada e encarregada de proteger locais e moradias. Cleópatra era uma sacerdotisa do culto à serpente. Todos os seus pertences e adornos eram em formatos de cobras e similares. Este culto correu através do Rio Nilo as diversas regiões africanas.

 

No Antigo Dahomé, este culto se intensificou e lá Dan, como é chamada a Serpente Sagrada, transformou-se no maior símbolo de culto daquele povo, também sendo chamado pelo nome de vodun-becém. Já os yorubás chamaram esta mesma entidade de Oxumare ou a Cobra Arco-íris; e os negros Bantos, de Angôro.

 

Na verdade, aí falamos de uma só divindade com vários nomes dependendo da região em que é cultuada.

 

Mas, Oxumare, como é mais popularmente conhecido no Brasil, é o Orixá que determina o movimento contínuo, simbolizado pela serpente que morde a própria cauda e enrola-se em volta da terra para impedí-la de se desgovernar. Se Oxumare perder-se a força, a Terra vagaria solta pelo espaço em uma rota a seguir, sendo o fim do nosso Planeta.

 

É o orixá da riqueza, um dos benefícios mais apreciados não só pelos yorubás como por todos os povos da terra.

 

Arró-bo-boí!

 

OFERENDA À BECÉM PARA PROSPERIDADE

 

Em tempos difíceis, um dos voduns que não pode deixar de ser cultuado é Becém, pois este vodun é o Deus do movimento. Na nação de Ketu, este vodun é assimilado ao Orixá Oxumarê.

 

Os ingredientes necessários para a comida ou oferenda à Becém, para prosperidade são:

 


*01 travessa média de barro 
*300g de batata doce 
*½ k de canjica 
*14 moedas correntes 
*14 folhas de louro 
*14 búzios abertos 
*01 colher de açúcar cristal

 

Como fazer:

 


*Cozinhar bem a canjica e colocá-la na travessa 
*Cozinhar as batatas doces, retirar as cascas e amassá-las bem. Modelar duas cobras de batata doce e colocá-las em cima desta canjica 
*Enfiar as folhas de louro nos cantos, em volta da canjica. (Observação: para cada folha, uma moeda e um búzio aberto até completar as 14 folhas, 14 moedas e 14 búzios) 
*Espalhar o açúcar cristal por cima de toda esta oferenda e oferecê-la à Becém, em baixo de uma árvore bonita e frondosa com 14 velas em volta, acesas.

 

Certamente, Sr Acolo Becém irá trazer muita prosperidade para vocês!

 

AJOIÉ E EKEDI

 

A palavra “ajoié” é correspondente feminino de ogan pois, a palavra ekedi, ou ekejí, vem do dialeto ewe, falado pelos negros fons ou Jeje.

 

Portanto, o correspondente yorubá de ekedi é ajoié, onde a palavra ajoié significa “mãe que o orixá escolheu e confirmou”.

 

Assim como os demais oloyés, uma ajoié tem o direito a uma cadeira no barracão. Deve ser sempre chamada de “mãe”, por todos os componentes da casa de orixá, devendo-se trocar com ela pedidos de bençãos. Os comportamentos determinados para os ogans devem ser seguidos pelas ajoiés.

 

Em dias de festa, uma ajoié deverá vestir-se com seus trajes rituais, seus fios de contas, um ojá na cabeça e trazendo no ombro sua inseparável toalha, sua principal ferramenta de trabalho no barracão e também símbolo do óyé, ou cargo que ocupa.

 

A toalha de uma ajoié destina-se, entre outras coisas, a enxugar o rosto dos omo-orixás manifestados. Uma ajoiéainda é responsável pela arrumação e organização das roupas que vestirão os omo-orixás nos dias de festas, como também, pelos ojás que enfeitarão várias partes do barracão nestes dias.

 

Mas, a tarefa de uma ajoié não se restringe apenas a cuidar dos orixás, roupas e outras coisas. Uma ajoiétambém é porta-voz do orixá em terra. É ela que em muitas das vezes transmite ao Babalorixá ou Yalorixá o recado deixado pelo próprio orixá da casa.

 

No Candomblé do Engenho Velho ou Casa Branca, as ajoiés são chamadas de ekedis. No Gantois, de "Iyárobá". Já na Nação de Angola, é chamada de "makota de angúzo". Mas, como relatei anteriormente, "ekedi" é nome de origem Jeje mas, que se popularizou e é conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil, seja qual for a Nação.

 

OS ODÙS NA CULTURA JEJE JEJE

 

Um Babalawo, ou Pai dos segredos (awô) é muito respeitado pela cultura yorubá.

 

O Babalawo, como o nome diz, é o conhecedor de todos os mistérios e segredos no culto à Orunmilá, sendo portanto sacerdote de ifá. Somente o Babalawo pode manipular o Rosário de ifá que em yorubá recebe o nome deopele-ifá e em ewe, língua da cultura fon ou Jeje tem o nome de agú-magá. Ainda na cultura Jeje, ifá é chamado de Vodun-fá ou Deus do destino e o Babalawo é denominado de Bokunó. Mas, nas duas culturas, tanto o Babalawo dos yorubás quanto o Bokunó dos fons precisam de uma divindade que interprete as caídas do jogo àifá.

 

Quem seria essa divindade? Para os yorubás, essa divindade que auxilia o Babalawo a interpretar as caídas do jogo-a-ifá tem o nome de Exu e para os ewes ou fons da cultura Jeje essa mesma divindade é chamada de Legba, que em ewe significa: "Divino esperto".

 

Como podemos observar, nas duas culturas o culto à ifá é uma constante na vida destes povos, pois tanto na Nigéria como no antigo Dahomé, o destino individual ou coletivo é motivo de muita atenção(Destino que em yorubá se chama odù e em ewe-fon, aírun-ê), pois os povos Jejes também cultuavam os odùs ou aírun-ê.

 

Abaixo, encontram-se divulgados alguns nomes dos odùs, em ewe-fon: 
*ogudá ou obéogunda em yorubá 
*lossô ou yorossun em yorubá 
*ruolin ou warin em yorubá 
*sá ou ossá em yorubá

 

PARTE III: NAÇÃO KETU

 

 

 

A IMPORTÂNCIA DOS MITOS NO CANDOMBLÉ

 

O culto dos orixás remonta de muitos séculos, talvez sendo um dos mais antigos cultos religiosos de toda história da humanidade.

 

O objetivo principal deste culto é o equilíbrio entre o ser humano e a divindade aí chamada de orixá.

 

A religião de orixá tem por base ensinamentos que são passados de geração a geração de forma oral.

 

Basicamente este culto está assim organizado:
1o Olorun - Senhor Supremo ou Deus Todo Poderoso 
2o Olodumare – Senhor do Destino 
3o Orunmilá – Divindade da Sabedoria (Senhor do Oráculo de Ifá) 
4o Orixá – Divindade de Comunicação entre Olodumare e os homens, também chamado de elegun, onde a palavra elegun quer dizer "aquele que pode ser possuído pelo Orixá" 
5o Egungun – Espíritos dos Ancestrais

 

Os mitos são muito importantes no culto dos orixás, pois é através deles que encontramos explicações plausíveis para determinados ritos.

 

Sem estas estórias, lendas ou ìtan seria difícil ter respostas a sérios enigmas, como o envolvimento entre a vida do ser humano e do próprio orixá.

 

O MITO DA CRIAÇÃO (Segundo a Tradição Yorubá)

 

Olodumaré enviou Oxalá para que criasse o mundo. A ele foi confiado um saco de areia, uma galinha com 5 (cinco) dedos e um camaleão. A areia deveria ser jogada no oceano e a galinha posta em cima para que ciscasse e fizesse aparecer a terra. Por último, colocaria o camaleão para saber se a terra estava firme.

 

Oxalá foi avisado para fazer uma oferenda à Exu antes de sair para cumprir sua missão. Por ser um orixá funfun, Oxalá se achava acima de todos e, sendo assim, negligenciou a oferenda à Exu. Descontente, Exu resolveu vingar-se de Oxalá, fazendo-o sentir muita sede. Não tendo outra alternativa, Oxalá furou com seu opasoro o tronco de uma palmeira. Dela escorreu um líquido refrescante que era o vinho de Palma. Com o vinho, ele saciou sua sede, embriagou-se e acabou dormindo.

 

Olodumaré, vendo que Oxalá não havia cumprido a sua tarefa, enviou Oduduwa para verificar o ocorrido. Ao retornar e avisar que Oxalá estava embriagado, Oduduwa cumpriu sua tarefa e os outros orixás vieram se reunir a ele, descendo dos céus, graças a uma corrente que ainda se podia ver no Bosque de Olose.

 

Apesar do erro cometido, uma nova chance foi dada à Oxalá: a honra de criar os homens. Entretanto, incorrigível, embriagou-se novamente e começou a fabricar anões, corcundas, albinos e toda espécie de monstros.

 

Oduduwa interveio novamente. Acabou com os monstros gerados por Oxalá e criou homens sadios e vigorosos, que foram insuflados com a vida por Olodumaré.

 

Esta situação provocou uma guerra entre Oduduwa e Oxalá. O último, Oxalá, foi então derrotado e Oduduwa tornou-se o primeiro Oba Oni Ifé ou "O primeiro Rei de Ifé".

 

O VERDADEIRO NOME DE ODUDUWA

 

Como expliquei em outra ocasião, Oduduwa foi um personagem histórico do povo yorubá.

 

Oduduwa foi um temível guerreiro invasor, vencedor dos ìgbós e fundador da cidade de Ifé. Segundo historiadores, Oduduwa teria vivido entre 2000 à 1800 anos antes de Cristo.

 

Oduduwa foi pai dos reis de diversas nações yorubás, tornando-se assim cultuado após sua morte, devido ao costume yorubá de cultuar-se os ancestrais.

 

Segundo o historiador Eduardo Fonseca Júnior, Oduduwa chamava-se Nimrod, que desceu do Egito até Yarba onde fixou residência. Ao longo do caminho até Yarba, Nimrod ou Oduduwa fundou diversos reinos. Diz ainda que Oduduwa teria ido para a África a mando de Olodumare para redimir os descendentes de Caim que à semelhança de seu ancestral, carregavam um sinal na testa.

 

Segundo o historiador, Nimrod trocou de nome e passou-se a se chamar Oduduwa, "aquele que tem existência própria"; onde Ile-Ifé é aquele que cresce e se expande.

 

Segundo o Professor José Beniste, Oduduwa é assim chamado devido ao fato dele cultuar uma divindade chamada Oduá, que na verdade chama-se Odulobojé, que é a representação feminina, com o poder da gestação. Era o ancestral cultuado pelo herói aqui em questão, gerador de toda cultura yorubá.

 

Como podemos observar, Oduduwa (o fundador de Ilé-Ifé), segundo grandes pesquisadores como Pierre Verger, José Beniste, Eduardo Fonseca Júnior é um personagem histórico.

 

OS ORIXÁS E SUAS ORIGENS

 

Quando falamos de orixá, falamos de uma força pura, geradora de uma série de fatores predominantes na vida de uma pessoa e também na natureza.

 

Mas, como surgiram os orixás? Quais as suas origens?

 

Quando Olorum, Senhor do Infinito, criou o Universo com o seu ófu-rufú, mimó, ou hálito sagrado, criou junto seres imateriais que povoaram o Universo. Esses seres seriam os orixás que foram dotados de grandes poderes sobre os elementos da natureza. Em verdade, os orixás são emanações vindas de Olorum, com domínio sobre os 4 (quatro) elementos: fogo, água, terra e ar e ainda dominando os reinos vegetal e animal, com representações dos aspectos masculino e feminino, ou seja, para todos os fenômenos e acidentes naturais, existe um orixá regente. Através do processo de constituição física e diante das leis de afinidades, cada ser humano possui 01 (um) ou mais orixá, como protetores de sua vida, a eles sendo destinados formas diversas de culto.

 

Um outro aspecto a ser analisado sobre a tradição de orixá e sua origem seria a de que alguns orixás seriam, em princípio, ancestrais divinizados que em vida estabeleceram vínculos que lhes garantiam um controle sobre certas forças da natureza, como o trovão, o vento, as águas doces, ou salgadas, ou então, assegurando-lhes a possibilidade de exercer certas atividades como a caça, o trabalho com metais, ou ainda, adquirindo o conhecimento das propriedades das plantas e de sua utilização.

 

O poder axé do ancestral-orixá teria, após a sua morte, a faculdade de encarnar-se momentaneamente em um de seus descendentes durante um fenômeno de possessão por ele provocada.

 

A passagem da vida terrestre à condição de orixá aconteceu em momento de paixão como nos mostram as lendas dos orixás.

 

Xangô, por exemplo, tornou-se orixá em um momento de contrariedade por se sentir abandonado, quando deixou Oyó para retornar à região de Tapá. Somente Oyá, sua primeira mulher, o acompanha na fuga e, por sua vez, ela entrou debaixo da terra depois do desaparecimento de Xangô. Suas duas outras mulheres Oxum e Obá tornaram-se rios que tem seus nomes, quando fugiram aterrorizadas pela fulmegante cólera do marido.

 

Como relatei, esses antepassados não morreram de forma natural; e sim, sofreram uma transformação nos momentos de crise emocional provocada pela cólera ou outros sentimentos.

 

A origem é a própria terra. E segundo a tradição yorubá, alguns orixás foram seres humanos possuidores de um axé muito forte e de poderes excepcionais.

 

SAUDAÇÕES

 

As saudações são muito importantes, pois é através delas que nós invocamos os orixás.

 

Assim, vamos traduzir para vocês “As saudações dos Orixás e seus significados”:

 

Exu

Kóbà Láryè

aquele que é muito falante

Ogun

Pàtakorí

exterminador ou cortador de ori ou cabeça

Oxossy

Ará Unse Kòke Ode

guardador do corpo e caçador

Xangô

Kawó-Kábièsilé

venham ver o Rei descer sobre a terra

Oxum

Orà Yè Yé Ofyderímàn

salve mãezinha doce, muito doce

Yansã ou Oyá

Èpàrèi

venha, meu servo

Omolu e Obaluayê

Atótóo

Silêncio

Yemanjá

Èru Ìyá

senhora do cavalo marinho

Oxumaré

Arrum Bobo(termo Jeje)

senhor de águas supremas

Nanã

Sálùbá

pantaneira (em alusão aos pântanos de Nanã)

Oxalá

Esè Epa Bàbá

você faz, obrigado Pai

 


AXÉ

 

A palavra Axé é de origem yorubá e é muito usada nas casas de Candomblé. Axé significa "força, poder" mas também é empregada para sacramentar certas frases ditas entre o povo de santo, como por exemplo: Eu digo: - “Eu estou muito bem.” Outro responde: -“Axé!” Esse “axé“ aí dito equivaleria ao "Amém" do Catolicismo ("que Deus permita").

 

Mas, o Axé ainda pode significar a própria casa de Candomblé em toda a sua plenitude. Daí, uma Yalorixá também ser chamada de Yalaxé(Iyálàse), ou seja, “Mãe do Axé” ou a pessoa responsável pelo zelo do Axé ou força da casa de Orixá.

 

Axé também pode significar “Vida”. E tudo que tem vida tem origem. Chamar a vida é chamar o Axé e as origens. Os Orixás são Axé, os Orixás são Vida.

 

Agora, o que seria Contra-Axé?

 

O contra-axé são todas as estruturas de opressão e morte que destroem a vida das comunidades. O contra-axé ainda pode ser todas a quizilás e ewós dentro de uma casa de orixá e também certos tabus que cercam o omo-orixá.

 

Na tradição dos orixás, axé também pode significar a "força das águas, do fogo, da terra, das árvores, das pedras" enfim de tudo que tem vida. Pois, o Candomblé é um culto de celebração à vida e a toda a força que dela advém, ou seja, o próprio culto, é o próprio Axé.

 

O QUE SERIAM ORIXÁS-ANCESTRAIS?

 

Para os povos africanos, em particular, para os yorubás, fons e bantos, a religião é a base para sua existência diária.

 

Ainda pela manhã, os yorubás, por exemplo, fazem uma série de adúràs e orikìs, ou seja, rezas e invocações para que o dia corra bem. Durante o dia ainda, vários atos serão feitos lembrando sempre a tradição religiosa. Nas horas das refeições, enquanto a família estiver reunida também várias saudações serão feitas, agradecendo a Olódùmarè e aos Orixás-Ancestrais a graça da alimentação.

 

Agora, por que estes povos se portam assim?

 

Usamos o termo Olódùmarè por representar para o povo yorubá, “o criador de todas as coisas” ou “a divindade suprema acima dos Orixás-Ancestrais”.

 

Os povos de Ketu, Oyó, Ijesá, Ibadan e Ifé não só prestam culto à divindades naturais, mas também cultuam à ancestralidade, pois para os yorubás a reencarnação existe (atun wá), ou seja, a pessoa morre e renasce no mesmo seio familiar ao qual pertencia. Aí entra o orixá-ancestral de cada família que por tradição será o orixá-dominante de toda uma região. Por exemplo, Xangô em Oyó, Ogun em Irê, Oxum em Ijexá, Oxossy em Ketu e assim por diante.

 

Como podemos observar, esses orixás são patronos e dominantes de cada região, acreditando os yorubás serem eles ancestrais nestes lugares, isto é, viveram ou construiram estas regiões, como Xangô ainda em exemplo teria sido o maior Alafin ou rei de Oyó.

 

Como podemos entender é que lá na Nigéria os yorubás cultuam esses orixás como sendo seus antepassados, isto é, o culto à orixá está ligado ao culto da ancestralidade.

 

O JOGO DE BÚZIOS

 

Como será meu dia de amanhã?

 

Se eu fizer o que pretendo, qual será o resultado?

 

Desde que o mundo é mundo que o homem tem necessidade de saber algo sobre o seu futuro. Dentro do Candomblé, a modalidade do jogo de búzios é a mais conhecida (O búzio é uma concha do mar encontrado em praias litorâneas).

 

O jogo de búzios é um aprendizado de conhecimentos preciosos em que a memória exerce um papel muito importante, ou seja, é lá na memória ou cabeça, que se vai guardar uma enorme série de histórias, lendas e caídas que decifram, segundo a tradição yorubá, a vida de uma pessoa.

 

Na Nigéria, o jogo de búzios recebe o nome de Merindilogún, ou seja, o "JOGO DOS DEZESSEIS". O processo do jogo de búzios consiste no seguinte: Os búzios são lançados sobre uma toalha ou peneira conforme a nação daquele Babalorixá ou Yalorixá que está jogando. A posição em que os búzios caem é que dará as indicações necessárias solicitadas pelos consulentes. Portanto, cabe ao Babalorixá ou Yalorixá interpretar as caídas e passar para os consulentes as mensagens do jogo.

 

O intermediário do Merindilogún, ou seja, desta forma de jogo, não é Ifá; e sim, Exu. Ifá tem a sua modalidade particular de jogo. Diz uma lenda que apenas Exu tinha o dom da adivinhação. Mas, a pedido de Orunmilá, Exu transmitiu seus conhecimentos a Ifá e em troca Exu recebeu o privilégio de receber sempre em primeiro lugar as oferendas e sacrifícios antes de qualquer outro orixá.

 

Diz ainda que Oxum era a companheira de Ifá e os homens lhe pediam constantemente que respondesse às suas perguntas. Oxum contou o caso a Orunmilá que concordou que ela fizesse a adivinhação com a ajuda de 16 (dezesseis) búzios. Porém, as respostas seriam indicadas por Exu. Exu, então, voltou à antiga função, ou seja, a de responder às perguntas de Oxum. Depois disso, por espírito de vingança, Exu passou a atormentar com mais raiva os filhos de Oxum.

 

Na verdade, o jogo de búzios é o instrumento de maior consulta constante do Babalorixá ou Yalorixá, pois é através dele que ele(a) irá dirigir diversas situações dentro da casa de orixá.

 

No começo do aprendizado do jogo de búzios, segundo a tradição, começa-se a jogar com 04 (quatro), 08 (oito) e depois os 16 (dezesseis) búzios. Mas, vamos nos deter aqui no jogo de 04 (quatro) búzios, também chamado de "Jogo de Confirmação".

 

O Jogo de Confirmação, como relatei, é formado por 04 (quatro) búzios. Esta modalidade é usada como o próprio nome sugere, para confirmar caídas feitas anteriormente com os outros búzios, ou ainda, esta forma de jogo é usada para se obter respostas rápidas dos orixás, por exemplo:

 

  • ·  04 (quatro) búzios abertos significa "tudo ótimo"
  • ·  03 (três) búzios abertos e 01 (um) fechado significa "talvez", ou seja, poderá dar certo ou não o que se perguntou
  • ·  02 (dois) búzios abertos e 02 (dois) fechados: a resposta é afirmativa; "tudo bem"
  • ·  03 (três) búzios fechados e 01 (um) aberto: a resposta é "não", ou seja, “negócio não realizável"

 

Agora, se todos os 04 (quatro) búzios caírem com as 04 (quatro) partes fechadas para baixo significa que não se deve insistir em perguntar o que se quer saber, pois além de ser nula esta caída, ela vem acompanhada de “maus presságios”.

 

Além disso, este Jogo de Confirmação ou Jogo dos 04 (quatro) Búzios também é chamado de "Jogo de Exu", porque segundo alguns antigos Babalorixás, quem responde nesse jogo é Exu, pela precisão e rapidez nas respostas.

 

ODÙ

 

A palavra odù vem da língua yorubá e significa “destino”. Portanto, odù é o destino de cada pessoa.

 

O destino é, na verdade, a regra determinada a cada pessoa por Olodumaré para se cumprir no àiyé, o que muitos chamam de missão. Esta “missão” nada mais é do que o odù que já vem impresso no ìpònrí de cada um, constituído numa sucessão de fatos, enquanto durar a vida do emi-okán ou espírito encarnado na terra.

 

Enquanto a criança ainda não nascer, ou seja, enquanto ela permanecer na barriga de sua mãe, o odù ou destino desta criança ficará momentaneamente alojado na placenta e só se revelará no dia do nascimento da criança.

 

Cada odù ou destino está ligado a um ou mais orixá. Este orixá que rege o odù de uma pessoa influenciará muito durante toda a vida dela. Mas, nem por isso ele será obrigatoriamente o orixá-ori, ou "o pai de cabeça" daquela pessoa, ou seja, o orixá-ori independe do odù da pessoa. Vejamos um exemplo: um omon-orixá de Yansã que tenha no seu destino a regência do odù ofun (que é ligado à Oxalá), essa pessoa terá todas as características dos filhos de Yansã: independentes, autoritários, audaciosos. Mas, sofrerá as influências diretas do odù ofun, trazendo portanto para este filho de Yansã, lentidão em certos momentos da vida. Situação esta desagradável para os filhos de Yansã, que tem a rapidez como marca registrada.

 

Os odùs ou destinos são um segmento de tudo que é predestinação que existe no universo, conseqüentemente, de todas as pessoas.

 

Os odùs, além de serem a individualidade de cada um, também são energias de inteligências superiores que geraram o “Grande Boom”, a explosão acontecida a milhares de anos no espaço que criou tudo.

 

Dentro de um contexto específico(pessoal ou social) em nosso planeta esses odùs podem seguir um caminho evolutivo ou involutivo, por exemplo: existe um odù denominado de odi. Foi Odi que em disfunção gerou as doenças venéreas e outras doenças resultantes de excessos e deturpações sexuais. Traz em sua trajetória involutiva a perversão sexual e é ainda através desse lado involutivo de odi que acontece a perda da virgindade e a imoralidade.

 

Porém, como expliquei, existe o lado evolutivo e o próprio odù odi citado aqui em nosso exemplo possui características boas e marcantes como: caráter forte e firme e tendência a liderança.

 

Na verdade, são os odùs que governariam tudo que está ligado a vida em todos os sentidos.

 

Abaixo, relaciono os 16 (dezesseis) principais odùs e seus orixás correspondentes:

 

 

 

ODÙ

ORIXÁ

1.Òkànràn

Exu

2.Éji Òkò

Ogun e Ibeji

3.Étà Ògúndá

Obaluaiye e ainda Ogun

4.Ìròsùn

Yemanjá

5.Òsé

Oxum

6.Òbàrà

Oxossy, Xangô, Yansã e Logun-Edé

7.Òdì

Exu, Omolu

8.Éjì Onílè

Oxaguian

9.Òsá

Yemanjá e Yansã

10.Òfún

Oxalá

11.Òwórín

Yansã e Exu

12.Èjìlá Seborà

Xangô

13.Éjì Ológbon

Nanã

14.Ìka

Oxumarê

15.Ogbègúndá

Obá e Ewa

16.Àlàáfia

Orunmilá

 


ÈSÙ

 

A palavra Èsù em yorubá significa “esfera” e, na verdade, Exu é o orixá do movimento.

 

De caráter irascível, ele se satisfaz em provocar disputas e calamidades àquelas pessoas que estão em falta com ele.

 

No entanto, como tudo no universo, possui de um modo geral dois lados, ou seja: positivo e negativo. Exu também funciona de forma positiva quando é bem tratado. Daí ser Exu considerado o mais humano dos orixás, pois o seu caráter lembra o do ser humano que é de um modo geral muito mutante em suas ações e atitudes.

 

Conta-se na Nigéria que Exu teria sido um dos companheiros de Oduduà quando da sua chegada a Ifé e chamava-se Èsù Obasin. Mais tarde, tornou-se um dos assistentes de Orunmilá e ainda Rei de Ketu, sob o nome de Èsù Alákétú.

 

Mas, o que significa a palavra elegbara?

 

A palavra elegbara significa “aquele que é possuidor do poder (agbará)” e está ligado à figura de Exu.

 

Um dos cargos de Exu na Nigéria, mais precisamente em Oyó, é o cargo denominado de Èsù Àkeró ou Àkesán, que significa "chefe de uma missão", pois este cargo tem como objetivo supervisionar as atividades do mercado do rei.

 

Exu praticamente não possui ewós ou quizilas. Aceita quase tudo que lhe oferecem.

 

É o dono de muitas ervas e entre elas aquela denominada de "vassourinha de Exu", que tanto serve para efetuar atos de limpeza, como também é utilizada como sabão, para lavar roupas de santo, como se faziam antigamente. A sua frutinha é pequenina e amarelada podendo também ser comida.

 

Os yorubás cultuam Exu em um pedaço de pedra porosa chamada Yangi, ou fazem um montículo grotescamente modelado na forma humana com olhos, nariz e boca feita de búzios. Ou ainda representam Exu em uma estatueta enfeitada com fileiras de búzios tendo em suas mãos pequeninas cabaças onde ele, Exu, carrega diversos pós de elementais da terra utilizados de forma bem precisa, em seus trabalhos.

 

Exu tem a capacidade de ser o mais sutil e astuto de todos os orixás. E quando as pessoas estão em falta com ele, simplesmente provoca mal entendidos e discussões entre elas e prepara-lhes inúmeras armadilhas. Diz um orìkì que: “Exu é capaz de carregar o óleo que comprou no mercado numa simples peneira sem que este óleo se derrame”.

 

E assim é Exu, o orixá que faz:

 

O ERRO VIRAR ACERTO E O ACERTO VIRAR ERRO.

 

  • ·  Exu e sua Multiplicidade

 

Exu possui múltiplos e contraditórios aspectos. Devido a esta multiplicidade, ele desempenha diversas funções, produzindo vários nomes, como por exemplo, Èsù Alákétú.

 

Alákétú é uma denominação real dos soberanos da região africana de Ketu e quer dizer, “Senhor de Ketu”.

 

Como o nome de outros soberanos de outras regiões africanas, temos:

 


*Aláàfin de Òyò 
*Aláàye de Èfòn 
*Óòni de Ifè e assim por diante.

 

Èsù Alákétú possui essa denominação quando Exu, através de uma artimanha, conseguiu ser o Rei da região, tornando-se um dos Reis de Ketu. Sendo que as comunidades dessa nação no Brasil, o reverenciam também com este nome.

 

Todos os assentamentos de Exu possuem elementos ligados às suas atividades. Atividades múltiplas que o fazem estar em todos os lugares: a terra, pó, a poeira vinda dos lugares onde ele atuará. Ali estão depositados como elemento de força diante dos pedidos.

 

Mas, não é só isso que leva os assentamentos de Exu. Alguns assentamentos possuem o vulto de uma figura humana com olhos para ver e para agir. Os assentamentos recebem nomes diversos como este Èsù Alákétú ouÈsù Ebarabo e outros mais.

 

O RITUAL DE ÌPÀDÉ NO CANDOMBLÉ

 

A palavra Ìpàdé significa “encontro, reunião”. Da contração desta palavra surgiu o termo “padé” que ficou para determinar o "ritual do padé".

 

Nessa ocasião, todos os membros da casa devem estar no barracão. No momento do ìpàdé ou padé os Exus, Ancestrais, Orixás e pessoas filhos do egbé formam um conjunto muito importante.

 

O ìpàdé não é uma festa pública, não podendo aí nesse momento haver nenhuma conversa por parte dos participantes. Todos permanecem abaixados, ajoelhados em esteiras sem olhar o que se passa a sua volta. Este ato é por causa de iyamin. Se uma pessoa levantar a cabeça em hora indevida, as iyamins podem cegar esta pessoa naquele momento.

 

No ato do ìpàdé, só a Ìyamoró pode entrar e sair do barracão, pois a ela foi conferido um objeto (cuia) que a proteje como escudo dos perigos das ajé(iyamin).

 

Na verdade, o ìpàdé é uma obrigação feminina. Não quero dizer com isso que homens não participem; apenas ressalto que quem controla o ìpàdé são as Iyá Mí Ajé ou “As Grandes Mães Feiticeiras”.

 

ERE

 

Todo orixá está ligado a um ou vários Exus assim como a um Ere.

 

A palavra Eré vem do yorubá iré que significa "brincadeira, divertimento". Daí a expressão siré que significa “fazer brincadeiras”.

 

O Ere(não confundir com criança que em yorubá é omodé) aparece instantaneamente logo após o transe do orixá, ou seja, o Ere é o intermediário entre o iniciado e o orixá.

 

Durante o ritual de iniciação, o Ere é de suma importância pois, é o Ere que muitas das vezes trará as várias mensagens do orixá do recém-iniciado. O Ere na verdade é a inconsciência do novo omon-orixá, pois o Ere é o responsável por muita coisa e ritos passados durante o período de reclusão.

 

O Ere conhece todas as preocupações do iyawo, também, aí chamado de omon-tú ou “criança-nova”. O comportamento do iniciado em estado de “Ere” é mais influenciado por certos aspectos de sua personalidade, que pelo caráter rígido e convencional atribuído a seu orixá.

 

Após o ritual do orúko, ou seja, “nome de iyawo” segue-se um novo ritual, ou o reaprendizado das coisas.

 

  • ·  Os vários nomes de Ere

 

Cada Ere traz um nome inspirado no arquétipo ou natureza do orixá ao qual está submetido, por exemplo:
* “Foguete” ou “Trovãozinho” para Xangô 
* “Ferreirinho” para Ogun 
* “Pingo de Ouro” para Oxum e assim por diante.

 

Agora, esses nomes não serão os mesmos em cada iyawo. Cada Ere trará um nome que, como expliquei, será inspirado no arquétipo ou natureza do orixá a que está submetido.

 

A IMPORTÂNCIA DAS PINTURAS

 

Três elementos são utilizados nas casas de Candomblé, para diversas finalidades e são essenciais pela ação de proteção que exercem: Osun, Efun e Waji.

 

Osun e Waji são elementos vegetais e Efun é mineral. Todos são transformados em pó para preparar pintura, principalmente, a pintura do ori de iyawos, ou seja, das pessoas que se iniciam no Candomblé.

 

Osun, Efun e Waji servem aí para proteção da cabeça do iyawo, contra os efeitos negativos das ajé da sociedade das iyami. Isso porque, os pássaros enviados pelas ajé costumam pousar com as asas abertas sobre as cabeças das pessoas. Quando isso acontece, todo o mal fica nessas pessoas. Daí o procedimento de se pintar o iyawo.

 

Outra forma de se proteger das yamin é passar a mão constantemente pela cabeça, no intuito de impedir o pouso dos pássaros maus e que são denominados de eleye.

 

Portanto, vale ressaltar a importância da pintura de iyawo com esses elementos Osun, Efun e Waji, pois os mesmos neutralizam a cólera das yamins.

 

O SIGNIFICADO DE PANÁ E KITANDA

 

Durante os ritos de iniciação, a pessoa é devidamente isolada mantendo contato somente com pessoas preparadas para cuidá-la.

 

Toda atenção lhe é dedicada, sendo-lhe destinada uma mãe criadeira também denominada de ojúbòna, para lhe assistir em tempo integral.

 

Um iyawo equivale a uma criança nova, recém-nascida e merecedora de todos os cuidados. Daí o iyawo também ser chamado de omotun, que quer dizer “criança nova”. Embora adulta e talvez bem vivida, a pessoa ao entrar para se iniciar se transforma numa criança, pois é um ser novo que nasce para a religião. Por esse motivo, após o ritual do oruko, ou seja, do nome de iyawo, torna-se necessário um novo ritual: o reaprendizado das coisas, que no Candomblé de Ketu chama-se Paná e nos de Angola, Kitanda.

 

A palavra paná em yorubá significa “fim do castigo”, em referência a quebra da rigidez exigida durante o começo da iniciação (banhos, pintura, raspagem) e kitanda, em kimbundo, significa “feira, mercado”.

 

Essa maior liberdade é proporcionada pela presença de entidades chamadas no Ketu de ere. Estas entidades têm características infantis proporcionando ao iyawo um certo relaxamento e repouso.

 

Estes rituais paná (no Ketu) e kitanda (no Angola) representam em verdade a quebra das kizilas em que o iyawo estava submetido durante o tempo de recolhimento. É o reaprendizado dos gestos e ações do dia a dia. Por isso, são colocados objetos como: tesoura, lápis, linha, agulha, vassoura, copos, pratos e ainda colocam-se frutas para serem vendidas. Enquanto os homens imitam trabalhos no campo, as mulheres representam tarefas caseiras. Mas tudo isso é feito num clima de total alegria.

 

Mas, o iyawo ainda sofrerá alguns èèwò durante algum tempo, tais como: não vai à praia, não toma bebida alcoólica, só se veste de branco e comporta-se de forma submissa diante dos mais velhos, além de não receber a benção com a cabeça coberta. Enfatizo que iyawo não toma benção com a cabeça coberta.

 

Adosu e Iyawo são denominações nas casas de Ketu; Muzenza, nas casas de Angola e Vodunsi, nas de Jeje.

 

  • ·  Kizila ou Èèwò

 

Tudo aquilo que provoca uma reação contrária ao axé, dá-se o nome de kizila ou èèwò, ou seja, são as energias contrárias a energia positiva do orixá. Estas energias negativas podem estar em alimentos, cores, situações, animais e até mesmo na própria natureza.

 

Como algumas kizilas ou èèwò dos orixás, tem-se: 
*Exu - água e mel em excesso 
*Ogun - quiabo 
*Oxossy - mel de abelha 
*Yansã - abóbora 
*Oxalá - dendê

 

SANGO (XANGÔ)

 

Xangô teria sido o 4o (quarto) alafin de Òyó, sendo filho de Òrànmíyàn e Íyamasé Torossi que era filha de Élempé, Rei dos Tapás.

 

Xangô cresceu no país de sua mãe e mais tarde foi para Kosó, onde dominou os habitantes pela força. Depois disto, foi para Oyó onde instalou uma aldeia com o nome de Kosó.

 

Xangô é viril e atrevido, violento e justiceiro. Castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Por esse motivo, a morte pelo raio é considerada infamante. Da mesma forma, uma casa atingida por um raio é uma casa marcada pela cólera de Xangô. Como relatei, Xangô possui temperamento imperioso e viril, tendo desposado 03 (três) divindades: Obá, Oyá e Oxum.

 

Os símbolos de Xangô são o Osé, um machado sagrado de duas lâminas que seus elegun trazem nas mãos quando possuídos por ele.

 

Xangô tem ainda o seré como símbolo que tem a forma de uma cabaça alongada que contém no seu interior pequenos grãos e quando agitados produzem ruídos similar aos da chuva.

 

Xangô usa ainda uma grande bolsa a tira-colo chamada de Labá. Dentro do Labá, Xangô guarda seus Edun Ará que são as pedras de raio que ele lança sobre a terra durante as tempestades e também contra seus inimigos nas batalhas.

 

Este orixá usa também uma coroa de cobre enfeitada com búzios chamada de adé de bayni e que deu origem no país de yorubá a uma das festividades de Xangô.

 

Em um itan diz o porquê de Xangô não usar o obí. Foi quando Olodumare castigou Xangô tomando-lhe o pilão (também, um dos seus símbolos). Xangô, arrependido e desesperado, enforcou-se num pé de obí. Porém, Olodumare o perdoou e consentiu que ele retorna-se ao aiyê como orixá, para fazer justiça aos homens que não se portavam bem. Contudo, Xangô ficou proibido de usar o obí que transformou-se em seu èèwò ou kizila, pois lembra-lhe a passagem pela vida e a morte na terra.

 

IRÓKÒ

 

Irókò é um orixá originário de Íwerè, região que fica ao leste de Oyó na Nigéria.

 

Irókò tem um temperamento estável, de caráter firme e em alguns casos violento. Daí muitas das vezes ser comparado com Xangô.

 

Na Nigéria, Irókò é cultuado numa árvore que tem o mesmo nome. Porém, no Brasil esta árvore foi substituída pela gameleira-branca que apresenta as mesmas características da árvore usada na África. É nesta árvore, a gameleira-branca, que fica acentuado o caráter reto e firme do orixá pois suas raízes fortes, firmes e profundas, dão uma estrutura sólida aos filhos deste orixá.

 

Irókò ainda é tido com árvore guardiã da casa de Candomblé pois, ter esta árvore plantada no terreno da casa de Candomblé representa força e poder.

 

Irókò foi associado ao vodun daomeano Loko dos negros de dinastia Jeje e ainda ao inkice Tempo, dos negros bantos.

 

Irókò, na verdade, é o orixá dos bosques nigerianos, onde lá na Nigéria é muito temido, porque como conta um itan, ninguém se atrevia a entrar num bosque sem antes reverenciá-lo.

 

No Brasil, é nos pés da gameleira-branca que fica seu assentamento e também é ali que são oferecidas suas oferendas.

 

Sua cor é o branco e ainda usa palha da costa em sua vestimenta. Sua comida tem por base o ajabó, o caruru, feijão fradinho, o duburu, o acassá, o ebo e outras.

 

O QUE SIGNIFICA ADÚRÀ?

 

A palavra adúrà é do yorubá e significa “reza, prece ou oração”.

 

Estas adúrà ou orações tem por finalidade invocar os orixás, e também, solicitar ajuda para os problemas do dia a dia.

 

Porém, o que seria oríki?

 

Oríki, na verdade, seria um aglutinado de palavras usadas pelos yorubás na hora de fazerem sacrifícios ou pedidos aos orixás. O oríki, diferente da adúrà, seria a “súplica”.

 

É isto! A adúrà é a reza ou oração própria do orixá que não pode ser mexida. Enquanto o oríki são palavras expressas de forma intimista com o orixá, podendo ser modificado dependendo da ocasião em que for dito.

 

Abaixo, uma Adúrà à Odé:

 

Ode amoji elere 
Otiti ami ilú uo biojo 
Ari sokoto penpe guibon eni onã ikiré 
Boba guibo ma da miran sí 
Ode alaja pa amu ouem obó 
Baba mí fiki fiki ekun ako oru 
Ma jeki owo son mí 
Ode wa fun mí, ni alafiá

 

“Caçador, pessoa forte que sacode a cidade 
Pessoa que veste bermuda nas estradas molhadas da cidade de Ikiré 
Se forem rasgadas ele tem outras 
Caçador que tem cachorros, que matam qualquer animal 
Meu Pai, o forte leopardo que não tem medo da madrugada 
Não me deixa faltar dinheiro 
Caçador, dê-me a paz”

 

PARA SE TER SORTE

 

Quem não quer ter sorte, fartura, prosperidade dentro de sua casa? Eu acredito que todos. Por isso, divulgo para vocês uma oferenda para trazer sorte, fartura e prosperidade.

 

Em um Sábado de lua cheia, vocês devem adquirir:
*01 alguidar pequeno 
*01 estrela do mar daquelas pequeninas 
*01 ímã em forma de ferradura 
*05 moedas correntes do mesmo valor 
*05 punhados de girassol 
*05 punhados de açúcar cristal 
*01 pedaço de pano branco virgem

 

Depois de lavar bem o alguidar e colocá-lo em cima do pano branco, vocês devem colocar a estrela do mar no fundo do alguidar. No meio da estrela, colocar o ímã e em cada ponta uma moeda e um punhado de açúcar cristal e de girassol.

 

Como expliquei, isto deve ser feito num Sábado de lua cheia, portanto vocês devem fazer olhando para a lua e pedindo que vocês tenham sorte, fartura e prosperidade. Em seguida, vocês devem embrulhar no pano branco e esquecer este embrulho num canto alto da casa e só repetir de 05 em 05 (cinco) meses, despachando o velho num galho alto de uma árvore bem frondosa e repetir o ritual.

 

OMOLU & OBÀLÚWÀIYÉ - O RITUAL DE ÓLÙGBAJÉ

 

O lugar de origem de Omolu ou Obàlúwàiyé é incerto. Há grandes possibilidades que tenha sido em território Tapá ou Nupê e se esta não for sua origem, seria pelo menos um ponto de divisão dessa crença. Além disso, o seu culto foi mais difundido no antigo Dahomé, região dos negros mahins.

 

Conta-se em Ibadan, que Obàlúwàiyé teria sido antigamente o Rei dos Tapás. Uma lenda de Ifá confirma esta última suposição. Obàlúwàiyé era originário de Empê e havia levado seus guerreiros em expedição aos quatro cantos da terra. Uma ferida feita por suas flechas tornava as pessoas cegas, surdas ou mancas. Obàlúwàiyé chegou assim ao território Mahin, ao norte do Dahomé, batendo e dizimando seus inimigos. Pôs-se a massacrar e a destruir tudo que encontrava à sua frente. Os mahins, porém, tendo consultado um Babalawo aprenderam como acalmar Obàlúwàiyé, com oferendas especiais. Assim tranquilizado pelas atenções recebidas, Obàlúwàiyé mandou-os construir um palácio onde ele passaria a morar, não mais voltando ao país de Empê. Mahin prosperou e tudo se acalmou!

 

A palavra Obàlúwàiyé quer dizer: oba= "rei" e luàiyé= "dono da terra". Já Omolu significa Omo= "filho" e Lu= "senhor"; "Filho do Senhor". Na verdade, trata-se da mesma entidade sendo que Omolu refere-se a forma velha do orixá e Obàlúwàiyé, refere-se a forma jovem.

 

Obàlúwàiyé é o símbolo da terra, médico e senhor das epidemias, Deus da bexiga. Corresponde a pele e assim castiga com as doenças de pele: dermatose, varíola, lepra, etc. Como estas doenças começam com vômitos, tem sob guarda as plantas estomacais e depurativas. As pústulas da doenças são consideradas “vulcões”. Assim, como a panela de barro emborcada nos assentamentos do santo simboliza a marca deixada pela doença.

 

Obàlúwàiyé representa a terra e o sol, aliás, ele é o próprio sol, por isso usa uma coroa de palha ou azê, que tampa seu rosto, porque sem ela as pessoas não poderiam olhar para ele. Ninguém pode olhar o sol diretamente. Sua matéria de origem é a terra e como tal ele é o resultado de um processo anterior. Relaciona-se também com os espíritos contidos na terra.

 

O colar que o simboliza é o làdgbá, cujas contas são feitas da semente existente dentro da fruta do igí-opé ou palmeiras pretas.

 

Lidera o poder dos espíritos dos ancestrais os quais o seguem. Oculta sob o saiote o mistério da morte e do renascimento. Ele é a própria terra que recebe nossos corpos para que vire pó.

 

Obàlúwàiyé mede a riqueza com cântaros, mas o povo esqueceu-se de sua riqueza e só se lembra dele como o orixá da moléstia, atribuindo-lhe a responsabilidade das doenças endêmicas existentes na terra.

 

No mês de agosto, Obàlúwàiyé é muito festejado no rito do Ólùgbajé, onde Olu="senhor" e Baje= "comer junto". Portanto, Ólùgbajé quer dizer “comer junto”.

 

Esta festa consiste em se oferecer várias comidas não só a este orixá, mas a vários orixás que se farão presentes. Ainda no Ólùgbajé, a participação de todos que estão na festa é muito importante pois, a todos serão servidos pequenas porções das comidas de orixá, porque como o próprio rito diz não se pode recusar a comida oferecida em um Ólùgbajé.

 

O guguru – buburu, ainda doburu, ou seja, a pipoca é um dos alimentos principais deste dia.

 

Parabéns para todos vocês que no mês de agosto reverenciam à Obàlúwàiyé e festejam o Ólùgbajé!

 

Atoto!

 

ÒSÁNYÌN (OSSAIM)

 

Òsányìn é o detentor do segredo de todas as ervas existentes.

 

Cada divindade tem as suas ervas e folhas particulares, mas só Òsányìn conhece profundamente o poder ou axé das folhas.

 

O poder de Òsányìn está num pássaro que é o seu mensageiro. Este pássaro voa por toda parte do mundo e pousa em cima da cabeça de Òsányìn para lhe contar todos os acontecimentos. Este pássaro é um simbolismo bastante conhecido das feiticeiras freqüentemente chamadas de elewú-eiyé, ou seja, "proprietárias do pássaro-poder".

 

Òsányìn vive na floresta em companhia de àroni, um anãozinho de uma perna só que fuma um cachimbo feito de casca de caracol enfiado num talo oco cheio de suas folhas favoritas.

 

Os Oloòsányìn ou Babalòsányìn são também chamados de ònìsegun, "curandeiros" em virtude de suas atividades no domínio das plantas medicinais.

 

Um Babalòsányìn quando vai colher as plantas está num total estado de pureza: abstem-se de relações sexuais, na noite anterior, e vai para floresta durante a madrugada sem dirigir a palavra a ninguém. Além disso, arreiauma oferenda a Òsányìn na entrada da floresta no intuito de pedir licença, para colher as ervas para seus trabalhos. Ainda ao entrar na mata mastiga durante algum tempo elementos mágicos como obì ou pimenta da costa.

 

As folhas e as plantas constituem a emanação direta do poder da terra fertilizada pela chuva. São como as escamas e as penas que representam o procriado.

 

O sumo das folhas é também chamado de èjé ewé ou "sangue das folhas" e é um dos axés mais poderosos que traz em si o poder do que nasce e do que advém. No ato de se macerar as folhas, entoa-se cânticos chamados desàsányin.

 

AS ÁGUAS E OS ORIXÁS FEMININOS

 

A água é muito utilizada nas casa de Candomblé. Em muitos ritos ela aparece tendo um significado muito importante, desde o rito do ìpàdé, quando ela é utilizada para acalmar as ajé, até o ritual das águas de Oxalá, quando ela representa a limpeza lustral do egbe.

 

Colocar água sobre a terra significa não só fecundá-la, mas também restituir-lhe seu sangue branco com o qual ela alimenta e propicia tudo que nasce e cresce em decorrência, os pedidos e rituais a serem desenvolvidos. Deitar água é iniciar e propiciar um ciclo. Diría ainda que as águas de Oxalá pelas quais começa o ano litúrgico yorubá tem precisamente este significado.

 

É comum ao se chegar a uma entrada de uma casa de Candomblé vir uma filha da casa com uma quartinha com água e despejar esta água nos lados direito e esquerdo da entrada da casa. Este ato é para acalmar Exu e também para despachar qualquer mal que por ventura possa estar acompanhando esta pessoa. Neste caso, a água entra como um escudo contra o mal.

 

Entre os eboras ou orixás femininos, destacamos aqui Nàna que está associada à terra, à lama e também às águas. Nàna ou Nàna Burúkú ou Nàna Bukú, como é chamada no antigo Dahomé, foi considerada como o ancestre feminino dos povos fons.

 

Outro orixá feminino associado à água é o orixá Òsun. Oxum tem toda a sua história ligada às águas pois, na Nigéria, Òsun é a divindade do rio que recebe o mesmo nome do orixá.

 

Oyá ou Yánsàn, divindade dos ventos e tempestades, também está ligada às águas, pois na Nigéria Oyá é dona do rio Niger, também chamado pelos yorubás de Odò Oyá ou "Rio de Oya".

 

Não diferente dos demais orixás femininos, Yemanjá também está muito ligada às águas. É o orixá que em terra yorubá é patrona de dois rios: o rio Yemonja e o rio Ogun – não confundir com o orixá Ogun, Deus do ferro. Daí Yemonja estar associada à expressão Odò Iyá, ou seja, "Mãe dos Rios".

 

Resumindo, a água é um elemento natural aos orixás femininos. Não só dentro do culto de Candomblé, mas como em toda a vida, ela é de suma importância pois, como é dito, a água é o princípio da vida.

 

ÒSUN (OXUM) - ORIGEM DO NOME DE OSOGBO

 

Òsun é o orixá considerado mãe da água doce e senhora do ouro.

 

O arquétipo das filhas de Òsun é o das mulheres graciosas e elegantes gostando do conforto, bom gosto e tendo um toque aristocrático em tudo que fazem.

 

Òsun também chamada de Iyalóòide em Osogbò, na Nigéria, onde iyá= "mãe" e lóòde="rainha de todos os rios".

 

Òsun tem fundamentalmente seus axés nas pedras do Rio Osun, nas jóias de cobre e num pente de tartaruga. O amor de Òsun pelo cobre, o metal mais precioso do país yorubá nos tempos antigos é mencionado nas saudações que assim lhe são dirigidas:

 

“Mulher elegante que tem jóias de cobre maciço. 
É uma cliente dos mercadores de cobre. 
Òsun limpa suas jóias de cobre antes de limpar seus filhos.”

 

No Brasil, Òsun foi ligada ao ouro, isso devido a esse metal ser de grande importância para a confecção de jóias, uma das paixões de Òsun.

 

A cidade de Osogbò recebeu este nome depois que Laro, após muitas atribuições, veio instalar-se às margens do rio Òsun. Laro achou aquele local ideal para estabelecer uma cidade e ali fixar seu povo. Dias depois, uma das suas filhas foi banhar-se no rio e desapareceu sob as águas. No dia seguinte, ela retornou muito bem vestida e enfeitada com muitas jóias, dizendo ter sido muito bem tratada pela divindade do rio. Agradecendo então o regresso de sua filha, Laro dedicou à Òsun muitas oferendas e numerosos peixes. Mensageiros da divindade vieram comer em sinal de aceitação às oferendas que Laro havia depositado nas águas. Um grande peixe cuspiu-lhe água e ele a recolheu numa cabaça e bebeu: estava selada a aliança entre Òsun & Laro. Este peixe saltou sobre as mãos de Laro e a partir desse momento recebeu o título de Ataoejá ou Atáoja, que quer dizer “aquele que recebe o peixe (ejá)”e declarou Òsun Gbó ou “Òsun está em estado de maturidade”.

 

Essa foi a origem do nome da cidade de Òsogbo, onde até os dias de hoje encontram-se os descendentes de Laro que honram o pacto feito no passado.

 

YÁNSÀN (YANSÃ)

 

Oyá ou Yansã está muito ligada ao culto de egúngún, pois é ela que encaminha os espíritos dos mortos para o òrun, através do ritual do àsèsè.

 

Segundo a tradição yorubá, Yansã é o único orixá que pode virar no àsèsè.

 

Oya-Ibále ou Balé é o título que Yansã recebe dentro da sociedade de egúngún. A palavra Ygbalé que em yorubá quer dizer “governanta” atribui-se ao fato de que Yansã governou uma província na cidade de Abeokuta. Nesta província morava um molusí que é um sacerdote de um culto a Omolu e foi com este sacerdote que Yansã aprendeu todos os mistérios de Omolu. A partir daí, Yansã ou Oyá-Ibále passou a usar o branco em respeito aos mistérios e conhecimentos adquiridos no culto a Omolu, ou o "Filho do Senhor".

 

Outra divindade que está muito ligada ao culto de Oyá ou Yansã é a divindade Ebora Yoruba denominada de Onirá. Onirá, como o próprio nome sugere, foi uma sacerdotisa do culto à Oxum nas regiões Ilexá e Ijebu, na Nigéria.

 

Onirá fazia parte das mulheres guerreiras que guardavam os domínios de Oxum. Conta-se que foi Onirá que ajudou Laro a fazer o grande pacto na região de Oxobo. Onirá, em verdade, seria uma das filhas de Laro e é ela que no dia da festa anual à Oxum, em Oxobo, que carrega a cabaça contendo os objetos sagrados de Oxum, ou seja, Onirá é a Arugba Oxum ou "aquela que leva a cabaça de Oxum". Isto porque, como desvenda o mito, Onirá teria desaparecido dentro do rio e mediante a graça de Oxum, reapareceu divinamente vestida. Este é o motivo da associação de Onirá com Oxum.

 

O RELACIONAMENTO DE YANSÃ COM O NÚMERO 09

 

O òrun é composto por nove espaços, sendo que o quinto ou espaço do meio é denominado de àiyé, que é a terra onde vivemos.

 

Na verdade, o òrun é uma massa infinita sem local determinado, sem começo e sem fim que segundo a tradição yorubá é sustentado pelo ala-kokô, uma árvore sagrada, cujo tronco é o próprio eixo que sustenta o òrun atravessando assim os nove espaços. Daí Yansã ser chamada de Iyá Mèsàn Òrun que significa “Mãe dos Nove Espaços do Òrun”. Yansã também é chamada de Ya Unlá Kokô ou “A grande Senhora Ala-Kokô”, porque cada espaço do òrun pertence na verdade a um filho de Yansã; sendo que o último, ou o nono, pertence à Egun. É por isso a grande associação de Yansã com o número 9 (nove) e com os mortos.

 

Ainda vendo esta associação de Yansã com o número 9 (nove), vemos que na Nigéria, em Banigbe, o nome recebido pelo orixá como Abesan, deu origem à expressão Aborimesan, que significa “com nove cabeças” fazendo aí alusão aos nove braços do delta do Rio Niger, origem verdadeira de Yansã ou Oyá, como é chamada na terra yorubá.

 

Agora, por que o Orixá é chamado de Oyá?

 

Conta um itan que uma cidade chamada Ipô estava ameaçada de destruição pelos Tapás. Para que isso não acontecesse foi feita uma oferenda das roupas do rei dos Ipôs. Estas roupas ofertadas eram tão bonitas que as galinhas do lugar puseram-se a cacarejar de surpresa. Daí acreditar-se que as galinhas cacarejam até hoje, sempre que surpresas. Este traje do Rei dos Ipôs foi rasgado (Ya) em dois, para apoiar as cabeças das oferendas. Daí surgiu uma água que se espalhou (Ya) e inundou em volta da cidade, afogando os Tapás que queriam destruir Ipô. Foi a partir daí que os habitantes de Ipô batizaram o Rio de Odò-Oyá e é em alusão a este itan que o orixá passou a chamar-se Oyá.

 

ABIYAN

 

Dentro dos cultos afros-brasileiros existe uma categoria de pessoas que são classificadas de Abiyans.

 

A palavra Abiyan quer dizer: Abi= "aquele que" e An= seria uma contração de "Onã", que quer dizer “caminho”. As duas palavras aglutinadas formaram o termo Abiyan, que quer dizer “aquele que começa”, “um novo caminho”. E é isto, o Abiyan é uma pessoa que está começando um novo caminho, uma nova vida espiritual.

 

O Abiyan também pode ter fios de contas lavados, obrigação de bori e, até em alguns casos, ter orixá assentado.

 

O Abiyan é um pré-iniciado e não um simples frequentador, como muitas das vezes é classificado.

 

Um Abiyan pode desempenhar várias atividades dentro de um terreiro, como por exemplo, varrer, ajudar na limpeza, ajudar nos cafés da manhã e almoços comunitários realizados em dias de festas de orixá, lavar louças, ajudar na decoração do barracão, enfim, o Abiyan pode desempenhar várias tarefas sem maior envolvimento religioso.

 

O período de Abiyan é de muita importância pois, é nesse período que o recém-chegado no Candomblé passa a observar o comportamento e a conviver com os já iniciados.

 

Existem pessoas que passaram por um longo período sendo Abiyan, antes de se iniciarem no Candomblé. Portanto, vale ressaltar a importância deste período, ou seja, Abiyan e dizer que o frequentador em yorubá, chama-se Lemó-mú.

 

ABIKU & ABIAXÉ

 

A palavra Abiku quer dizer “aquele que vive e morre e vive novamente” ou ainda “nascido para morrer”.

 

Os Abikús são crianças que trazem a marca da “morte” ainda no ventre materno. Os yorubás acreditam que os Abikús já trazem consigo o dia e a hora em que vão retornar para o “outro lado da vida”.

 

De um modo geral, esse tempo é determinado entre o nascimento e os 7(sete) anos de vida. Na Nigéria assim que nasce um Abikú são tomadas providências imediatas para que essas crianças permaneçam vivas aqui no aiyé, ou seja, na terra.

 

Segue algumas das providências que são tomadas: assim que nasce a criança Abikú é levada e banhada num rio para que sejam afastados os espíritos que possam acompanhar essa criança. Depois são feitas várias pinturas em determinadas partes do corpo da criança Abikú e são postos em suas pernas, braços e pulsos diversos amuletos que também servem para neutralizar os antepassados Abikús dessa criança.

 

Na verdade, só se nasce Abikú se tiver antepassado Abikú.

 

Agora, o que seria um Àbíasé?

 

O Àbíasé é a pessoa que recebeu todo o axé de feitura ainda na barriga da mãe, ou seja, quando a mãe estava recolhida, ela estava grávida. Daí esta criança ao nascer ser denominada de Àbíasé, não precisando portanto ser iniciada pois, como dizem dentro do culto, “já nasceu feita”.

 

SENTIDO DAS PALAVRAS

 

As palavras yorubás, ewes e as do dialeto kimbundo são as mais usadas nas casas de Candomblé. Muitas dessas palavras sofreram modificações nos seus sentidos reais, ou seja, muitas delas são empregadas de forma diferente do seu real sentido. É isso que vamos entender agora:

 

  • ·  A palavra “perdão” em yorubá é afó-riji.
  • ·  Monà em yorubá significa “certamente; sim”. Não confundir com a palavra mona da língua kimbundo. “Mulher” em yorubá é obin-rin e em ewe, ionú.
  • ·  A palavra “licença”em yorubá é aiyè-lujará. No Brasil, a palavra “licença” foi identificada com a palavra àgò, que na verdade em yorubá é yàgò, ou seja, àgò é uma contração da palavra yorubá yàgò que na verdade significa “abram caminho”. 

     

 

ÁGUAS DE OSALA(OXALÁ

 

O ciclo anual das cerimônias, que envolvem os rituais de origem africanista, encontra nas Águas de Osala fator máximo de importância por dois motivos: inicia as atividades religiosas e prepara essas atividades através da purificação.

 

É preciso observar inicialmente que o ano religioso africano não se identifica com o nosso ano legal. Não vai de 1o de janeiro a 31 de dezembro. Ele é baseado tomando como ponto de referência as estações climáticas: primavera, verão, outono e inverno, que determinam as datas das cerimônias. Por obra do sincretismo religioso, as datas festivas dos santos católicos passaram a servir como referência. Isto em alguns Candomblés, porque nos mais tradicionais, por exemplo, no Engenho Velho, é realizada na última sexta-feira de agosto e no Asé Opó Afonjá, na última sexta-feira de setembro. Entendemos assim que as Águas de Oxalá é feita em época próxima aentrada da primavera (22 de setembro).

 

A finalidade principal deste rito é preparar a casa para as demais atividades do ano religioso e também purificar todo o egbé.

 

Este ritual divide-se em 03 (três) partes distintas: Águas de Oxalá, Procissão de Osalufan e o Pilão de Osaguian, todas explicadas no seguinte mito:

 

Osalufan devia ir na terra de Kùsó visitar seu filho Xangô. Antes, porém, consultou primeiramente Ifá para saber se tudo correria bem durante a viagem. Odù saiu Ejionilé. Mesmo assim, Osalufan insistiu em ir. Devido a isto foi aconselhado a não negar nada a ninguém o que fosse pedido e mais ainda que levasse consigo sabão da costa, obí e três roupas brancas.

 

Seguindo caminho, encontrou por 03 (três) vezes Exu: Exu Elepo, Exu Idu e Exu Adi que lhe pediu sucessivamente para ajudá-lo a carregar na cabeça uma barriga de azeite de dendê, uma carga de carvão e outra de óleo de amêndoas ou xoxo. As três vezes Exu derramou o conteúdo sobre Osalufan. Mas este sem se queixar, lavou-se e trocou as três mudas de roupas e continuou a viagem. Osalufan havia dado de presente a Xangô um cavalo branco, o qual havia desaparecido do reinado fazia bastante tempo. Os escravos de Xangô andavam por toda parte para encontrá-lo e eis que Osalufan passando por um mineral, apanhou algumas espigas de milho e ao mesmo tempo deparou-se com o cavalo perdido de Xangô. O cavalo também reconheceu Osalufan e lhe acompanhou. Nesse instante, chegaram os escravos de Xangô, gritando: Olé Esim Oba, que quer dizer "ladrão do cavalo do rei". Não reconhecendo Osalufan, deram-lhe vários golpes e em seguida jogaram-no na prisão. Osalufan permaneceu 07 (sete) anos preso. Enquanto isso no Reino de Xangô tudo corria mal. Xangô preocupado consultou um Babalawo. Este revelou o motivo daquilo tudo. Disse o Babalawo a Xangô: “Algum inocente paga injustamente em tuas prisões". Xangô, então, ordenou que os prisioneiros comparecessem diante dele e reconheceu seu pai. Enviou então os escravos vestidos de branco até uma fonte vizinha para lavar Osalufan, sem falar uma palavra, em sinal de tristeza. Depois, Xangô, em sinal de humildade, carregou Osalufan nas costas de volta até o Palácio de Osaguian. Osaguian, muito alegre com o regresso de Osalufan, ofereceu um grande banquete.

 

Esse mito mostra todo o caminho seguido no ritual Águas de Oxalá.

 

PARTE IV: NAÇÃO ANGOLA

 

TEMPO

 

Tempo ou kitembo é um inkice da nação de Angola que assemelha-se ao Iroko da nação Ketu e ao vodun Loko da nação Jeje.

 

Tempo é o inkice senhor das estações do ano, regente das mutações climáticas. Ainda, é considerado o Pai da Mionga, que é o banho usado pelos seguidores e iniciados da Nação de Angola, tendo sua maior vibração justamente ao ar livre, ou seja, no tempo. É exatamente ali, no tempo, que este banho feito de ervas, água do mar, de cachoeira, de rio, chuva e outros elementais vai consagrar através de tempo este iniciado.

 

Tempo está associado à escala do crescimento, por isso sua ferramenta é uma escada com uma lança voltada para cima, em referência ao próprio tempo.

 

Como expliquei, este inkice rege as estações do ano e está ligado ao frio, ao calor, a seca, as tempestades, ao ambiente pesado e ao ambiente agradável.

 

Conta uma lenda da Nação de Angola, que Tempo era um homem muito agitado que fazia e resolvia muitas coisas ao mesmo tempo. Entretanto, este homem vivia reclamando e cobrando de Zambi que o dia era muito pequeno para fazer e resolver tudo que quisesse. Um dia, Zambi lhe disse: “Eu errei em sua criação, pois você é muito apressado.” Ele então respondeu a Zambi: “Não tenho culpa se o dia é pequeno e as horas miúdas, não dando tempo para realizar tudo que planejo”. A partir desse momento, Zambi então determinou que esse homem passa-se a controlar o tempo. Tendo domínio sobre os elementais e movimentos da natureza. Assim nasceu o inkice Tempo

 

OS CARGOS NA NAÇÃO DE ANGOLA

 

A partir da Mameto de inkice Maria Nenen e de outros Tatetos como Bernardinho e Ciri Aco, o culto banto ou Candomblé da Nação de Angola, como é chamado o culto no Brasil, teve maior destaque na comunidade afro-brasileira.

 

Estes negros ou bantos, como eram chamados devido a língua que falavam, seguiam a tradição religiosa de lugares como: Casanje, Munjolo, Cabinda, Luanda entre outros.

 

Mas, o culto banto tem sua liturgia particular e muito diferenciada das culturas yorubá e fon.

 

Abaixo, encontram-se desmembrados os cargos e funções em um Candomblé Banto:

 

Tata Ria Inkice

Zelador / Pai

Mameto Ria Inkice

Zeladora / Mãe

Tata Ndenge

Pai pequeno

Kixika Ingoma

Tocador

Tata Kambono

Ogan

Tatta Kivonda

Aquele que sacrifica os animais

Kinsaba

O que colhe folhas

Kikala Mukaxe

Filho de santo

Tata Utala

Herdeiro da casa

Dikota

Ekedi

Kijingu

Cargo

Tata Unganga

O que joga búzios

Zakae Npanzo

Troncos de árvores colocados nas portas dos santos

Munzenza

Iniciado

Ndunbe

Abian

Vumbi

Egun

Dizungu Kilumbe

Saída de santo

Dimba Inkice

Obrigações oferecidas aos Santos

Kumbi Ngoma

Dias de toque

Kufumala

Defumação

Dizungu Nlungu

Ordem do barco***

Sukuranise

Troca das águas nas quartinhas

Kota

Filhos com mais de 07 anos de feitura

 

***Ordem do barco: 
1o Kamoxi Rianga 
2o Kaiai Kairi 
3o Katatu Kairi 
4o Kakuãna Kauanã

 

CAPOEIRA

 

A capoeira era prática dos negros bantos, mais precisamente, os negros vindos de Angola. Na Angola esta luta tinha uma forma, às vezes, mortal.

 

Para os escravos que fugiam das senzalas, a capoeira foi durante muito tempo condição de sobrevivência, arma de defesa e ataque.

 

O termo capoeira surgiu na época, porque era comum dizer-se que “o negro foi para capoeira” ou “caiu na capoeira” ou ainda, “meteu-se na capoeira”. A capoeira que se fala aqui era na verdade o mato bravio, sem nenhuma condição de sobrevivência. Mas, era exatamente na capoeira ou no mato que os negros capoeiras, como eram chamados, faziam das suas.

 

Na época imperial, no Rio de Janeiro, os capoeiras deram muitos problemas para os vice-reis e eram uma ameaça para os cidadãos, acabando com festas, pondo a polícia para correr e enfrentando valentões.

 

Na Bahia, em meados do século passado, o governo da Província para se ver livre dos capoeiristas obrigou-lhes à força a ir para a Guerra do Paraguai. Estes negros capoeiras destacaram-se nos campos de batalhas pelos inúmeros atos de bravura, sendo uma das forças principais desta guerra.

 

Os mais famosos mestres foram: Querido de Deus, Marê, Bimba, Pastinha, Joel e sem esquecer, é claro, do insuperável Besouro de Santo Amaro, mais conhecido como: Mestre Mangangá.

 

Hoje, a capoeira transformou-se numa luta esportiva regulamentada com uma Federação que comporta inúmeras academias de capoeira.

 

Os golpes mais comuns desta luta são: o aú, a bananeira, a chapa-de-pé, a chibata, a meia-lua, o rabo-de-arraia, a rasteira, a tesoura e muitos outros

 

CANDOMBLÉ DE CABOCLO

 

No século passado, quando surgiram os primeiros Candomblés de Caboclos, as reuniões eram realizadas aos domingos durante o dia.

 

Caboclo não tinha feitura, como não tem. Não pinta, não raspa, o que se costuma fazer é preparar, cortar um pouco do cabelo do alto da cabeça. Não há dijina.

 

Usa-se uma pintura chamada acatun apenas para definir sua origem.

 

Nos antigos Candomblés de Caboclo, não se usava atabaques; mas, sim cabaças grandes chamadas takis e outras chamadas . Com o decorrer do tempo, passou-se a se utilizar o atabaque (que em Angola denomina-seungoma).

 

Não se usava o agôgo; usava-se o caxixi. Também não se usava o adjá para puxar o caboclo. O caboclo vinha sempre em sua toada ou cantiga.

 

Eis algumas expressões usadas nas reuniões de caboclo:
* água doce = acambicú 
* água salgada = kimbusú 
* mel de abelha = kiamunibá 
* sal = adukó 
* farinha = camunfió 
* pedir a benção = adisuá 
* Deus lhe abençoe = adisó

 

Nos Candomblés de Caboclo, eles não usam aqueles ojás, que são de uso exclusivo dos orixás. Mas, usam uma tira de pano chamada de atakan ou uji atakan fu ker, que faz segurar o caboclo e é amarrado a altura do busto.

 

PARTE V: UMBANDA

 

UMBANDA

 

A Umbanda é uma das mais lindas expressões religiosas existentes. Religião que tem por base a prática da caridade e tem em uma de suas funções a elevação espiritual do médiun e das entidades que governam o próprio médiun.

 

A Umbanda é uma grande expressão religiosa nacional com maiores laços com o Rio de Janeiro. Irradiou-se para os Estados de Minas Gerais, São Paulo e demais estados do Brasil e até nos E.U.A existem casas de Umbanda.

 

É um culto popular aceito em todas as camadas sociais e de fácil acesso.

 

A Umbanda, embora tenha origens em diversas raças e nações, torna-se simples à medida que o médiun adentra em seus conhecimentos.

 

Dentre muitas entidades que baixam nos inúmeros terreiros de Umbanda existentes, cito como exemplo: Caboclos e Pretos-Velhos, que são considerados como tendo muita luz espiritual, força e sabedoria. Em verdade, o ritual de Umbanda é uma variação de outros cultos, baseada no espiritismo e como disse, tendo por base a caridade.

 

  • ·  Povo de Rua

 

Povo de rua, compadres e comadres são denominações usadas na Umbanda para classificar entidades que trabalham num plano astral evolutivo. Estas entidades em alguns casos equivaleriam aos Exus das casas de Candomblé, frizo, em alguns casos, pois na verdade estas entidades trabalham e se portam de forma especial em seções particulares para elas.

 

Estas entidades são firmadas em um lugar chamado de tronqueira. É na tronqueira que eles, os compadres e as comadres, tem o seu lugar de destaque.

 

Saravá, Povo de Rua! Saravá, os Compadres e as Comadres de toda linha de Umbanda!

 

  • ·  Conceitos de Umbanda

 

A Umbanda é uma religião natural que segue minuciosos ensinamentos de várias vertentes da humanidade. Ela traz lições de amor e fraternidade sendo cósmica em seus conceitos e transcendental em seus fundamentos.

 

A essência, os conceitos básicos da Lei de Umbanda fundamentam-se no seguinte:

 

  1. Existência de um Deus único
  2. Crença de entidades espirituais em evolução
  3. Crença em orixás e santos chefiando falanges que formam a hierarquia espiritual
  4. Crença em guias mensageiros
  5. Na existência da alma
  6. Na prática da mediunidade sob forma de desenvolvimento espiritual do médiun

 

Essas são as principais características fundamentais das Leis de Umbanda, uma religião que prega a Paz, a Uniãoe a Caridade.

 

  • ·  07(sete) Linhas de Umbanda

 

A Umbanda se divide em 07(sete) linhas que são assim classificadas: 
1a Linha de Oxalá ou Linha de Santo 
- Nesta linha as falanges são de Santo Antônio, São Cosme e Damião, Santa Rita, Santa Catarina, Santo Expedito e São Francisco de Assis. Esta linha é responsável por desmanchar os trabalhos de magia. 

2a Linha de Yemanjá 
- Tem falanges das sereias que tem por chefe Oxum. Ainda nessa linha temos a falange das ondinas chefiada por Nanã; falange das caboclas do mar; Indaiá da falange dos Rios; Yara dos marinheiros e Tarimã das Calugas-Caluguinha da Estrela-guia. 

3a Linha do Oriente 
- Subdividida pelas falanges do Hindus, dos médicos, dos árabes, chineses, oriente, romanos e outra raças européias. 

4a Linha de Oxossy 
- Dividida nas falanges de Urubatão, Arariboia, Caboclo das 7 Encruzilhadas, Águia Branca e muitos outros índios chefes falangeiros que protegem contra magia, dão passes e ensinam o uso das plantas medicinais. 

5a Linha de Xangô 
- Dividida nas seguintes falanges: falange de Yansã, do Caboclo do Sol, Caboclo da Lua, Caboclo da Pedra Branca, Caboclo do Vento e Caboclo Treme-Terra. 

6a Linha de Ogun 
- Dividida nas falanges de Ogun Beira-Mar, Ogun Iara, Ogun Megê, Ogun Naruê, Ogun Rompe-Mato, esta linha protege os filhos contra as brigas, lutas e demandas. 

7a Linha Africana 
- Dividida nas falanges do Povo da Costa, Pai Francisco, Povo do Congo, Povo de Angola, Povo de Luanda, Povo de Cabinda e Povo de Guiné, eles prestam caridades e orientam os fiéis para a prática do bem. 

 

 

  • ·  A Dedicação do Médiun de Umbanda

 

A Umbanda apresenta como mensagem religiosa a prática da caridade pura, o amor fraternal, a paz e a humildade. Ela também se propõe a produzir, pela magia, modificações existenciais que permitam a melhoria de vida do ser humano.

 

Através do ato da caridade e dedicação espiritual é que o médiun de Umbanda vai adquirindo elevação e consciência do valor de seu Dom mediúnico, que na verdade foi lhe dado por Zambi para que se aprimorasse aqui na terra.

 

As incorporações, os passes e descarregos feitos pelo médiun de Umbanda são todo o conjunto de afazeres espirituais que dia a dia fazem parte da vida do médiun. Portanto, o médiun é patrimônio maior desta maravilhosa religião de Umbanda.

 

  • ·  Ponto Riscado na Umbanda

 

O ponto riscado possui grande significado e valor mágico no culto de Umbanda. É através do ponto riscado que os guias contam toda sua história, sua origem e passagem do mundo material e astral.

 

O ponto riscado é um emblema-símbolo. Os símbolos são sinais expressos de forma que dão a entender uma intenção ou trajetória humana. No caso do ponto riscado, os guias usam a pemba para poder riscar os seus pontos ou símbolos espirituais.

 

Uma das grandes provas de incorporação na Umbanda é o ponto riscado, pois acredita-se que se uma entidade não estiver realmente bem incorporada ela não saberá riscar o ponto que a identificará das demais.

 

  • ·  Guias

 

Abaixo encontram-se relacionadas as cores das Guias (no Candomblé é chamado de Fio de Contas) de acordo com os Orixás:

 

Exu

preto e vermelho

Ogun

vermelho

Oxossy

verde

Xangô

marrom

Oxum

azul claro

Yansã ou Oyá

amarelo ouro

Omolu e Obaluayê

preto e branco

Yemanjá

cristal/azul e branco

Nanã

roxo

Oxalá

branco

 

  • ·  A diferença entre “Tenda” e “Terreiro”

 

A partir de 1904, começaram a surgir no Rio de Janeiro várias casas de Umbanda denominadas de "tendas”. O termo tenda era utilizado para designar e distinguir a forma de culto adotado. Tenda era a casa de Umbanda que era estabelecida em um sobrado, ou seja, no alto, pois era comum naquela época realizar sessões nestes lugares. Como exemplo, Tenda do Caboclo-Mirim, Tenda do Caboclo da Lua, Tenda de Ogun Megê e assim sucessivamente.

 

Já o termo terreiro foi adotado para designar aquelas casas que eram estabelecidas no chão. Daí serem classificadas de “Terreiro de Umbanda”. O terreiro foi muito mais difundido do que as tendas devido ao próprio espaço oferecido para culto e foi com esse tipo de associação religiosa que a Umbanda conquistou boa posição no país.

 

  • ·  Gongá

 

A palavra gongá é de origem banto e é utilizada no ritual de Umbanda para denominar o "altar sagrado" existente dentro do terreiro. Este altar ou gongá, como é chamado, é composto de imagens de santos católicos, caboclos, pretos-velhos e outras. Ainda no gongá tem em destaque a imagem da entidade espiritual que comanda o terreiro que de modo geral, em se tratando de Umbanda, poderá ser: um caboclo, um preto-velho ou ainda a imagem do orixá que governa a cabeça do médiun, chefe do terreiro.

 

O gongá, como expliquei, é o altar sagrado. Daí ele ter sempre uma cortina que poderá ser fechada sempre que o terreiro tiver funções que lidem com entidades como Exus e também em giras de correntes e descarregos. Essa atitude de se fechar a cortina do gongá é para se separar e isolar as diferentes faixas vibratórias espirituais que se vai trabalhar e ainda em respeito às entidades que se encontram estabelecidas no gongá.

 

Como se pode observar, o gongá representa para os médiuns umbandistas o lugar de mais alto respeito dentro de um terreiro de Umbanda.

 

  • ·  Curiosidade: Periespírito

 

Em um dos seus pilares teóricos espíritas, Allan Kardec diz que um espírito não é mais que um ser humano, despojado de um corpo físico. Diz ainda que o homem é constituído de três partes: alma, que seria imortal; periespírito, também chamado corpo astral; e um corpo físico.

 

Segundo ele, no momento da morte, a alma retira-se do corpo rodeada do periespírito que a individualiza e a mantém na sua forma humana. A forma do periespírito é a forma humana e quando aparece a nossa frente é geralmente aquela mesma sombra a qual conhecemos o espírito em vida. Portanto, o periespírito ou “fluido universal” seria definido então como semi-material e intermediário entre a matéria e o espírito.

 

  • ·  Pretos-Velhos

 

Existe na Umbanda uma linda falange denominada de “Falange dos Pretos-Velhos” ou “Linha das Almas”.Originários dos escravos no cativeiro, os pretos-velhos tem como característica principal a prática da caridade.

 

Como disse, os pretos-velhos viviam no cativeiro amontoados em senzalas, alimentavam-se de mingau de farinha, inhame, toucinho, banana, enfim comiam tudo que tivesse calorias baratas. Eram submetidos às condições desumanas e implacáveis de trabalho. Só os mais fortes sobreviviam.

 

Um preto-velho quando incorpora no médiun vem de forma envergada, sob o peso dos anos de existência em vida na terra, senta-se com a dificuldade das juntas enrijecidas e os músculos fatigados num pequeno banco de madeira, que lembra o antigo tosco que existia nas senzalas.

 

Os pretos-velhos ainda fumam cachimbo de barro ou de madeira rudimentar, falando com os visitantes e filhos-de-santo, usando um linguajar comum aos escravos que não falavam bem o português.

 

Destaco abaixo alguns nomes de pretos-velhos que baixam prestando inúmeras caridades: 
*Pai Joaquim da Angola 
*Pai Joaquim do Congo 
*Tia Maria 
*Vovó Benedita 
*Vovó Maria Conga 
*Vovó Maria Redonda 
*Vovó Cambinda 
*Vovó Luíza 
*Vovô Rei do Congo 
*Vovó Catarina D’Angola

 

Adorei as Almas! 

 

 

  • ·  Caboclo

 

No culto de Umbanda, Oxossy é o chefe da linha de caboclos. O caboclo é a imagem do indígena nativo de nossa terra e quando incorporado, presta caridade, dá passes, canta, dança e anda de um lado para outro em lembranças aos tempos de aldeia.

 

Conhecedores de muitas ervas, os caboclos têm um papel muito importante: os remédios de ervas e amacis, em que amacis são mistura de ervas que maceradas servem para o fortalecimento do filho-de-santo.

 

Já os remédios de ervas são plantas ou ervas que combinadas ou sozinhas servem para aliviar ou até mesmo curar doenças.

 

Nisso tudo os caboclos têm participação muito especial e são encarados e interpretados pelo povo como uma entidade que veio ajudar e aliviar as pessoas dos seus problemas.

 

Cito aqui alguns nomes de caboclos:

 


*Caboclo 7 Estrelas 
*Caboclo 7 Flexas 
*Caboclo Guará 
*Cabocla Jurema 
*Cabocla Jandirá 
*Caboclo Pena Branca 

 

 

  • ·  Boiadeiro

 

Dentre muitos caboclos que baixam em vários terreiros, o Caboclo Boiadeiro tem sempre uma participação especial nas seções de caboclo.

 

Boiadeiro é muito respeitado e aplaudido por trazer de volta ao nosso convívio toda a sua experiência adquirida em tempos de boiada, do sertão bravio, do homem responsável pela conduta da boiada do seu patrão.

 

De um modo geral, Boiadeiro usa um chapéu de couro com abas largas (para proteger-lhe do sol forte), calças arregaçadas e movimenta-se muito rápido. Um pequeno cântaro para carregar água, tão importante para a viagem. O chicote que usa para açoitar as rez feroz. A corda, usada para laçar o boi brabo, ou para pegar aquele que se afasta da boiada, ou ainda usada para derrubar o boi para abate. Boiadeiro, na verdade, traz toda uma soma de sabedoria acumulada dessas viagens e vivências do campo. Na verdade, estamos descrevendo uma maravilhosa entidade de muita luz e muita força.

 

Abaixo, encontra-se a Oração ao Caboclo: 

Salve meu Pai Oxossy 
Salve toda sua Macaia 
Salve todo o Juremá 
Saravá meu Caboclo Norikuá 
Caboclo Valente 
Que tem me amparado 
Nesta jornada terrena 
Obrigado, Caboclo! 
Por me guiares pelo caminho do Bem. 
Caboclo que pela graça de Oxalá 
Brilha na seara de Umbanda 
Okê-Caboclo! Podedete Acotera Didian 
Saravá Seu Norikuá!

 

Oração à Cabocla Jurema 
Juremá, Linda Cabocla de Pena 
Rainha da Macaiá 
Ouve o meu Clamor. 
Jurema me livra dos perigos e das maldades 
Ô Cabocla, tu que és Rainha da folha 
Nunca me deixe em falta 
Que o teu bodoque seja sempre certeiro 
Contra os que tentarem me destruir. 
Jurema caminha comigo, ô Cabocla 
E me ajuda nesta jornada da Terra. 
Jurema que a sua força, junto com vosso Pai Caboclo Tupinambá 
Me acompanhe hoje e sempre 
Em nome de Zambi, 
Salve a Cabocla Jurema!

 

Parabéns para todos que cultuam essa maravilhosa entidade!

 

Jetuá! Marrombaxeto!

 

  • ·  Culto à Jurema & Sua Importância

 

O nome "Jurema" vem do tupi-guarani, onde Ju significa "espinho" e Remá, "cheiro ruim".

 

A jurema é uma planta da família da leguminosas. Os frutos das plantas leguminosas são vagens. Existem várias espécies de jurema, como por exemplo: Jureminha, Jurema Branca, Jurema Preta, Jurema da Pedra e Jurema Mirim.

 

Esta planta tem muita importância no culto espiritual dos caboclos e nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, tanto que dá nome a um culto chamado de "Culto à Jurema". Esse culto deve-se ao fato de que os nossos índios enterravam seus mortos junto a raiz da jurema. Daí passavam a cultuar esses mortos para que eles evoluíssem espiritualmente e habitassem o tronco da jurema ajudando a todos da tribo em suas necessidades.

 

No Nordeste, este culto recebeu outros nomes como: Toré, Curicurí Praiá e Juremado.

 

Mas, o culto de caboclo não ficou restrito apenas ao índio brasileiro. Os negros de origem banto incorporaram os caboclos aos seus cultos e passaram a chamar este culto de "Candomblé de Caboclo" ou "Samba de Caboclo".

 

Nos Juremados, o mestre utiliza-se de um maracá, espécie de chocalho e de um cachimbo feito às vezes de pinhão-roxo para soprar fumaça para à esquerda ou para a direita.

 

A jurema é utilizada para tomar banho de descarga com suas folhas. Serve como defumador para cura de dor de dente, doenças sexualmente transmissíveis, insônia, nervos, dores de cabeça. Faz ainda: figas, patuás, rosários. Utiliza-se para fazer rezas com suas folhas contra mau-olhado e olho-grande. Serve ainda para fazer um dos maiores fundamentos do Culto à Jurema, que é uma bebida à base de infusão das folhas da jurema, com casca do tronco e da raiz misturado com mel de abelha, garapa de cana-de-açúcar e cachaça. Essa é a bebida preferida dos Encantados que baixam no Toré e no Culto à Jurema.

 

PARTE VI: ASSUNTOS DIVERSOS

 

O CULTO VODU

 

A palavra vodu está associada com a cultura oriunda do Haiti e de outras ilhas. Entretanto, este culto possui uma enorme quantidade de iniciados nos Estados Unidos, desde os tempos da escravidão negra em Nova Orleans.

 

O vodu chegou à América do Norte, vindo do antigo Dahomé para as Antilhas, há mais ou menos duzentos anos. Sua difusão ocorreu de forma rápida, espalhando seus bonecos e alfinetes, seus medos e assombrações. Foi por este motivo que as autoridades norte-americanas proibiram a importação de escravos das Antilhas, alegando que poriam em perigo a vida das pessoas nas cidades norte-americanas.

 

Apesar disso, a seita vodu alastrou-se pelos Estados Unidos mesmo com a proibição feita aos escravos de se reunirem para praticar a sua religião. Ocultos nas matas, os negros do antigo Dahomé faziam seus toques festivos aos loas e as suas representações. Porém, com o passar do tempo, as proibições foram ficando cada vez mais brandas e eles foram organizando o culto. A cidade escolhida foi Nova Orleans onde há a Casa do Vodu Maior, fundada por volta de 1803.

 

Toda a cerimônia vodu possui um rei e uma rainha, uma mãe e um pai, sendo que à rainha cabe o poder maior; mostrando, desta forma, que o vodu é um culto matriarcal. Para fazer o vodu, acendem-se fogueiras e um toque de tambor anima a cerimônia. No momento do êxtase dos participantes, a mãe tira uma cobra de um cesto e faz com que o animal lamba sua face. Esta cobra é Dambalá, a serpente sagrada do Dahomé; ou grande vodu, que dá aos seus filhos o poder de ver além da realidade, de se transformar em um bicho ou uma planta, além de todos os poderes mágicos que um voduno, que é sacerdote do culto possui.

 

Segundo um dos mitos vodu, os primeiros homens nasceram cegos e foi a serpente Dambalá quem deu a visão à raça humana.

 

Para este Deus e outros do mundo mágico dos vodus oferecem-se caldeirões com água fervendo onde são colocadas várias coisas e sempre uma enorme cobra. Com olhos arregalados, observando tudo, os vodunos gritam: “Ele está chegando, o grande Zumbi vem aí. Ele vem fazer os gris-gris (que são os despachos vodu)”.

 

Os iniciados, vestidos apenas com tangas vermelhas, saltam no meio do terreiro, carregando na mão um objeto que colocam aos pés da sacerdotisa e dançam mais alucinados. Rodam em volta da fogueira até caírem exaustos. Nisso os outros fiéis começam a dançar, bebem do caldeirão e tomam canecas cheias de tafiá, que é uma porção com infusão de várias ervas e também aguardente. A partir desse momento, todos entram em transe.

 

Conforme as crenças vodu, o homem ao abandonar a Terra, vai para uma região povoada de loas. Os loas podem ser classificados de diversas formas: pelo nome dos espíritos, pelo elemento da natureza que lhes serve de domínio, pelo culto que lhes é dedicado ou por sua origem africana ou haitiana.

 

De acordo com os seus domínios, há loas do ar, da água, do fogo e da terra. Sendo que enquanto os do ar e da água são mais benéficos, os do fogo estão ligados à bruxaria e os da terra, à morte. Por outro lado, quanto aos cultos, há três cultos principais: rada, congo e petro.

 

Como já foi explicado anteriormente, no culto vodu a pessoa pode ser transformada num animal ou planta. As pessoas devem ser desprendidas dos bens materiais. Estes são dois mandamentos do credo vodu. O vodu é uma religião existencial completa, segundo os etnólogos. Já é tempo de caírem os tabus e superstições em torno deste culto. O vodu é constituído de heranças africanas do Dahomé (hoje, atual República do Benin) e misturadas asinfluências católicas, tendo sofrido transformações em contato com os nativos do Haiti. No vodu, o Deus se encontra no sétimo céu. Olha de lá a sua criação, que é o nosso mundo e os loas é que dão assistência aos seres humanos mediante as trocas e oferendas.

 

Assentamento de Orixá, Igba orixá, assentamentos de todos orixás no candomblé. Assentamentos dos orixás mais cultuados.

 

 

 
Igba orixaibá orixa ou simplesmente ibá é o nome dos assentamentos sagrados dos orixás na cultura nago vodun, onde são colocados apetrechos e fetiches inerente a cada um deles na feitura de santo. Ao lado de cada um dos igbas encontramos talhas, quartinhas e quartiões, que devem conter o líquido mais precioso da vida chamado pelo povo do santo de omin (água).
Cada igba orixa é uma representação material e pessoal, simbolizando a captação de energia oriundo da natureza, ligado aos orixás correspondentes e sempre emanando energias para seus adeptos e crentes.
Assentamentos (igba orixá) mais importantes num terreiro de candomblé
Igba exu 
Igba ogun 
Igba oxosse 
Igba ossaim 
Igba obaluaye 
Igba omolu 
Igba xango 
Igba oxumare 
Igba iywa 
Igba oxun 
Igba yemanja 
Igba oya 
Igba oba 
Igba nanã 
Igba logunede 
Igba oxaguian 
Igba oxalufan 
Igba Ori
 
 

 Igba ogun ou assentamento de ogum como é chamado popularmente pelo povo de santo, são construídos de várias formas, seguindo o mesmo princípio. As vezes são vistos em panela de ferro, alguidá, panela de barro, ou recipientes de metal como cobre,alumínio e bronze, todavia sempre com artefatos do metal ferro,(martelo, foice, espada, torquês, pá, picareta, facão), no mínimo de sete ferramentas e no máximo de vinte e uma. Justificado a mitologia Yoruba como o orixá ferreiro, senhor dos metais, caminhos e da agricultura.

Na preparação de qualquer assentamento de orixá os rituais da sasanha, folha sagrada e água sagrada são imprescindíveis. Determinados assentamentos de ogum são preparados da mesma forma do Igba exu, embora o ato de sacralização seja diferente.

Nota: Todos assentamentos igba orixá , devem ser preparados e sacralizados em rituais próprios por Babalorixas ou Iyalorixas.

Igba oxosse ou assentamento de oxosse como é chamado popularmente pelo povo de santo, são construídos de duas formas, todavia as duas formas são semelhantes no que se refere a um artefato de ferro em forma de arco e flecha denominado de ofá e um otá de cor escura.

Diferença
O ofá é fixado numa haste do mesmo metal, com base arredondada para que o conjunto possa ficar em pé dentro de uma alguidá ou qualquer outro recipiente de barro. A grande diferença é que alguns assentamentos são confeccionados com uma mistura especial de argamassa, contendo vários elementos do reino animal, vegetal e mineral como folha sagrada, oguê, iruexin, rabo de tatu, chifre de veado e o ofá fixado nesta mistura sagrada.

Nota: Todos assentamentos "igba orixá", devem ser preparados e sacralizados em rituais próprios por Babalorixas ou Iyalorixas. Na preparação de qualquer assentamento de orixá os rituais da sasanha, folha sagrada e água sagrada são imprescindíveis.


Igba ossaim, assentamento de osain ou agué, como é chamado popularmente pela cultura Jeje-Nago, são construídos com recipientes de barro como alguidá, quartinha, talha etc.

Confecção
Sobreposto em um alguidá um vasso de barro ou talha de duas ou três alças, são dispostos vários apetrechos, são encontrados vários tipos de búzios, moedas antigas de prata, cobre e níquel, vários tipos de sementes como aridan olho de boi, lelecun, bejerecum, aribé, obi, atarê orobô, miniatura de cachimbo em quantidade de quatorze (14) confirmando sua ligação com os odus iká e uma argamassa com variado tipo de folha sagrada, em especial sete plantas chamadas gervão,akoko, Irokò, Kunkundukunku, Ewê lará, peregun, Iji opé. Nesta mistura perfeita fixa um Oposayin "ferramenta de ossaim" (uma haste central com um pássaro na ponta construído de ferro, do meio dessa haste saem sete pontas, onde são colocados os cachimbos, em baixo o sagrado apetrecho mais importante de todos os orixas, o otá.

Geralmente uma talha ou um pote bem grande contendo no mínimo quatorze (14) tipos de folha sagrada e uma pequena cabaça cheia de fumo de corda, serve de suporte para este precioso igba orixa.

Nota: Todos assentamentos "igba orixá", devem ser preparados e sacralizados em rituais próprios por Babalorixas ou Iyalorixas. Na preparação de qualquer assentamento de orixá os rituais da sasanha, folha sagrada e água sagrada são imprescindíveis.

Igba obaluaye ou assentamento de obaluaye como é chamado popularmente pelo povo de santo, são construídos com dois recipientes de barros de formas arredondadas, na parte inferior um alguidá e na parte superior um cuscuzeiro, simbolizando o planeta terra, em alusão ao seu nome, Oba (rei), Olu (senhor), Aye (mundo ou Planeta terra), "Beniste Orum Aye".

Confecção
Dentro do alguidá são dispostos vários apetrechos, dependendo da qualidade deste misterioso e complexo orixá. São encontrados vários tipos de búzios, pérola de agua doce e salgada, moedas antigas de prata, vários tipos de sementes como aridan e olho de boi, miniatura de xaxará e uma argamassa com variado tipo de folha sagrada, em especial uma planta chamada gervão, onde é fixado uma pena de ekodidé e o sagrado apetrcho mais importate de todos os orixas, o otá.

A parte superior é um cuscuzeiro de barro com sete orificios, onde são depositadas cuidadosamente as sete lanças chamadas de Ichã, ornado com grande quantidade de búzio (religião) e marfim. Não necessáriamente das presas do elefante, sabendo-se que toda a parte compacta e branca que constitui a maior parte dos dentes dos mamíferos são marfins.

Nota: Todos assentamentos "igba orixá", devem ser preparados e sacralizados em rituais próprios por Babalorixas ou Iyalorixas. Na preparação de qualquer assentamento de orixá os rituais da sasanha, folha sagrada e água sagrada são imprescindíveis.

Igba xango ou assentamento de xango como é chamado popularmente pelo povo de santo, são construídos com recipientes de madeira denominado de gamela, podendo ser de formato arredondadas ou ovaladas. São utilizadas três tipos de árvores diferentes em sua construção, conhecida no Brasil como jenipapeiro, jaqueira e umbaúba.

Confecção
Dentro da gamela principal tem dispostos vários apetrechos, podemos encontrar várias moedas de cobre, pulseiras e pequenos machados do mesmo metal, três tipos de sementes são indispensáveis, são elas aribés, orobôs e aridans em quantidade de 6 em acordo com o odu obara ou 12 ejilaxebora. Um apetrecho especial, bem peculiar a este grande orixá é o meteorito, podendo ser aerólito, astrólito, meteorólito, uranólito, pedra-de-raio. Todavia, muitas pedras (itá) consagrada ao orixá xango tem formato de machado, em particular uma pedras do período neolítico, utilizadas como utensílios pelos humanos na pré-história fazem parte do igba orixá, também chamada de Aráodu.

Nota: Todos assentamentos "igba orixá", devem ser preparados e sacralizados em rituais próprios por Babalorixas ou Iyalorixas. Na preparação de qualquer assentamento de orixá os rituais da sasanha, folha sagrada e água sagrada são imprescindíveis.

Igba oxumare, assentamento de oxumare, dan, dangbe, e becem como é chamado popularmente pela cultura Jeje-Nago, são construídos com recipientes de barro como alguidá, cuscuzeiro, quartinha, talha etc.

Confecção
Dentro de um alguidá ou cuscuzeiro "de pé", são dispostos vários apetrechos, dependendo da qualidade deste misterioso e complexo orixá. São encontrados vários tipos de búzios, pérola de agua doce e salgada, moedas antigas de prata, vários tipos de sementes como aridan olho de boi, orobô, miniatura de serpente em quantidade de quatorze (14) confirmando sua ligação com os odus iká e uma argamassa com variado tipo de folha sagrada, em especial duas plantas chamadas gervão e Kunkundukunku, onde é fixado um caduceu e o sagrado apetrecho mais importante de todos os orixas, o otá.

Geralmente uma talha ou um pote bem grande é ornada com grande quantidade de conchas e búzios, contendo o líquido mais precioso do universo denominado de Omim preferencialmente de chuva, serve de suporte para este precioso igba orixa.

Nota: Todos assentamentos "igba orixá", devem ser preparados e sacralizados em rituais próprios por Babalorixas ou Iyalorixas. Na preparação de qualquer assentamento de orixá os rituais da sasanha, folha sagrada e água sagrada são imprescindíveis.

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Igba oxun ou assentamento de oxum como é chamado popularmente pelo povo de santo, são construídos com materiais de porcelana ou louça de cores variada, mas sempre com detalhes na cor amarela e dourada, simbolizando sua ligação e domínio com a gema do ovo. Geralmente no centro da terrina sai uma haste com um abebé ou um peixe dourado na ponta, construído de metal amarelo, chamado de ferramenta de oxum.

Confecção
Dentro de uma terrina de porcelana ou louça são dispostos vários apetrechos, são encontrados uma média de oito (8) ou dezeseis (16) búzios, cinco (5) pequenas bolas de ouro e cobre, obis, moedas de cobre e ouro, confirmando sua ligação com o odu Ôxê, e o sagrado apetrecho mais importante de todos os orixas, o otá, tudo isso conservado com manteiga de karité chamado de ori ou limo da costa, azeite doce em algus tipos de oxum azeite de dendê e mel de abelha.

A terrina é colocada no centro de uma bacia, também de porcelana, sobre dois (2) pratos que servirá de apoio e mais oito devidamente equilibrados simbolizando os pontos cardeais e pontos colaterais, ornados com búzios de praia, colares de ouro, colheres douradas e muitas jóias a depender da posse do iniciado. Tudo colocado cuidadosamente sobre uma talha de barro ou porcelana cheia de água, geralmente com muito perfume, chamada pelo povo de santo de água de cheiro .

Nota: Todos assentamentos "igba orixá", devem ser preparados e sacralizados em rituais próprios por Babalorixas ou Iyalorixas. Na preparação de qualquer assentamento de orixá os rituais da sasanha, folha sagrada e água sagrada são iIgba yemanja ou assentamento de yemanja como é chamado popularmente pelo povo de santo, são construídos com materiais de porcelana, louça ou cristal, geralmente na cor branca, mas podendo ser de cores variadas dependendo da qualidade.

Confecção
Dentro de uma terrina de porcelana, louça ou cristal são dispostos vários apetrechos, são encontrados uma média de nove (9) ou dezeseis (16): búzio, pérola de agua doce e salgada, obis, fava de yemanja aridan moedas de prata, confirmando sua ligação com o odu ossá, e o sagrado apetrecho mais importante de todos os orixas, o otá, tudo isso conservado com azeite doce, manteiga de karité chamado de ori ou limo da costa e mel de abelha.

A terrina é colocada no centro de uma bacia, também de porcelana, sobre dois (2) pratos que servirá de apoio e mais oito devidamente equilibrados simbolizando os pontos cardeais e pontos colaterais, ornados com conchas e vários cristais que termina em pirâmides de seis lados e conservados em água dentro do vaso do mesmo material.

Nota: Todos assentamentos "igba orixá", devem ser preparados e sacralizados em rituais próprios por Babalorixas ou Iyalorixas. Na preparação de qualquer assentamento de orixá os rituais da sasanha, folha sagrada e água sagrada são imprescindíveis.

Igba Oya ou assentamento de iansan como é chamado popularmente pelo povo de santo, são construídos com materiais de porcelana ou louça de cores variada, mas sempre com detalhes na cor vermelha ou marron, simbolizando sua ligação com o fogo. Geralmente no centro da terrina sai uma haste com uma espada na ponta, construído de metal acobriado, chamado de ferramenta de Oya.

 

Confecção
Dentro de uma terrina de porcelana ou louça são dispostos vários apetrechos, são encontrados uma média de nove (9) ou dezesseis (16) búzios, nove (9) ou sete (7) pequenas bolas de ouro e cobre, obis, moedas de cobre e ouro, confirmando sua ligação com o odu ossá e odi, e o sagrado apetrecho mais importante de todos os orixas, o otá, tudo isso conservado com azeite de dendê, mel de abelha e azeite doce.

 

A terrina é colocada no centro de uma bacia, também de porcelana, sobre um (1) prato que servirá de apoio e mais oito devidamente equilibrados simbolizando os pontos cardeais e pontos colaterais, ornados com dois (2) ogues, dois (2) erukeres e nove (9) idés de cobre ou de ouro a depender da posse do iniciado. Tudo colocado cuidadosamente sobre uma talha de barro ou porcelana cheia de água, geralmente de chuva ou de rio.

Peculiaridade no igba de oya igbale


 
Assentos de Oya ygbale no Candomblé.Dentro de uma terrina de porcelana ou louça exclusivamente na cor branca ou branca e prateada são dispostos vários apetrechos, são encontrados uma média de nove (9) a onze (11) búzios, nove (9) ou onze (11) pequenas bolas de ouro branco e prata, obis, moedas de prata e ouro branco, confirmando sua ligação com o odu ossá e owarin, e o sagrado apetrecho mais importante de todos os orixas, o otá, tudo isso conservado com mel de abelha, azeite doce e manteiga de karité chamado de ori ou limo da costa.

A terrina é colocada no centro de uma bacia, também de porcelana, sobre um (2) prato que servirá de apoio e mais oito devidamente equilibrados simbolizando os pontos cardeais e pontos colaterais, ornados com dois (2) ogues, dois (2) erukeres, onze (11) idés de prata ou de ouro branco, nove (9) ichãs e uma grande cabaça, que será utilizada nos rituais fúnebres denominado de axexe. Tudo colocado cuidadosamente sobre uma talha de barro ou porcelana cheia de areia ou terra, simbolizando sua ligação com mensan orum e os ancestrais (eguns).

 

Nota: Todos assentamentos "igba orixá", devem ser preparados e sacralizados em rituais próprios por Babalorixas ou Iyalorixas. Na preparação de qualquer assentamento de orixá os rituais da sasanha, folha sagrada e água sagrada são imprescindíveis.

 

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Igba yemanja ou assentamento de yemanja como é chamado popularmente pelo povo de santo, são construídos com materiais de porcelana, louça ou cristal, geralmente na cor branca, mas podendo ser de cores variadas dependendo da qualidade.

Confecção
Dentro de uma terrina de porcelana, louça ou cristal são dispostos vários apetrechos, são encontrados uma média de nove (9) ou dezeseis (16): búzio, pérola de agua doce e salgada, obis, fava de yemanja aridan moedas de prata, confirmando sua ligação com o odu ossá, e o sagrado apetrecho mais importante de todos os orixas, o otá, tudo isso conservado com azeite doce, manteiga de karité chamado de ori ou limo da costa e mel de abelha.

A terrina é colocada no centro de uma bacia, também de porcelana, sobre dois (2) pratos que servirá de apoio e mais oito devidamente equilibrados simbolizando os pontos cardeais e pontos colaterais, ornados com conchas e vários cristais que termina em pirâmides de seis lados e conservados em água dentro do vaso do mesmo material.

Nota: Todos assentamentos "igba orixá", devem ser preparados e sacralizados em rituais próprios por Babalorixas ou Iyalorixas. Na preparação de qualquer assentamento de orixá os rituais da sasanha, folha sagrada e água sagrada são imprescindíveis.

 

Igba nanã ou assentamento de nanã como é chamado popularmente pelo povo de santo na cultura Nagô-Vodun, são construídos com dois recipientes diferentes, barros e porcelana.

Confecção
Dentro de terrina de porcelana ou de barro, são dispostos vários apetrechos, dependendo da qualidade deste misterioso e complexo orixá. São encontrados vários tipos de búzios, pérola de agua doce e salgada, pulseiras de marfim, (sabendo-se que nenhum objeto de metal pode compor este sagrado Igba orixa, pois é considerado ewo), búzio, vários tipos de sementes como aridan, orobô, obi e olho de boi, miniatura de ibiri e uma argamassa com variado tipo de folha sagrada, em especial uma planta chamada gervão, onde é fixado uma pena de ekodidé, juntamente com um montículo de efun e o sagrado apetrecho mais importante de todos os orixas, o otá.

A terrina é colocada no centro de uma bacia, também de porcelana, sobre cinco (5) pratos que servirá de apoio e mais oito devidamente equilibrados simbolizando os pontos cardeais e pontos colaterais, (confirmando sua ligação com o odu ejilobon, ornados com cascos de Igbin utilizados nos sacrifícios, conchas e objetos de marfim.

A parte superior é coberta com um cuscuzeiro de barro com sete orifícios, onde são depositadas cuidadosamente as sete colheres de pau, simbolizando o ibiri, ornado com grande quantidade de búzio e marfim. Não necessáriamente das presas do elefante, sabendo-se que toda a parte compacta e branca que constitui a maior parte dos dentes dos mamíferos são marfins.

Nota: Todos assentamentos "igba orixá", devem ser preparados e sacralizados em rituais próprios por Babalorixas ou Iyalorixas. Na preparação de qualquer assentamento de orixá os rituais da sasanha, folha sagrada e água sagrada são imprescindíveis.

Igba oxaguian ou assentamento de oxaguiancomo é chamado popularmente pelo povo de santo, são construídos com materiais de porcelana ou louça na cor branca, bem parecido com o Igba oxalufan, diferenciando-se por determinados apetrechos. Geralmente com um agadá "espada", escudo, mão de pilão e pombos, todos contruidos de prata, chumbo ou estanho preso na tampa que cobre uma terrina onde são guardados os objetos mais valiosos deste orixá.

Confecção
Dentro de uma terrina de porcelana ou louça branca são dispostos vários apetrechos, são encontrados uma média de oito (8) ou dezeseis (16): búzios, pequenas bolas de chumbo, obis, moedas de prata, confirmando sua ligação com os odus ejionile, e o sagrado apetrecho mais importante de todos os orixas, o otá, tudo isso conservado com manteiga de karité chamado de ori ou limo da costa, azeite doce e mel de abelha.

A terrina é colocada no centro de uma bacia, também de porcelana, sobre dois (2) pratos que servirá de apoio e mais oito devidamente equilibrados simbolizando os pontos cardeais e pontos colaterais, ornados com cascos de Igbin utilizados nos sacrifícios e objetos de marfim, colocada cuidadosamente sobre um Pilão.

Igba oxalufan, assentamento de oxalufan ou oxalá como é chamado popularmente pelo povo de santo, são construídos com materiais de porcelana ou louça na cor branca, geralmente com um opaxoro preso na tampa que cobre uma terrina onde são guardados os objetos mais valiosos.

Confecção
Dentro de uma terrina de porcelana ou louça branca são dispostos vários apetrechos, são encontrados uma média de dez (10) ou dezeseis (16): búzios, pequenas bolas de chumbo, obis, moedas de prata, confirmando sua ligação com os odus ôfun e êjibé, e o sagrado apetrecho mais importante de todos os orixas, o otá, tudo isso conservado com manteiga de karité chamado de ori ou limo da costa. A terrina é colocada no centro de uma bacia, também de porcelana, sobre dois (2) pratos que servirá de apoio e mais oito devidamente equilibrados simbolizando os pontos cardeais e pontos colaterais, ornados com cascos de Igbin utilizados nos sacrifícios e objetos de marfim.

Nota: Todos assentamentos "igba orixá", devem ser preparados e sacralizados em rituais próprios por Babalorixas ou Iyalorixas. Na preparação de qualquer assentamento de orixá os rituais da sasanha, folha sagrada e água sagrada são imprescindíveis.

 


 

Igba ori, ou ibá ori o é o nome do assentamento sagrado da cabeça de um individuo na cultura nago vodun, identificado no jogo do merindilogun pelos odu ossá.

Cada igba ori é uma representação material e imaterial de um individuo, captando constantemente energias oriundo da natureza para equilibrar a mente do seu adeptos e crentes. É considerado o primeiro orixá da existência (a essência real do ser). Deve ser assentado e louvado antes de qualquer outro Orixá depois de exu no ritual de Bori, pois só ori permite a compreensão e o transe.

O assentamentos de ori são sempre visto em recipientes de: Porcelana (Variedade de cerâmica dura, branca e translúcida), usado principalmente por iniciantes na feitura de santo. Vaso de cristal (Vidro muito límpido e puro), usado por Babalorixás, Iyalorixás e pessoas de cargo.

Dentro dos recipientes são colocados apetrechos e fetiches inerente a cada Ori (Yoruba), geralmente uma pedra de cristal de rocha com limpidez e transparência, e dezesseis búzios, tudo conservado em água de chuva ou mineral. Na preparação de qualquer assentamento de orixá os rituais da sasanha, folha sagrada e água sagrada são imprescindíveis.

Nota: Todos assentamentos (igba orixá), devem ser preparados e sacralizados em rituais próprios por Babalorixas ou Iyalorixas.

 

O BORI é o ritual que harmoniza o ORI, dando assim a possibilidade de 
transformar um " ORI BURUKU" em "ORI RERE".
È através do Jogo de Búzios que o Babaloorisá recebe as instruções para 
realizar este ato (BORI) ritualístico que possibilitará não só a mudança da 
sorte como também a manutenção da mesma, para que não se a perca.
É o BORI que diminui a ansiedade, o medo, a dor e a tristeza trazendo a 
esperança, alegria e a harmonia.
Desta forma, o BORI é uma das oferendas mais importantes que visa o bem 
estar individual no Candomblé.
O Ritual de Bori é muito sério, complexo e profundo. Por isso, o sacerdote 
deve ter grande conhecimento e respeito em relação à questão do Ori e da 
evolução humana. Ori é o Orisá mais importante na vida de um homem, uma vez 
que, sem ele, o homem simplesmente não existiria. Ori significa, 
literalmente, cabeça e é, misticamente, o primeiro Orisá a ser cultuado. É 
ele o portador do destino humano.
O Ritual de Bori independe de qualquer processo iniciático e independe do 
culto aos outros Orisás.(variando assim de casa para casa,mas,sem fuigir da 
finalidade em si) Seu objetivo é o de alimentar o Ori, seja qual for o sexo, 
raça, profissão, idade, nível social da pessoa. Com este ritual busca-se o 
equilíbrio através da ação do Ori, condutor do destino pessoal. Muitas vezes 
se realiza um Ritual de Bori com o objetivo de afastar o mal do caminho da 
pessoa, o que não significa que, retirada esta ameaça nenhum outro mal possa 
ocorrer. Assim sendo, o Ritual de Bori não tem "prazo de validade", não tem 
freqüência determinada (anual, semestral, mensal, etc.), devendo ser 
repetido sempre que se mostre necessário.
O Odu manifestado através do" jogo" é que determina a necessidade de 
realização do Bori e indica quais materiais devem ser usados. Há dois tipos 
de Bori:
Aquele que é considerado pré-requisito para uma iniciação, ou seja, 
primeiramente se alimenta o Ori, divindade pessoal, para a seguir alimentar 
outros Orixás.
2) Aquele realizado a fim de buscar a solução de um problema que aflige a 
pessoa através do alimento oferecido ao seu Ori, sem que haja necessidade de
iniciação.
O local mais apropriado para realização deste Ritual é a casa do sacerdote. 
Este deve Ter bom senso quanto a necessidade de recolhimento. Se o Bori for 
acompanhado de Eje, é recomendável o recolhimento como meio de repouso e 
proteção, pois o Ori que está sendo venerado não deve receber energia do sol 
nem do sereno. O recolhimento evita, ainda, que a "sombra daquele que passou 
pelo Bori seja pisada."
O sacerdote deve saber que durante este Ritual a pessoa somente poderá 
entrar em transe no momento que seu Orisá for louvado. Deve conhecer a 
finalidade e o significado de cada material que usa. Omi e Obi, por exemplo, 
são elementos indispensáveis no BORI. Omi, a água, representa paz, 
abundância e fertilidade enquanto o Obi é usado para aplacar a fúria das 
adversidades, alimentar e agradar as divindades.
O jogo DE Búzios determinará, através de Odu, que material deve ser usado no 
Bori e este material poderá ser desde apenas um copo d’água e um Obi até uma 
oferenda bem grande.
ORI RERE = ORI de sorte = Cabeça de sorte, cabeça iluminada
ORI BURUKU = ORI sem sorte = Cabeça sem sorte, confusa, insegura…
ORI INU = "Cabeça Interna"
É o ORI NU que gerencia a cabeça física do homem.
É o oriSá mais importante do ser humano, pois ele é ÚNICO, cada pessoa tem o 
seu.
É Ele quem conhece e está ligado ao destino de cada indivíduo, conhece e 
sabe das suas restrições, das suas fragilidades , das suas potencialidades.
É no ORI que se encontra a ferramenta para a solução dos nossos problemas… 
Quando estamos em harmonia com ele, superamos os obstáculos mais facilmente 
e assim, certamente conectados à positividade interna e à dinâmica perfeita 
da natureza, encontramos a vitória e o sucesso na consecução dos nossos 
objetivos pessoais….

 

 

 

Nós, mentores responsáveis pela linha do conhecimento do Ritual de Umbanda Sagrada, às vezes (muitas para ser franco) nos sentimos magoados com a falta de explicação acerca dos elementos de magia, pois ela é de competência dos pais e mães de Umbanda. Infelizmente, eles têm dedicado tão pouca atenção a esse assunto, que muitos Guias
de Lei (espíritos atuantes na incorporação) sentem-se constrangidos quando têm de “receitar” certas obrigações aos consulentes das tendas onde atuam.

Sim, existe um descaso total nesse aspecto, e isso tem dado farta munição aos adversários religiosos da Umbanda, e mesmo do Candomblé, pois esse desconhecimento de causa pelos próprios médiuns os tem impedido de sustentarem suas próprias praticas mediúnicas, todas fundamentadas na movimentação de elementos mágicos ou magísticos.

Mágico = movimentação de energias

Magístico = ativação de processos mágicos

Quantos médiuns não desconhecem o próprio significado das velas coloridas que acendem aos seus orixás?

Quantos não desconhecem o porquê da queima de pólvora ou dos banhos de ervas ou de sal grosso?

Quantos fazem obrigações, mas intuitivamente, porque desconhecem seus reais fundamentos?

Quantos não cantam os “pontos”, mas sem convicção ou vibração, só porque desconhecem seus fundamentos ocultos, seus poderes vibratórios e magísticos, e mesmo, seus valores rituais?

Quantos, ao fazerem um “despacho”, não se sentem constrangidos, pois desconhecem o real significado e valor simbólico que eles têm pra quem os recebe?

São tantas perguntas semelhantes a estas que é melhor pararmos por aqui e comentarmos o que já temos, senão nosso livro irá virar uma enciclopédia. Mas seremos objetivos para não nos alongarmos demais nesse capítulo.

Vamos aos elementos rituais:

Normalmente uma oferenda contém vários elementos materiais que à primeira vista parecem não ter fundamento. Mas na verdade, todos têm e são facilmente explicáveis.

Frutas, velas, bebidas, flores, perfumes, fitas, comidas, etc., tudo obedece a uma ordem de procedimentos, todos afins a que se destinam.

Senão, vejamos:

Frutos: são fontes de energias que têm várias aplicações no plano etérico. Cada fruta é uma condensação de energias que forma um composto energético que, se corretamente manipulado pelos espíritos, tornam-se plasmas astrais usados por eles até como reservas energéticas durante suas missões socorristas.

As frutas também servem como fontes de energias sutilizadoras do corpo energético dos espíritos, e como densificadoras dos corpos elementares dos seres encantados regidos pelos orixás e que atuam na dimensão espiritual, onde sofrem desgastes acentuados, pois estão atuando num meio etérico que não é o deles.

Para efeito de comparação, podemos recorrer aos trabalhadores que manipulam certos produtos químicos e precisam ingerir grandes quantidades de leite para desintoxicá-los ou aos que trabalham em fornalhas e precisam ingerir grandes quantidades de líquidos para se reidratarem. Sim, os encantados são seres que, quando fora das suas
dimensões de origem sofrem fortes desgastes energéticos.

E esse mesmo desgaste sofre os espíritos que atuam como curadores, quando doam suas próprias energias aos enfermos, tanto os desencarnados quanto os encarnados.

É certo que para si só, um espírito ou um encantado não precisa de alimento algum, ou mesmo da luz de uma vela. Mas os que atuam nas esferas mais densas sofrem esgotamentos parecidos com os mineiros que trabalham em minas profundas. E os que atuam como curadores doam tanto de suas energias que muitos precisam descansar um pouco após socorros mais demorados junto aos enfermos.

Já escreveram tanto sobre Umbanda, Espiritismo, Candomblé, espiritualismo, etc., e, no entanto ensinam muito pouca ciência espiritual no que escrevem.

Bem, voltando ao nosso comentário, o fato é que as frutas têm muitas utilidades aos espíritos e aos seres encantados que atuam junto dos médiuns umbandistas.

Romã, mamão, manga, uva, abacaxi, laranja, jabuticaba, pitanga, etc., fornecem energias que podem ser armazenadas dentro de “frascos cristalinos” existentes no astral e que, depois de armazenadas, basta aos seus manipuladores lhes acrescentar uma energia mineral que o conteúdo do frasco transforma-se numa fonte irradiante, e
inesgotável, de um poderoso plasma energético ao qual recorrerão para curar espíritos enfermos ou pessoas doentes sempre que precisarem.

Afinal, se fosse só para “comer” os frutos, para que um guia espiritual recomendaria ao seu médium uma trabalhosa oferenda? Seria mais prático ele comer na própria casa do médium ou ir a algum mercado, onde se fartaria de tantas frutas que neles existem, não é mesmo?

Só que ninguém atenta para isto: uma oferenda é um ato religioso realizado no ponto de forças de um orixá, que irá fornecer ao espírito que trabalha com o médium um de seus axés, utilizado de imediato, ou posteriormente, em trabalhos os mais diversos.

Uma oferenda obedece a todo um ritual magístico, que por isso mesmo, ou é feito religiosamente ou não passará de uma panacéia. Orixá algum admite panacéias em seus campos vibratórios e domínios energéticos (axés).

Reflitam sobre o que foi escrito porque a oferenda ritual seja ela como ou qual for, é um procedimento religioso. E tem de ser entendida e respeitada como tal, pois no lado oculto e invisível sempre há uma divindade que nela atuará diretamente, ou através de seus encantados ou de espíritos incorporados às suas hierarquias ativas.

Esse procedimento é correto, recomendável e fundamentado em preceitos religiosos. Só durante uma oferenda ritual os guardiões dos axés, após certificarem-se de que eles terão um uso amparado pela Lei Maior, os liberam para o uso particular dos espíritos atuantes nas tendas. Ou alguém acredita que os axés são liberados para uso profano?

Atentem bem para o que foi escrito aqui. Só um desconhecedor dos procedimentos ritualísticos desconhece o fundamento das oferendas rituais.

Afinal, para que um exu de Lei perderia seu tempo acompanhando todo o ritual de despacho de algumas garrafas de marafo na terra? Não seria mais lógico ir a uma destilaria e embriagar-se com os vapores etílicos, lá emanados em abundância?

Existe toda uma ciência divina nos processos ritualísticos, e um exu de Lei a conhece muito bem, além de saber manipular as energias que extrairá dos elementos materiais que lhe forem oferendados.

Apenas uma advertência aos incautos de boa fé: já vimos frango assado em oferendas. Ou quem oferendou nada entende de oferendas rituais ou está sendo enganado por algum quiumba muito astuto, pois frango assado não tem valor ritualístico, e muito menos magístico ou energético.

Até onde sabemos, só eguns (espíritos soltos no tempo) alimentam-se das emanações etéricas dos alimentos cozidos ou de uso na mesa das pessoas. Mas quem tem uma porção de eguns atuando disfarçados de exus de Lei, isso tem! Logo, que seus afins encarnados os alimente, certo?

Bem, o fato é que muitos exus, se exigem o sacrifício de uma ave (galo) ou de um animal de quatro patas ( bode), no entanto assim procedem por causa da poderosa emanação energética que colherá durante o ritual, já que atua em níveis vibratórios muito mais densos que o do plano material. Existe todo um conhecimento a respeito, mas ele não está aberto a comentários, pois é ritual fechado.

As suas oferendas têm de obedecer a toda uma ritualística ou é melhor nada fazer. Além do mais, exu que vive pedindo despachos, ou está “pagando” dívidas pessoais ou não tem a força que faz seu médium crer que possua, pois exu assentado obedece aos mesmos procedimentos rituais dos orixás: nos dias de trabalho o médium tanto deve firmar o congá quanto a tronqueira onde o exu está assentado.

Assim tem procedido com todos os exus guardiões dos médiuns dirigentes de tendas, e assim devem proceder com os exus dos médiuns que o auxiliam: devem firmar sua esquerda na tronqueira do terreiro de seu pai ou mãe espiritual enquanto freqüentarem os trabalhos dirigidos por eles e sustentados no astral, tanto pelos orixás da casa quanto pelo exu guardião dela. Só procedendo assim, nenhum trabalho realizados pelos guias dos médiuns-auxiliares, refletirá sobre suas vidas pessoais.

Mas… quantos pais e mães de Umbanda tÊm uma tronqueira assentada corretamente, e com espaço suficiente para acomodar o assentamento de seus filhos e filhas de Fé? E a quantos deles isso foi ensinado por seus pais espirituais?

Dentro dos rituais, muitas coisas têm sido relevadas pelos orixás.

Eles não imputam aos seus filhos o ônus de um procedimento errado, pois sabem que nada nesse sentido lhes foi ensinado no plano material.

Mas, se os dirigentes espirituais souberem e se dispuserem a ter uma tronqueira nesses moldes, sentirão de imediato como se fortaleceu a esquerda “geral” da tenda que dirige.

Sim, pois a partir do assentamento da esquerda de seus filhos espirituais, os exus guardiões deles, (não os exus de Lei- trabalho) passarão a dar cobertura direta aos seus médiuns, e com isso diminuirá em muito os problemas pessoais dos médiuns, e o amparo que têm d receber do exu guardião da tenda que freqüentam.

Isso é ciência, filhos de Fé!

Todo ritual ou procedimento ritualístico possui fundamentos pouco estudados pelos dirigentes espirituais, que vivem assoberbados com tantos pedidos de socorro e ajuda que recebem tanto de seus médiuns-auxiliares quanto dos freqüentadores das tendas que dirigem.

Saibam que vela é elemento magístico por excelência. Uma vela acendida pelos médiuns, ao redor do assentamento do exu guardião da tenda, mas aos seus próprios exus, de imediato ativam os mistérios cósmicos guardados por eles, e os colocam à disposição dos protetores dos trabalhos que serão realizados.

Saibam que, se todo médium tem um orixá de mesmo grau que o do dirigente espiritual, eles também possuem um exu guardião com o mesmo grau que o do guardião da tronqueira. Mas assim como o orixá do dirigente atua num campo e os de seus médiuns atuam em outros, assim acontece com os exus guardiões deles.

Exu guardião não é o mesmo que exu de Lei, pois este é o exu incorporante que atua no nível terra dando consultas ou guardando os seus médiuns.

Já, os exus guardiões zelam mistérios cósmicos (negativos), e atuam em níveis vibratórios onde as energias ali existentes são poderosíssimas, e são manipuladas só por eles, os exus guardiões dos processos magísticos negativos ou cósmicos.

Muitos médiuns possuem em suas esquerdas exus com os nomes Tranca-Ruas, Marabô, Sete Encruzilhadas, Porteira, etc., mas estes exus são os que chamamos exus de Lei ou exus de trabalho no plano terra, e que são, todos eles, sustentados pelos exus guardiões dos mistérios, que também respondem por esses nomes simbólicos só para não se revelarem ao plano material.

Saibam que os orixás regentes das linhas de Umbanda, ao contrário do que dizem ou ensinam muitos livros de Umbanda, regem tanto a direita quanto a esquerda, pois nelas exu não é um elemento solto ou que atua livremente. Todos obedecem aos orixás.

Os orixás intermediários assentam à direita suas hierarquias positivas e à esquerda as hierarquias negativas, que na Umbanda formam as linhas de caboclos e exus, caboclas e bombo-giras, etc.

Nestes pólos estão assentados orixás ou espíritos ascencionados com grau de intermediadores, e que na Umbanda são chamados de Orixás Intermediadores.

Os que estão assentados à esquerda dos orixás intermediários assumem o grau de exus guardiões e regem hierarquias que assumem os nomes simbólicos com que seus membros se apresentam quando incorporam nos médiuns para realizarem trabalhos magísticos.

Assim, se o médium firma seu exu de trabalho na tronqueira do exu guardião do templo, este passa a contar com o auxílio velado do exu guardião do médium, que não pode ser assentado ali, pois é tronqueira de outro exu guardião com o mesmo grau hierárquico, já que ambos respondem aos orixás intermediários regentes das faixas vibratórias.

Existe todo um conhecimento ainda não aberto ao plano material sobre o mistério “Exu de Umbanda”.

O que temos visto é pouco se comparado ao que é indispensável aos médiuns, pois tudo fica um tanto confuso em suas mentes por causa desse tabu que envolve os exus.

Saibam que exu precisa de seus elementos mágicos ou recursos energéticos. Tendo-os à mão, mas no plano material, melhor desempenha suas funções de protetores cósmicos e de exus de Lei, de ação e reação cármica.

Assim, temos elementos energéticos de uso exclusivo dos espíritos que atuam através da esquerda dos médiuns e não devem temer o uso que darão a eles, pois os exus são regidos pela Lei e a respeitam muito mais do que os seus próprios médiuns.

Não vamos listar os elementos mágicos usados por eles, mas que são fundamentais, não tenham dúvidas!

 

Por que assentar o Exu Guardião?

 

Todos os que conhecem a Umbanda e os demais cultos afro brasileiros sabem que, antes de qualquer trabalho ser iniciado, é preciso ir até a tronqueira ou casa de Exu e firmá-lo, para que ele possa atuar por fora do espaço espiritual do templo (Tenda ou Ilê Axé), protegendo-o das investidas de hordas de espíritos “caídos” que estão atuando contra as pessoas que buscam auxílio espiritual e religioso que possa livrá-las dessas perseguições terríveis.

 

Para que um trabalho transcorra em paz, harmonia e equilíbrio, e para que os guias espirituais possam atuar em benefício das pessoas e trabalhar os seus problemas, é preciso que tronqueira esteja firmada, porque assim, ativada, ela é um portal para o vazio relativo regido pelo senhor Exu guardião ligado ao Orixá de frente do médium dirigente do templo.

 

Um Exu guardião é assentado na tron­queira, e vários outros são “firmados” dentro dela, sendo que estes estão ligados a outros senhores Exus guardiões de reinos e de domínios regidos por outros Orixás.

 

Os outros não podem ser assentados, senão dois vazios relativos se abrem “ao redor” do espaço espiritual “interno” do templo, e a ação de um interfere na do outro.

 

Um só Exu guardião é assentado, e todos os outros são só “firmados” na tronqueira, pois, se dois forem assentados na mesma, a ação de um interferirá na ação do outro vazio relativo aberto no “lado de fora” do templo.

 

Assentar o Exu e a Pombagira guardiã no mesmo cômodo ou “casa de esquerda” é aceitável, porque o campo de ação dele se abre no “lado de fora” e o campo dela abre-se para dentro do “lado de dentro” do templo, criando apolarização com o campo do Exu guardião.

 

• O campo do Exu guardião é o vazio relativo que se abre no lado de fora do espaço espiritual interno do templo.

 

• O campo da Pombagira guardiã é o “abismo” que se abre para “dentro”, a partir do espaço espiritual interno do templo.

 

• Esses dois Orixás são indispensáveis para o equilíbrio de um trabalho espiritual, porque um atua por fora e o outro atua por dentro do templo.

 

• Um se abre para fora, repetindo o mistério das realidades, e o outro se abre para dentro, repetindo o mistério das dimensões.

 

• Exu retira do “espa­ço infinito” tudo e todos que estiverem gerando desequilíbrio ou causando desarmonia.

 

• Pombagira recolhe ao âmago do espaço in­finito tudo e todos que o estiverem desarmoni­zan­do.

 

São duas formas pare­cidas de atuação, mas Exu retira, e Pombagira inte­rioriza.

 

Comparando o espaço infinito com um vulcão, Exu seria o ato de erup­ção, quando ele descarrega a intensa pressão interna. Já a ação de Pombagira, seria a das rachaduras internas , que a pressão abre dentro da crosta, nas quais correm e acumulam-se toneladas de lava vulcânica, que se acomodam e, lenta­mente, se resfriam e se cristalizam, gerando enormes acúmulos de minérios e cristais de rochas.

 

Exu e Pombagira são indispensáveis aos trabalhos espirituais, porque junto com os consulentes vêm todas as suas cargas energéticas e vibratórias negativas; suas cargas espirituais e elementais que sobrecarregam o espaço espiritual interno, que deve ter essas duas “válvulas” de escape funcionando em perfeita sintonia e sincronizadas com todo o trabalho que está sendo realizado pelos guias espirituais.

 

Se essas “válvulas” estiverem fun­cionando bem, o trabalho realizado não sobrecarregará os guias espirituais que trabalharam pelas pessoas. Porém se não funcionarem corretamente, eles terão que recolher todas as sobrecargas e irem descarregando-as lentamente nos pontos de forças da natureza, mas à custa de muitos esforços.

 

Portanto, com isso entendido, espe­ra­mos que os umbandistas entendam o porquê de terem que firmar seu Exu e sua Pombagira antes de abrirem seus trabalhos espirituais.

 

Exu e Pombagira geram muitos fato­res e executam muitas funções na Criação e, em algumas dessas funções, formam linhas de trabalhos espirituais.

 

Eles também formam pares. Em algumas oca­siões são complemen­ta­res; em outras, são opos­tos; em outras, são com­plementares e opostos ao mesmo tempo.

 

Só pelas suas funções aqui já descritas, tornam-se indispensáveis à paz, à harmonia e ao equilíbrio dos trabalhos espirituais realizados pelos médiuns umbandistas, tanto os realizados dentro dos centros quanto os realizados fora dele.

 

Afinal, não são poucos os médiuns que, movidos pela bondade, vão até a residência de pessoas com graves problemas ou demandas para ajudá-las e, por não tomarem a precaução de firmar Exu e Pombagira antes de trabalhar para elas, ao invés de ajudá-las realmente, só pegam cargas que irão desequilibrá-los também.

 

Para se fazer um bom trabalho na residência de alguém, assim que chegar, deve-se ir até o quintal, riscar um ponto de Exu, colocar um copo com pinga, firmar as velas nos seus pólos mágicos e invocar o Orixá Exu e o seu Exu guardião, pedindo-lhes que descarreguem todas as sobrecargas e recolham todas as demandas feitas contra os moradores da casa e até contra ela.

 

O mesmo deve ser feito com Pomba­gira para que, só então, o médium comece a trabalhar espiritualmente, porque, aí sim, todas as cargas e demandas terão por onde ser descarregadas. E mesmo as entidades negativas que tiverem de ser transportadas para que recolham suas projeções negativas virão de forma ordenada e equilibrada, não causando nenhum problema durante o trabalho.

 

Quando se vai com alguém na natureza para descarregá-lo, tanto o médium deve firmar suas forças em sua casa como deve, pelo menos, firmar Exu ou Pombagira no campo vibratório escolhido, para não ter contratempo algum durante o trabalho de descarr ego na natureza.

 

São medidas indispensáveis para que um bom trabalho seja realizado e tudo transcorra em paz.

 

Esperamos ter conseguido transmitir os fundamentos necessários para que o ato de “firmar” a esquerda não seja mal interpretado, e sim visto como indis­pen­sável para que bons trabalhos sempre sejam realizados, tanto em benefício próprio quanto dos nossos semelhantes.

 

 

 

 

 

Texto extraído do livro “Orixá Exu - Fundamentação do Mistério Exu na Umbanda” de Rubens Saraceni - Editora Madras.

 

 

 

 

 

Pai Rubens Saraceni.

 

(texto extraído do livro: “O Código de Umbanda” – obra inspirada pelos mestres de luz Sr. Ogum Beira Mar, Pai Benedito de Aruanda, Li-Mahi-An-Seri yê, Seiman Hamiser yê e Mestre Anaanda e psicografada por Rubens Saraceni)

 

 

 Referências:

Cossard, Giselle Omindarewá, Awô, O mistério dos Orixás. Editora Pallas.
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