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Xamanismo
Xamanismo

O QUE É XAMANISMO?


 

A BUSCA DE UMA DEFINIÇÃO

 

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Atualmente quando a maioria das pessoas ouvem a palavra xamanismo pensam em culturas indígenas americanas, outros reclamam por que não pajelança se estão no Brasil. Sempre considerado como um programa de índio.

O xamanismo não se refere apenas à espiritualidade indígena. É certo que os indígenas foram os grandes responsáveis por manterem acessas as chamas da Medicina da Terra mas as práticas se originaram no homem primitivo, no paleolítico.

A palavra tem origem siberiana e não americana e é usada hoje como uma forma única para descrever as práticas no mundo todo. Ou seja, as práticas são universais, é um legado do Mundo Espiritual para a Humanidade. Não pode haver fronteiras.

A palavra xamanismo foi criada por antropólogos (ver em xamã) para definir um conjunto de crenças ancestrais. Para mim é um caminho de conhecimento. Nós podemos perceber traços do xamanismo em várias religiões.

As raízes do xamanismo são arcaicas e alguns antropólogos chegam a pensar que elas recuam até quase tão longe quanto a própria consciência humana. As origens do xamanismo datam de 40.000 a 50.000 anos, na Idade da Pedra. Antropólogos têm estudado xamanismo nas Américas; do Norte, Central, Sul. Também na África, entre os povos aborígines da Austrália, Esquimós, Indonésia, Malásia, Senegal, Patagonia, Sibéria, Bali, Velha Inglaterra e ao redor da Europa, no Tibet onde o xamanismo Bon segue a linha do Budismo Tibetano, ou seja, em todos os lugares ao redor do mundo. Seus traços estão presentes nas Grandes religiões. 

 

 

Religião da Idade da Pedra

 

 

Piers Viebsky em "O xamã", cita que em 1991 foi encontrado o corpo mumificado de um homem preservado sob as neves dos Alpes Austríacos. Foi apanhado por um temporal ao cruzar um desfiladeiro da montanha há cerca de cinco mil anos. Poderia ser de um pastor (de ovelhas) mas as tatuagens na pele, um disco de pedra numa correia e alguns musgos secos medicinais encontrados em sua posse permite a suposição de que era um xamã numa viagem ritual.

Muito antes de ter sido descoberto esse "homem do gelo", no princípio do sec. XX, foram encontradas pinturas rupestres pré-históricas, no Sul da França, de figuras semi-humanas, semi-animais entre animais comuns, que foram consideradas como representando xamãs e que conduziram a suposição de que o xamanismo foi a religião humana original e primordial.

 

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Numa das gravuras um homem com o falo ereto está deitado ao lado de um bisonte com uma cabeça de pássaro ao seu lado; o próprio homem parece ter a cabeça de pássaro e presume-se que a gravura represente um xamã em transe. Essa interpretação foi popularizada na década de 60 por Lommel num livro profusamente ilustrado, Shamanism:The Beginnings Of The Art.

 

 

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A figura da gruta de Les Trois Frères nos Pirineus franceses que foi chamada de Feiticeiro Dançador, é considerada por alguns estudiosos como representando um xamã. Uma criatura masculina vista de perfil olha de frente para quem a contempla com os seus olhos muito redondos. Todas as partes da sua anatomia parecem pertencer a um determinado animal: orelhas de lobo, chifres de veado, rabo de cavalo e patas de urso. E no entanto o efeito geral é notoriamente humano. Outra interpretação possível é a de que represente um espírito Senhor dos Animais personificando simultaneamente a essência de todas as espécies.

 

O primeiro tratado vem da Sibéria (altaicos, iacutes, buriatas, tungues, vogul, samoiedos, etc.). Uma fonte acredita que os homens/xamãs teriam emigrado durante as grandes glaciações seguindo rebanhos de renas. Eles passaram pelo estreito de Bering ou por uma ponte terrestre que ligava os dois continentes e se espalharam pelo mundo.

Encontram-se fenômenos xamânicos similares entre os esquimós, índios das Américas; do Norte, Central e Sul; Oceania, Austrália, no sudeste asiático, na Índia, no Tibet e na China. Trata-se de um conjunto de práticas evidentemente adaptadas a cada cultura, a cada crença, mas que em toda parte apresenta o mesmo conteúdo mágico, religioso e simbólico. Faz pensar que todos vieram de uma mesma fonte de conhecimento.

Sintetizando, o xamanismo é a "Jornada da Consciência", um legado da humanidade além das fronteiras dos países, credos, raças, filosofias. Xamanismo Universal não significa uma classificação nova no xamanismo, o xamanismo é universal. A premissa básica é o reconhecimento que todos fazemos parte da Família Universal e tudo está interligado. O praticante compreende o Espírito Essencial que está dentro dele mesmo, na natureza e em todos os seres. O praticante sabe quem ele é e como se relaciona com o Universo.

No sentido do "religare" pode ser considerada uma religião, mas o xamanismo não é como um conjunto de ritos específicos que seguem seus mestres máximos como cristianismo (Cristo), budismo (Buda), islamismo (Maomé), Taoísmo (Lao-Tsé), etc; cujas práticas são determinadas e iguais e que possuem seus Livros Sagrados de conduta em todos os lugares do mundo.

Na essência são práticas religiosas. O xamanismo se insere de acordo com a crença espiritual/religiosa local, é um fenômeno religioso. Pode-se dizer que as religiões representam um xamanismo adaptado e afetaram as tradições xamânicas continuadas ou marginalizadas nas culturas que dominaram. As práticas, os mitos, as entidades dependem da tribo, linha, geografia, crenças.

O xamã é sempre uma figura dominante e não um santo,avatar ou profeta. Ele é um intermediário entre o mundo espiritual, natureza e a comunidade.

A Medicina da Terra é derivada de conhecimentos medicinais passados pelos ancestrais que são honrados por aqueles que recebem a iniciação. O clichê mais ultrapassado é aquele em que o iniciado tenta matar simbolicamente seu iniciador ao invés de honrá-lo. Isso é enfraquecer a raiz pela qual ele foi formado, uma auto-sabotagem espiritual. O entendimento disso faz com que o discipulado crie conscientemente um movimento de afinidade que traz harmonia no resultado.

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O "conhecimento" é para todos mas "sabedoria" é para alguns. Por isso acho importante a divulgação do conhecimento e aplicação prática dele pois existe ainda uma minoria que se transforma. É como um garimpo! Entre esses buscadores do conhecimento sempre sai uma pepita de ouro que vai fazer o mundo mais brilhante. Por essas pepitas vale a pena. O coração do verdadeiro iniciado tem que se confortar com isso pois sempre é a minoria. Por outro lado existe um outro fenômeno, algumas pessoas lançam-se à determinadas práticas sem o devido conhecimento e sem as "bênçãos espirituais", ou seja: ação sem conhecimento. O que pode ser problemático.

Muitos iniciam a caminhada mas poucos atingem as maiores alturas. Este conhecimento não está limitado aos iluminados, é disponível para todos nós dependendo da sinceridade e humildade com que buscamos. Sabedoria xamânica é sabedoria da Mãe Terra e, a cada filho dela, é dado um presente, algum talento especial.

O xamã compreende o Círculo Sagrado da vida e recomenda, ajuda na cura, ensina o que é necessário para o bem da comunidade.Isto significa freqüentemente colocar a comunidade em primeiro plano. O caminho xamânico conduz a um relacionamento de amor com a Mãe Terra. Não é possível praticar o verdadeiro xamanismo sem incluir os cuidados com a preservação da vida de todos os reinos (animal, mineral, vegetal, espiritual) em nosso planeta.

O xamanismo aparece como um reflexo de um Grande Espírito que pode ter vários nomes. É honrado o Criador e todas as suas criaturas, sejam pedras, animais, aves, plantas, peixes, insetos, águas, ventos e outras manifestações da natureza que compartilhamos a existência nesta vida. Essa consciência, esse alinhamento com as forças da natureza, transforma-se em poder de cura e expande habilidades psíquicas através da reconexão com a vida, com o Sagrado, com o mistério da Criação.

O foco das práticas do xamanismo centra-se nos ritmos cíclicos da natureza: nascimento, morte e renascimento, a complementaridade masculino e feminino, o contato pessoal individual com ambiente imediato da terra, com as forças da terra do sol, da lua e das estrelas. Um verdadeiro xamã enfrentou suas sombras e venceu seus medos da insanidade, solidão, orgulho, vaidade, vícios, doença, ao passar por mortes em vida. Depois disso, escolhe tornar-se curador curado, auxiliador, visionário, à serviço das pessoas.

 

 

 

No xamanismo ao redor do mundo podemos ver as similaridades que definem as práticas :

 

  • A Busca por estados Alterados de Consciência, Vôo da Alma / Êxtase. O xamã é um especialista e um mestre da viagem estática

 

  • A capacidade de viajar em espírito assumindo a forma de um animal ou ave ou diretamente através daquilo a que chamaríamos de experiência fora-do-corpo. Este vôo mágico é um dos fundamentos do xamanismo

 

  • Viagem por mundos paralelos ( Reino dos Espíritos). Mundos invisíveis à realidade ordinária a fim de guiar espíritos e obter conhecimento espiritual.

 

  • O xamã atua como canal de cura. Tem conhecimento do poder das plantas, pedras, dos espíritos animais e seres da natureza.

 

  • Devoção à Criação, Sol, Lua, Estrelas. Reconhecimento da presença de Deus em todas as manifestações do Universo

 

  • Interação com espíritos da natureza

 

  • Utilização de instrumentos de poder para induzir ao transe /estados alterados de consciência (tambores, maracás, etc)

 

  • Conhecimento sobre o fogo

 

  • Utilização de plantas (purificação, enteógenas, medicinais, magnéticas)

 

  • Canções de Poder

 

  • Danças

 

  • Respiratórios e dietas

 

  • Contação de histórias, preleições.

 

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O Xamanismo como a mais antiga prática espiritual da humanidade tem como base em suas práticas o respeito pela ecologia, reconhecimento do Sagrado, necessidade de expandir a consciência e obter resposta em mundos paralelos, prática do amor incondicional . Suas práticas estabelecem contato com outros planos de consciência a fim de obter conhecimento, poder, equilíbrio, saúde. Propicia tranqüilidade, paz, profunda concentração, estimula o bem estar físico, psicológico e espiritual.

A interação harmônica dos elementos equilibra a Jornada da Nossa Alma, faz girar a Roda da Vida em harmonia. No xamanismo praticado na atualidade estudamos os talentos elementais:

 

  • A Terra é relacionada com o corpo físico e com as sensações.

 

  • A Água é relacionada com a alma e com as emoções e sentimentos.

 

  • O ar é relacionado com a mente e aos pensamentos e idéias.

 

  • O fogo é relacionado com o espírito e associado à consciência, a claridade, a inspirarão.

 

 

O reconhecimento do caminho da verdade vem da expansão da consciência e a compreensão de que o verdadeiro poder está dentro de cada praticante e provém do desenvolvimento de seus próprios dons. Inspirados na sabedoria dos povos ancestrais temos o desafio de resgatar o conhecimento acumulado nas práticas xamânicas das diversas tradições do planeta para os dias atuais. Assim, pretendemos contribuir para a saúde, autoconhecimento e o bem-estar geral do nosso povo e resgatar valores para uma vida mais harmônica e ecológicamente correta.

Os ancestrais xamânicos viviam em harmonia e equilíbrio com todos os seres, pedras, plantas, animais, pássaros, peixes e até insetos.Para garantir sua sobrevivência em ambiente hostil os homens primitivos interpretavam os sinais e as mudanças da natureza a seu redor. Viviam de acordo com os ciclos do Sol e da Lua, das mudanças das estações, manifestações da natureza, vento, chuva, etc.

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Os caminhos do xamanismo são espirituais. A prática xamânica compreende a capacidade de entrar e sair de estados de consciência, de realidades não-ordinárias Os estados alterados de consciência não envolvem apenas o transe e sim a capacidade de viajar na realidade incomum com o objetivo de encontrar espíritos animais, plantas, mentores, obter insights, promover curas, oráculos.

Os estados alterados de consciência incluem vários graus. Stanley Kryppner chega a classificar vinte estados diferentes de consciência. Elíade fala do êxtase, Castañeda fala do nagual. Nirvana, samadhi, alfa, transe, satori, consciência cósmica, supraconsciência, etc.,também são nomes para a mesma manifestação.

São através desses estados que conseguimos conexão com nossos mitos, símbolos, nossa verdade interior. Conseguimos expandir a percepção para mistérios que estão guardados em nós mesmos. Aprendemos a sentir, ver e ouvir a energia.Nos religamos com o Sagrado e com a fonte criativa de tudo o que nos acontece. Através da consciência ordinária não conseguimos alcançar níveis profundos do nosso ser. Existem diversas técnicas ou rituais para se chegar a estados mais profundos de consciência, dentre elas: tambores, danças, jejuns, plantas de poder (enteógenos), respirações, posturas corporais, e outros.

Através desses estados especiais alcança-se uma experiência divina, acessa-se uma fonte de Sabedoria Superior, podemos curar nosso corpo, nos conhecemos melhor através das visões, expandimos a nossa consciência.

Aprende-se as influências e forças da Terra e como as energias naturais afetam a vida. Tudo na natureza cresce e muda. É um ciclo. Os povos antigos consideravam a viagem circular da Terra ao redor do Sol, uma roda, representando o eterno ciclo de nascimento e desabrochar, crescimento e florescimento, maturidade e frutificação, envelhecimento e decadência, morte e decomposição e novamente renascimento, refletido na vida humana e na natureza.

Os nativos reconhecem o círculo como o principal símbolo para o entendimento dos mistérios da vida. Observaram que ele estava impresso em toda a natureza. O homem olha o mundo através dos olhos que é um círculo. A Terra, a Lua, o Sol, os planetas; são todos circulares. O nascer e o por do Sol acompanham um movimento circular. As estações formam um círculo. Os pássaros constroem ninhos em círculos, animais marcam seus territórios em círculos. As cabanas, ocas, tipis são circulares.

O xamanismo resgata a relação sagrada do homem com o planeta. O resgate dos festivais sazonais (Solstícios e Equinócios), por exemplo, não marcam apenas a jornada do Sol, mas também os pontos críticos das estações, o ciclo agrícola, nossas emoções, hábitos. Essas "Forças Verdadeira acessadas desde o princípio na história espiritual da Terra, são resgatadas através dos séculos e podemos sentí-las atuando em todos os momentos das cerimônias.

Podemos sentir a ligação profunda que a natureza tem com a vida, nos tornarmos parte de uma comunidade global, propomos o Vôo da Consciência em busca de novos horizontes, de novas conquistas, de um novo ser, de uma nova vida. O início de uma vida pautada na sabedoria encontrada nas folhas, nos movimentos dos ventos, no poder transformador do fogo, nos espíritos ancestrais, na jornada da alma, na missão.

As religiões do mundo moderno não têm tempo para a ecologia espiritual assim como a cultura e o modelo de pensamento consumista atuante. As Grandes Religiões inspiram e apontam para uma vida eterna fora deste planeta e pouco se preocupam em honrar as realidades do espaço sagrado em que vivemos. Atualmente muitos vivem com uma sensação de separação, isolamento, um sentimento de que deva existir um sentido maior na vida. Os rituais xamânicos podem trazer a consciência de somos apenas um "microcosmo", que somos parte de "algo maior", que somos filhos da Terra, parte de uma Terra Viva.

 

Harmonia - Amor - Paz e Luz

 

Xamanismo

 

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 
Postal russo baseado em uma foto tirada em 1908 por S.I. Borisov, mostrando uma mulher xamã provavelmente da etniaKhakas.[1]
Xamanismo na China

xamanismo é um termo genericamente usado em referência a práticas etnomédicas, mágicas,religiosas (animista, primitiva) e filosóficas (metafísica), envolvendo cura, transe, supostas metamorfoses e contato direto entre corpos e espíritos de outros xamãs, de seres míticos, de animais, dos mortos, etc.

A palavra xamã vem do russo, tungue saman corresponde à práticas dos povos não budistas das regiões asiáticas e árticas especialmente a Sibéria (região centro norte da Ásia). Apesar, como assinala Mircea Eliade da especificidade dessas práticas na região (em especial as técnicas do êxtase dos tungues, Iacutes, mongóis, turco-tártaros etc.), não existe, contudo origem histórica ou geográfica para o xamanismo como conhecido hoje, tampouco algum princípio unificador [2]. Outros nomes para sua tradução seriam feiticeiros, médico-feiticeiros, magoscurandeiros epajés.

Antropólogos discutem ainda na definição xamanismo a experiência biopsicossocial do transe e êxtase religioso, bem como as implicações sociais da definição do xamanismo como fato social. É considerado uma tradição equivalente à magia enquanto prática individualizada relacionada aos problemas e técnicas e ciência da sobrevivência cotidiana (agricultura, caça, medicina, etc.) ou ao fenômeno religioso, abstrato, coletivo, normatizador.

Xamã

sacerdote do xamanismo é o xamã, que geralmente entra em transe durante rituais xamânicos, manifestando poderes incomuns, invocando espíritos, plantas etc., através de objetos rituais, do próprio corpo ou do corpo de assistentes e pacientes. A comunicação com estes aspectos sutis da vida pode se processar através de estados alterados de consciência. Estados esses alcançados através de batidas de tambor, danças e até ervas enteógenas.

As variações "culturais" são muitas mas, em geral, o xamã pode ser homem ou mulher, a depender da cultura, e muitas vezes há na história pessoal desse indivíduo um desafio, como uma doença física ou mental, que se configura como um chamado, uma vocação. Depois disto há uma longa preparação, um aprendizado sobre plantas medicinais e outros métodos de cura, e sobre técnicas para atingir o estado alterado de consciência e formas de se proteger contra o descontrole.

O xamã é tido como um profundo conhecedor da natureza humana, tanto na parte física quanto psíquica.

De acordo com Eliade (o.c.), entre os manchus e os tungues da Manchúria a tradição dos dons xamânicos costuma ser feita de avô para neto, pois o filho ocupa-se em prover as necessidades do pai, isso no caso dos amba saman (xamãs do clã). Os xamãs independentes seguem a sua própria vocação. O reconhecimento como xamã só pode ser feito pela comunidade inteira depois de uma prova iniciática. Ainda segundo esse autor das referências a distúrbios psicológicos (especialmente no processo de formação) o ideal iacuto de um xamã é: um homem sério, que sabe convencer os que estão à sua volta, não presunçoso nem colérico. Entre os kazak-quirguizes o baqça, guardião das tradições religiosas é também cantor, poeta, músico, adivinho, sacerdote e médico.

Talvez pela experiência do sofrimento antes da iniciação ou experiência de possessão o xamã é confundido com indivíduos portadores de distúrbio mental tipo epilepsia, histeria e psicose, Lévi-Strauss citando os estudos de Nadel e de Mauss na introdução à obra de Marcel Mauss [5] afirma que …existe uma relação entre os distúrbios patológicos e as condutas xamanísticas, mas que consiste menos numa assimilação das segundas aos primeiros do que na necessidade de definir os distúrbios patológicos em função das condutas xamanísticas… afirma ainda, baseado em estudos comparativos, que a freqüência das neuroses e psicoses parecem aumentar nas regiões sem xamanismo e que xamanismo pode desempenhar um duplo papel frente as disposições psicopáticas: explorando-as por um lado, mas, por outro canalizando-as e estabilizando-as.

Xamanismo entre os Vikings (Seiðr)

seiðr, em muitos casos, foi descrito como uma feitiçaria realizada para "ferver" certos objetos imputados de poderes mágicos, sendo basicamente utilizado como um rito adivinhatório ou para assassinato, ou ainda como prescreve Boyer, relacionado a três ações básicas: prever o futuro, aprisionar, causar doenças/desgraças ou matar. A tradução do termo varia segundo os pesquisadores, mas geralmente é interpretada como sendo canto. Tratava-se de um ritual mágico de tipo divinatório e profético, com conotações xamanistas e uma arte mágica criada pela deusa Freyja. Era um tipo de magia extática com transe, êxtase do celebrante e cantos da assembléia, geralmente realizada durante a noite e praticada sobre uma plataforma chamada de assento para encantamento (seiðhjallr). A sua realização era conectada com sons mágicos ou encantamentos, e a melodia era considerada bonita para os ouvidos. Também compreendia fórmulas mágicas para chamar tempestades e todos os tipos de injúrias, metamorfoses e predições de eventos futuros. Criada pela deusa Freyja, era praticada especialmente por mulheres chamadas seiðkonur (sing. Seiðkona). Para Neil Price seria antes de tudo uma forma de extensão do espírito e de suas faculdades, enquanto que para Zoe Borovsky a performance do seiðr simbolizaria o modelo vertical de universo (cosmológico) da árvore Yggdrasill. Como para o xamã, a praticante de seiðr devia descer ao mundo dos mortos para relatar os ensinamentos que buscam os vivos e para efetuar certos malefícios. A magia nórdica era tanto praticada por homens quanto por mulheres, com uma nítida especialização feminina. As Sagas estão repletas de práticas mágicas, mas maiores detalhes sobre o ritual do seiðr são desconhecidos.,[6]

Xamanismo no Brasil

Xamã guarani com maracá.

O xamanismo é constante em diversas manifestações indígenas brasileiras. A palavra "pajé", de origem Tupi, se popularizou na literatura de língua portuguesa em referência ao xamã. Seu estudo, descrições de caso e comparação, tem sido recomendado para facilitar a implementação de práticas de assistência à saúde culturalmente adequadas no Brasil a cerca de 4.000 índios pertencentes a 210 povos sob a responsabilidade da FUNASA - Fundação Nacional de Saúde desde agosto de 1999

Xamanismo ou Pajelança – Comunicação com os encantados e entidades ancestrais através de cânticos, danças assim como nos índios Guarani Kaiová e utilização de instrumentos musicais (maracá, zunidores) para captura e afastamento de espíritos malignos [7] tipo mamaés, anhangás. Há também a utilização do jejum, restrições dietéticas, reclusão do doente, além de uma série de práticas terapêuticas que incluem: o uso do tabaco (o pajé fuma grandes cachimbos) e outras plantas psicoativas, aplicação de calor e defumação, massagens, fricções, extração da doença por sucção/ vômito, escarificação no tórax e locais inflamados com bico, dentes de animais ou fragmentos de cristais

No Brasil rural e urbano, apesar da tradição multi-étnica dos ameríndios, observa-se a presença dessas práticas médicas-religiosas em comunhão com rituais católicos e espiritualistas de origem africana. Esse xamanismo é conhecido em algumas regiões como pajelança cabocla, culto aos encantados, toré, catimbó, candomblé de caboclo, em rituais de umbanda, culto aJurema sagrada.

Atualmente no Brasil existem várias vertentes de neo-xamanismo ou xamanismo urbano, entre estas linhas diversos grupos se reúnem para estudar e trocar conhecimentos sobre o tema.

Referências

  1.   pp. 77, 287; , p. 128Hoppál, Mihály. Sámánok Eurázsiában (em Hungarian). Budapest: Akadémiai Kiadó, 2005. ISBN 963-05-8295-3 2Znamensky, Andrei A.. Csodaszarvas. Őstörténet, vallás és néphagyomány. Vol. I (em Hungarian). Budapest: Molnár, Ádám, 2005. 117–134 p. ISBN 963 218 200 6
  2.  ELIADE, Mircea. Xamanismo e as técnicas arcaicas do êxtase. São Paulo: Martins Fontes, 2002
  3.  DURKHEIM, E. As formas elementares da vida religiosa. SP, Paulinas, 1989,
  4.  MAUSS, Marcell Esboço de uma teoria geral da magia in Sociologia e antropologia. SP, Cosac Naif, 2003
  5.  LÉVI-STRAUSS, C. Introdução à obra de Marcel Mauss in: Mauss, Marcel. Sociologia e antropologia. SP, Cosac Naif, 2003
  6.  LANGER, Johnni. Religião e magia entre os vikings. Brathair 5 (2) 2005
  7.  Deise, Lucy. "Mbaraka': música e xamanismo guarani. Tese de Mestrado USP [1]
 

 

 

Xamanismo é o nome genérico dado às atividades de práticas mágicas, geralmente realizadas por um xamã, ou feiticeiro, que busca contatar mundos e forças sobrenaturais, invocar ou incorporar espíritos ou entidades divinas.
Aparece em diferentes cultos religiosos da Ásia Central e Setentrional, África, Américas e Oceania, em culturas antigas em diferentes estágios de evolução, particularmente nas sociedades indígenas. 
Por essa razão, o xamanismo não é considerado uma religião propriamente dita, mas um traço característico a diversas religiões. 
Usualmente, as principais tarefas destinadas a um xamã são a cura, a adivinhação e a busca de soluções para problemas ou questões da coletividade. 
É comum que o xamã entre em estado de transe emocional e que utilize plantas, animais e minerais em sessões rituais, que podem incluir a ingestão de bebidas muitas vezes alucinógenas. 
O Xamanismo é a "Arte" ligada aos poderes dos elementos, à Gaia (Terra), às forças oriundas dos animais, plantas dos bosques e florestas e de nossos ancestrais. 
Os Xamãs cultuam o "Grande Espírito", Pai-Mãe Criador, que é "Deus". Possuem técnicas milenares, de onde provém a prática em descobrir no seu instinto, como cultivar o animal que todos levamos dentro de nós e que em qualquer momento pode chegar a manifestar-se. 
Essa característica, passa por povos, lugares e tempos diversos, e sempre encontra uma forma de se expressar, manifestando-se em estados puros de agressividade, nos momentos de por a prova o poder que cada um tem para sobreviver em um ambiente hostil, seja na selva, seja nas cidades.
As vivências no Xamanismo em estado puro e selvagem, é totalmente diversa do Xamanismo praticado nas cidades de todo o mundo. Nas cidades, a prática do Xamanismo também se faz presente, mas se traduz em um estado e uma vivência bem diferente do Xamanismo praticado em plena selva, onde o animal de poder é freqüêntemente observado em seu aspecto puro e se adota sua postura, forma e poder, para desenvolver tarefas no mundo dos espíritos.

 


Segundo as tradições indígenas todo ser humano possui um totem animal, um espírito em forma de animal que além de emprestar algumas de suas características ao Xamã, também age como guardião e conselheiro, chamado "Animal de Poder". 
O "Animal" desperta no Xamã instintos adormecidos que podem deixá-lo melhor preparado para enfrentar as situações adversas. 
O grande desafio do iniciado no Xamanismo, é encontrar esse animal, identificá-lo e domesticá-lo, cavalgando no seu poder. O verdadeiro xamã se converte em seu animal de poder, descendo aos porões do reino animal, para dele melhor compreender sua missão e a sua força neste mundo. Porque é do nosso animal de poder que tiramos forças para lutar, competir, enfrentar nossos inimigos e vencer obstáculos, usando a sua força animal. 
Dependendo do animal que se manifestar, o Xamã poderá adquirir certos poderes mágicos, como por exemplo : Ver mais longe ( Águia, ou Gavião) , enxergar inimigos ocultos ( Coruja ), perseguir seus objetivos ( Falcão ), etc. 
Para os Yanomami da Amazônia e Venezuela, todo homem tem como seu duplo anímico um animal de poder, chamado de "duplo animal". Os animais também podem ser espíritos de ancestrais, que vivem nas florestas e que assumiram essa forma por terem comportamentos descontrolados ou fora de alguma regra social.
Conectar com um animal de poder através de sua sabedoria de sobrevivência, comportamento e maestria é conectar com nossa própria essência e com as qualidades instintivas que tem o ser humano como parte da Natureza.
É buscando esse poder animal dentro de nós que nos preparamos para as batalhas da vida e do espírito. 
Veja algumas descrições desses animais de poder, de acordo com as tradições das Tribos Brasileiras : 


OS ANIMAIS DE PODER

 

UIRAPURU - Pássaro raro, não se permite ver facilmente. Quando se mostra, sempre está disfarçado para que não o notem. Seu canto é inédito, mas é considerado de beleza rara e única. Traz paz e ao cantar todas as outras criaturas da floresta calam-se para ouvi-lo. 


COLIBRI - Em geral, os seres alados são mensageiros entre os homens e os deuses por sua capacidade de voar em direção aos céus. O colibri é mensageiro do Grande Espírito. É sinal de proteção, expressão do sagrado e indício de caminho correto. Ágil, o colibri se manifesta trazendo sempre alguma orientação espiritual importante.


SERPENTE - A serpente é aquela que ergue a vida e cria a realidade, é o poder criativo, transmutador e nos faz conhecer valores profundos do ser. Para os Guarani, é o eixo por onde se ergue o ser humano, a coluna vertebral. Na sua base está o poder gerador de vida da Grande Mãe.


CORUJA - É o símbolo da sabedoria. Tem a capacidade de desvendar o oculto e o inconsciente. Conhecedora dos mistérios, nos permite vencer o temor e aprender a qualidade da consciência do existir em todos os níveis e do fluir. Por ver na escuridão, sua qualidade também está no ultrapassar as limitações do perceptível, mostrando-nos as diversas realidades, da qual o mundo material é apenas uma parte. 


RÃ - É símbolo da fertilidade, abundância, união, tanto que foi representada por tribos do norte do Brasil em amuletos chamados "muiraquitãs".




ESCORPIÃO - Animal de poder muito importante encontrado na cerâmica de civilizações amazônicas, representa a proteção e a preservação da natureza humana ou animal. Está associado à capacidade de atacar quando ameaçado, sendo capaz de qualquer coisa para manter a sua integridade.


JABUTI - É um animal de grande longevidade. Suas qualidades estão associadas à esperteza, inteligência, paciência, tranqüilidade, atenção, fé, força e coragem.


PAPAGAIO - Assim como a arara, o papagaio é multicolor, transmite alegria e a força do arco-íris. Desperta a retórica, o saber falar e o quê falar. Pelo seu poder de comunicação, aproxima-se facilmente do homem. Pode ser considerado uma ponte entre o mundo dos pássaros e dos humanos.



ONÇA - A onça é deliberadamente solitária. É astuciosa, observa os movimentos da presa antes de atacá-la. Como qualidades desse animal, desperta o aprender a conviver consigo mesmo e a não depender dos outros para atingirmos objetivos. Ensina a conquista do nosso espaço, a cautela, o saber agir, a habilidade e a agilidade.

 

Utilizamos os animais da fauna brasileira apenas para ilustrar o nosso trabalho de uma maneira coerente com as tradições das tribos com as quais estamos mais familiarizados.
É evidente que além desses animais, poderão se manifestar outros, de outras tradições, tais como : Lobo, Cavalo, Urso, Morcego, Raposa, etc. e, até animais considerados domésticos, como o Cão e o Gato.

 

RITUAL PARA DESPERTAR O ANIMAL DE PODER

 

Numa noite de lua cheia, tome um banho de ervas ( de sua preferência ) e sal grosso, coloque uma roupa limpa e confortável, dirija-se a um local tranquilo, se possível ao ar livre. 
Acenda uma pequena fogueira. ( que deverá ser extinta no final do ritual, tomando todos os cuidados para não provocar incêndios). 
Faça um círculo mágico com pedras previamente recolhidas, sente-se de pernas cruzadas no centro do círculo e de frente para a fogueira que deverá estar fora do círculo. 
Acenda uma vela branca à sua esquerda e um incenso ( de sua preferência ) à sua direita.
Tenha à mão um maço de ervas secas de sua preferência ( Arruda, alecrim, benjoim, alfazena, etc. )

 

Jogando um punhado de ervas na fogueira, faça a seguinte invocação :

 

"Que o Grande Espírito esteja comigo hoje e sempre." 
"Eu ( diga seu nome ), seu ( sua ) filho(a), peço sua permissão para iniciar este ritual.
Espíritos ancestrais, acendam as chamas dos irmãos animais, para que possam iluminar meu caminho. "

 

Jogue mais um punhado de ervas na fogueira e diga :

 

"Ancestrais, antigos aliados, aqueles que trazem a memória do tempo, ouçam meu pedido, sintam minha intenção, estejam comigo."

 

"Nas patas do cavalo, nos olhos da coruja, nas asas da águia, nas garras da onça, no bico do gavião, que se acenda em minha alma a força do meu animal guardião."

Jogue outro punhado de ervas na fogueira .

 

"Que meu animal guardião se apresente agora, que eu possa senti-lo e a ele me religar."

 

Respire profundamente e deixe a sua mente vagar em busca do animal. De olhos fechados, deixe que seu animal se apresente. É possível que vente nesse momento, ou ocorra algum fenômeno atmosférico, como um trovão, por exemplo, não se assuste.

 

Sinta seu corpo, sinta seus pés, sinta as patas do animal fundindo-se aos seus pés e mãos. Sinta suas pernas, braços e tronco. Sinta todas as partes de um animal se fundindo ao seu corpo. Procure identificar o animal. A essa altura você já saberá qual é este animal, então sinta a cabeça do animal fundindo-se à sua cabeça.

 

Nesse momento você será o animal, começará a sentir-se como o animal, não tema pois estará protegido no círculo mágico. Sua mente poderá assumir o animal e explorar o território sob a identidade do animal. Se for um pássaro, poderá voar, se for um peixe experimentará a sensação de nadar, se for um felino sentirá seu poder, e assim por diante.

 

Concentre-se no animal e experimente o seu poder, seja o animal, viva o animal.

Este ritual poderá durar horas ou minutos, dependerá exclusivamente de você.

 

Quando quizer finalizar o ritual, agradeça ao Grande Espírito e as entidades presentes, por esta experiência, bata palma três vezes, dizendo : " Este ritual está encerrado ".

Apague a fogueira, desfaça o cículo.

 

Caso não consiga despertar seu animal, no primeiro ritual, não desista, quando chegar em sua casa, faça a seguinte oração : 
"Espíritos antigos, meus ancestrais, em nome do Grande Espírito, ouçam minha oração, revelem-me em sonho meu animal guardião. "

 

Repita o ritual na próxima lua cheia.

 

Obs : Este ritual poderá ser adaptado, para ambientes fechados, apenas substituindo a fogueira por um brazeiro em um incensório de olíbano, ou outro recipiente com a mesma finalidade, as ervas poderão ser substituidas por tabaco aromatizado. 
Pode-se utilizar música, de preferência indígena ou instrumental.
Poderá também ser aplicado em grupo, sob a orientação de um Xamã.

 

NAS ASAS DO ESPÍRITO

Você deve estar perguntando, o que significam esses olhos no início do texto sobre os animais e para explicar terei que lhe contar a estória do despertar de meu animal de poder.
Quando fiz o ritual para conhecer meu animal guardião, entrei no círculo e fiquei aguardando a manifestação do animal. O primeiro a se aproximar foi um enorme búfalo que camihou pesadamente até a borda do círculo, encarou-me ameaçadoramente, deu a volta e pude sentir sua respiração, então ele circulou em meu redor e pude sentir um forte odor de almíscar. Ele simplesmente ignorou-me e se afastou lentamente até desaparecer na noite. 
Algum tempo depois, ouvi um rugido olhei atentamente para a mata à frente e nada ví, fechei os olhos e aguardei. Um enorme felino aproximou-se e no escuro não pude distinguir o animal. Somente quando seus olhos estavam próximos aos meus percebi então que tratava-se de um enorme jaguar, que veio, observou-me, rugiu e afastou-se rapidamente desaparacendo na mata. 
Mais uma vez o silêncio era meu único companheiro, até que presenti que alguma coisa me observava, olhei à frente e ví uma enorme serpente enrodilhada, ela experimentou meu cheiro com sua língua bifurcada e seus olhos pareciam querer penetrar meus pensamentos, não demonstrei nenhuma resitência, ela desenrolou-se e seguiu seu caminho. 
Após algum tempo, ouví um bater de asas e nada ví, ele vinha de trás, passou pelo lado esquerdo próximo à minha cabeça e pousou em um toco ao lado, era uma coruja. Ela ficou me olhando pensativa, piscou seus enormes olhos, girou o pescoço sobre sí mesma, abriu as asas e voou. 
Nesse instante um pequeno pássaro circulou à minha volta e parou no ar à minha frente, era um frágil Beija-Flor, pensei será este o meu animal guardião e ele respondeu: Não, sou apenas o seu mensageiro e venho apara anunciar que o seu animal virá nas asas do vento, não tema. Após essas palavras que ecoaram dentro de minha mente, o pequenino animal partiu como uma flexa. 
Fiquei durante algum tempo alí imaginando qual seria meu guardião. Se ele virá voando, deve ser uma Águia, ou quem sabe até um Gavião, de qualquer forma sendo uma ave deve ser um lindo animal.
Todos nós fantasiamos e acreditamos que nosso animal deve ser algo muito forte, valente e belo, por essa razão fiquei alí perdido em meus pensamentos. Então, ouvi novamente um bater de asas, mas esse era diferente, não havia o roçar das penas, era mais sutíl e suave, como se planasse, fiquei intrigado, pois nada ví. Até que uma forma escura passou rapidamente por mim e fez uma curva à frente, retornou em minha direção, com uma destreza que a própria coruja não seria capaz, somente seus olhos assustadoramente brilhantes eram visíveis. Não se deteve, veio em direção ao meu rosto, ultrapassou o cículo e penetrou em minha mente.
Meus braços se alongaram e neles havia uma espécia de membrana que os ligava ao meu tronco, abri os olhos e a noite tornou-se clara como o dia, podia ouvir todos os sons da natureza, até os insetos que se moviam produziam ruídos, que até então nunca pudera ouvir.
Abri minhas asas e voei, senti o vento fresco da noite batendo em meu rosto, ultrapassei a copa das árvores e ví a lua clara no ceu noturno, olhei para a terra e podia distinguir cada forma por mais distante que estivesse. Uma voz em minha mente disse agora você é um morcego. Fiquei atônito e quase caí, um morcego ?, um vampiro ?. Essa revelação me deixou tremendamente assustado. 
Eu que queria ser um Lobo, um Jaguar, quem sabe uma Águia, mas um Morcego ?, porque esse animal apoderou-se de mim, o que será que fiz de errado. 
E o morcego respondeu, nada, você não fez nada de errado. Quem disse que todo morcego tem que ser um vampiro. Apenas aqueles que não evoluiram continuam vivendo dessa forma, eu sou frutívoro e agora é hora de me alimentar. Voei para uma árvore próxima e pousei, sentí um perfume indescritível, seus frutos estavam maduros e passei a degustá-los, eram deliciosamente doces, reconhecí então que estava pousado em um Jambeiro.
O morcego então passou a instruir-me sobre o que havia experimentado. Esclareceu que esta vivência foi a minha iniciação para as habilidades mágicas, meu reencontro com a minha essência interior resultante de uma vida passada, perdida nas noites do tempo. Que agora estava tendo meu renascimento para uma vida totalmente nova. Disse-me mais, que de hoje em diante não seria mais o mesmo, evoluíra espiritualmente. Recomendou que refletisse sobre cada minuto desse dia para jamais esquecer como é ser um morcego. 
E revelou-me muitas outras coisas sobre as quais deveria me calar.
Saltei da árvore em direção ao solo, abrí minhas asas de couro e planei em direção ao círculo sagrado, pousei calmamente no centro, recolhi minhas asas e fechei os olhos. 
O morcego então me disse, quando precisar é só me chamar e prontamente o atenderei.
Senti que ele saía de meu interior em direção à minha fronte, entre os meus olhos, onde se localiza o chacra frontal e por alí saiu em direção à noite escura, sim escura, porque agora eu via através de meus olhos e não mais pelos olhos de meu animal de poder, mas podia sentir no meu íntimo todas aquelas sensações, o gosto do jambo ainda estava em minha boca e a visão da lua, à partir dessa noite , jamais seria a mesma.
Então se, quando invocar seu animal guardião, um enorme Morcego Negro se aproximar, não tema deixe-o sondar sua alma e se for merecedor, poderá compartilhar de uma experiência inesquecível
Aqueles olhos no início do texto, são os olhos do morcego, que podem ver no escuro de nossas almas todas as nossas virtudes e também todas as nossas imperfeições.
Quando aprendemos a olhar com os olhos do morcego, nossa busca interior torna-se mais tranquila e segura.

 

"Não ande atrás de mim, talvez eu não saiba liderar. Não ande na minha frente, talvez eu não queira seguí-lo. Ande ao meu lado, para podermos caminhar juntos". 
Provérbio Ute

 

O XAMANISMO

Tais experiências justificam a força mágico-religiosa do xamanismo,
que, para Mircea Eliade (2002): “transitando por um conjunto de crenças ancestrais, é uma das mais antigas práticas espirituais, filosóficas e religiosas da humanidade”. No Brasil, as práticas xamânicas se fundem com os rituais católicos, com os de umbanda e ainda outras religiões que se mesclaram à crenças de povos africanos.

Mircea Eliade esclarece que, é quase certo, que pelo menos parte das crenças mágico-religiosas da humanidade pré-lítica se tenha conservado nas concepções religiosas e mitológicas ulteriores:

Evidentemente, cada religião que, após longos processos de transformação interna acaba por constituir-se numa estrutura autônoma, apresenta uma “forma” que lhe é própria e que passa como tal para a história posterior da humanidade. Mas nenhuma religião é inteiramente “nova”, nenhuma mensagem religiosa elimina completamente o passado; trata-se antes, de reorganização, renovação, revalorização, integração de elementos – e dos mais essenciais – de uma tradição religiosa imemorial (ELIADE, 2002: 24).

Os Xamãs são seres dotados de poderes sobrenaturais. No Brasil, os pajés são considerados “xamãs” e tem a capacidade de operar milagres, realizar curas e prever problemas futuros, reforçando e reelaborando assim, os mitos de sua tradição.

Nas narrativas indígenas, como lembra Claude Lévi Strauss (1966), em “Tristes
Trópicos“, 
alguns seres humanos não pertencem inteiramente ao universo físico nem ao mundo social, mas seu papel, na verdade, é estabelecer uma mediação entre os dois reinos. Segundo ele, esses seres, cujo ‘efetivo’ aumenta regularmente com as almas dos finados feiticeiros, são responsáveis pela marcha dos astros, do vento, da chuva, da doença e da morte. Ao falar do bari, o “chefe” da tribo no idioma bororo, ele exemplifica:

O bari é um personagem a-social. A ligação que o une a um ou vários espíritos lhe confere privilégios: ajuda sobrenatural quando parte para uma caçada solitária, poder de se transformar em bicho e o conhecimento das doenças, assim como dons proféticos (STRAUSS, 1996: 221)

 

O uso do tambor, como explica Mircea Eliade, teórico das religiões, desempenha também um papel de primeira ordem nas cerimônias xamânicas: “seu simbolismo é complexo, suas funções mágicas são múltiplas. É indispensável ao desenrolar da sessão, seja por levar o xamã para o “centro do mundo”, por permitir que ele voe pelos ares, por chamar e aprisionar os espíritos, seja, enfim, porque a tamborilada permite que o xamã se concentre e restabeleça contato com o mundo espiritual que está prestes a percorrer” (ELIADE, 2002).

 

PAJELANÇA NA AMAZÔNIA

Conta-se, na Amazônia, que uma vela acesa dentro da cuia no rio é um hábito ribeirinho de pajelança, para descobrir o corpo de alguém que se afogou. E falando em vela acesa, há a “simpatia” realizada sempre nas festas juninas, que, ao pingar a cera da vela na água, dentro de uma vasilha, pode-ser ver a inicial do nome da pessoa amada. Trata-se de outro tipo de vidência, que faz parte do universo mítico amazônico.

Conta-se, também, que “não mãe-do-rio não vai embora com as tuas águas” é uma cantiga de domínio público, mas que, ao mesmo tempo, pode também ser uma oração dos povos ribeirinhos. Neste caso, eles estariam pedindo proteção à “alma dos rios”, para que esta não os abandonem à própria sorte.

Diz-se que “aluar” tem a ver com enlouquecimento, relativo à influência da lua sobre a mente e o comportamento de algumas pessoas; diz-se também, que a ‘noite’ que sai do tucumã (uma fruta regional), é uma lenda sobre o surgimento da noite, na Amazônia. A floresta está, portanto, constantemente ‘prenhe’ de acontecimentos e magias.

Há também uma referência a outra crença amazônica de que a introdução de um pedaço do rabo do “puraqué” (um peixe da região) no punho, confere força descomunal ao indivíduo. O escritor e compositor paraense Walter Freitas acredita que esta tenha sido uma crença generalizada no século passado, mas já meio em esquecimento nos tempos atuais.

Na linguagem cabocla, o “quebranto” significa “mau olhado”. Freitas fala a respeito.

É a ação, intencional ou não, de quebrantar a saúde de alguém, principalmente as crianças, por meio de um simples olhar ou através até de comentários elogiosos em relação à pessoa. Já li em livros de ocultismo que parece ser uma prática de magia negra, muitas vezes involutária, praticada em qualquer parte do mundo.


 

Medicina Indígena: da Magia à Cura

"Você vive outro tipo de realidade quando cresce lá fora, no meio da floresta, ao lado dos pequenos esquilos e das grandes corujas. Todas essas coisas estão ao seu redor como presenças, representam forças, poderes e possibilidades mágicas de vida que, embora não sejam suas, fazem parte da vida e lhe franqueiam o caminho da vida. Então você descobre tudo isso ecoando em você, porque você é natureza."
A lagoa-apache, Edward s. Curtis (1868-1952)

De maneira geral, entre os índios, nas mais diversas aldeias, o tratamento e a cura de doenças é feita pelos pajés, através de práticas mágicas. Segundo a crença dos indígenas, esses poderes podem ser usados para curar doenças como também para provocá-las, razão pela qual é comum atribuir a origem de doenças aos feitiços.

Os processos de cura variam entre os grupos indígenas. Os Xamãs, por exemplo, são uma categoria especial de médico-pajé, que podem entrar em êxtase. Nesse estado, segundo os índios, a alma vai para longe do corpo, percorrendo lugares distantes ou encarnando um espírito estranho. 

Dentre os índios, de acordo com Alan Suassuna, que escreve no site sobre o povo Yanomami, o Xamã é o líder espiritual, o intermediário entre os homens e os espíritos, que, durante rituais de cura cheira um pó alucinógeno que, acreditam, "abre" a floresta para os "Xapori", entidades que auxiliam os Xamãs nos rituais de cura.

Segundo Joseph Campbell, em seu livro "O poder do mito", "O xamã é uma pessoa, homem ou mulher, que, no final da infância ou no início da juventude, passa por uma experiência psicológica transfiguradora, que a leva a se voltar inteiramente para dentro de si mesma. É uma espécie de ruptura esquizofrência.

O inconsciente inteiro se abre, e o xamã mergulha nele. Encontram-se descrições dessa experiência xamãnica ao longo de todo o caminho que vai da Sibéria às Américas, até a Terra do Fogo".

Para que se entenda mais de medicina indígena, é preciso mergulhar um pouco em seus mitos e rituais, uma vez que toda a sua cultura influencia sua saúde e a forma como lidam com seus corpos. No ritual de morte, por exemplo, os índios colocam o corpo pendurados em árvores.

Após algum tempo, quando o corpo já se decompôs, eles recolhem os ossos e cremam. Em rituais familiares os parentes misturam um pouco das cinzas ao mingau de banana e tomam. O restante é enterrado no mesmo lugar onde fizeram o fogo. Estes são outros indicativos das crenças mágicas dos indígenas.

Segundo o Dr. Rafael Valdez Aguiar, doutor em medicina e história, a medicina indígena, assim como muitas outras medicinas alternativas, tem muito a ver com a sugestão da pessoa, já que para que a pessoa adoeça ou se cure com recursos mágicos devem cumprir-se três aspectos: que o indivíduo creia, que a pessoa que o vai curar ou adoecer também creia, e que além disso, a sociedade em seu conjunto também creia. 

Conforme escreveu Dorangélica de la Rocha, no jornal El Debate, do México, antes mesmo da chegada dos espanhóis, os índios já operavam catarata. Outras enfermidades graves eram curadas com recursos mágicos. A medicina dos indígenas é um milagre, uma magia.

Atualmente, a medicina indígena é um recurso para a cura de enfermidades graves, quando foram esgotados os recursos científicos, porque lida, principalmente, com a fé. Assim como muitas outras medicinas alternativas. Isso tudo não quer dizer que várias das ervas usadas pelos pajés e xamãs sejam descartadas pela medicina tradicional, pois muitas delas possuem princípios químicos ativos que, inclusive, vêm sendo objeto de pesquisa científica e que já compõem vários dos remédios que vamos procurar em farmácias.

Ninguém duvida, também, que a prática de exercícios físicos, dieta equilibrada, ausência de estresse e drogas, contribua para uma qualidade de vida melhor e que resulte em um estado de saúde, genericamente, melhor do que o do homem urbano.

O fato é que muitas das doenças com que lidam os índios em suas tribos são contornadas por sua prática médica. E muitas outras, desconhecidas por eles, os levam à morte. Não é de se admirar que a expectativa de vida indígena seja tão mais baixa do que a do homem urbano, que conta com os recursos de grandes hospitais e toda a alopatia dos grandes laboratórios. 

Eficientes

No entanto, para Rafael Valdés Aguilar, doutor em medicina e história, antes da chegada dos espanhóis a medicina era sim eficiente, e resolvia boa parte dos problemas de saúde da população indígena do México. Segundo ele, a medicina é uma parte muito importante da cultura e o motivou no estudo dos grupos indígenas Sinaloenses.

Após anos de estudo e estando pronto para publicar o livro "Medicina prehispánica en Sinaloa y en el noroeste", Rafael Valdés Aguilar afirma que a cultura indígena sinaloense realmente é pouco conhecida.

Professor da Escola de Medicina da Universidad Autónoma de Sinaloa (UAS), Valdés menciona que a medicina daqueles tempos não era uniforme. Explica que era uma medicina eminentemente mágica, embora contendo importantes elementos religiosos e empíricos. As religiões no noroeste do México eram muito elementares, o que torna ainda mais evidente o componente "magia" no tratamento das enfermidades.

Valdés complementa dizendo que os povos indígenas já conheciam mais de duas mil plantas medicinais e eram capazes de realizar operações e cuidar de fraturas ósseas. Tinham, ainda, técnicas mais avançadas de obstetrícia do que as da Europa, à época. De acordo com o professor, pode-se dizer que a medicina indígena é uma das expressões culturais que mais se mantém, desde essa época.

O doutor insiste que a medicina indígena era mais adiantada do que a européia, nos idos de 1400, ou seja, antes da chegada dos espanhóis nas Américas. Segundo Valdés, os índios podiam mesmo curar até enfermidades graves, como a sífilis. Todavia, hoje em dia, há recursos médicos muito melhores, assim, as práticas indígenas e a medicina natural, segundo o autor, estão fora de moda.

Além disso, Valdés acrescenta que a medicina natural é cara, pois há uma forte indústria de produtos naturais que determina os preços. Ele afirma ainda que, na medicina indígena, como em todas as outras, há muitas formas de charlatanismo. Da mesma forma, indica que os médicos científicos são preconceituosos sobre a medicina indígena, pois a desconhecem, porque está claro, para ele, que estuda seriamente os recursos curativos indígenas, que estes eram eficientes e, em alguns casos, seguem sendo.

Rafael cita algumas das substâncias usadas pelos índios: Cardon, com múltiplas propriedades medicinais. Aguacate, contra a caspa. Alcanfor, eficaz contra contusões e reumatismos. Cacao, tônico para o estômago. Calabaza, contra queimaduras e irritações cutâneas. Capulin, para o sistema nervoso, entre outros. 

Os Índios Plains e as práticas modernas da medicina

Em novembro de 1998, no Museu da Universidade da Pensilvania, no pavilhão Jonathan Rhoads, houve uma exposição, onde foram exibidas fotos e textos sobre os índios. Dentre os materiais expostos na universidade, havia várias referências à prática médica dos índios.

De acordo com os materiais da exposição, as atuais crenças do sistema de saúde dos Índios Plains reflete uma mistura de tradições indígenas e práticas médicas modernas. Tradições e ritos, além de conhecimentos da medicina das ervas estão presentes. No estado americano de South Dakota, há o Hospital Traig Ht Clinic que é de medicina indígena.

Há círculos de medicina, onde os mais velhos transmitem experiências e conhecimentos aos mais jovens. Usa-se um cachimbo e há inscrições como: "Tabaco. Ele nunca 'significou' para ser abusado".

Outro tratamento comum entre os Plains é a idéia de bem estar. Podendo ser definido como um estado onde a mente, o corpo e o espírito estão em conexão e "balanceados". Um não pode ser separado do outro. Os Oglala Sioux são os mais tradicionais de todos os Índios Plains. Eles sempre trabalharam com as práticas e crenças de saúde desde o passado até o presente.

Para eles as doenças indígenas são causadas pela desarmonia entre humanos e os poderes sobrenaturais. Essas doenças devem ser tratadas pelas práticas nativas, não pela dos "homens brancos", que servem para curar as doenças dos homens brancos, como a diabetes e os problemas cardíacos.

Traduz-se aqui uma prática muito mais "holística" em relação à medicina do que a tradicional e compartimentada medicina ocidental moderna.

Ervas e Medicamentos

De acordo com a FUNAI, Fundação Nacional do Índio, muitos vegetais usados pelos indígenas como medicamentos apresentam de fato resultados surpreendentes e, os conhecimentos técnicos, muitas vezes complexos, dos índios brasileiros, estão presentes tanto no combate às doenças, quanto na caça e na pesca (através da utilização de venenos), na ecologia, na astronomia, na fabricação de sal, de objetos de borracha, de tecidos e na guerra (uso de gases asfixiantes).

O Estado do Acre possui mais de 200 espécies de plantas medicinais catalogadas. Os habitantes da floresta sabem como utilizar toda a riqueza e as potencialidades das plantas. São bastante difundidos na região os medicamentos caseiros, que se utilizam das ervas e plantas da Amazônia como matéria-prima. Cosméticos são preparados à base de óleo de copaíba, e o pau-rosa é utilizado na fabricação de fixadores de perfumes e essências. 

Anualmente, a prefeitura de Rio Branco promove, em conjunto com várias entidades, a Feira de Produtos da Floresta do Acre - FLORA -, com o objetivo de divulgar estudos e pesquisas sobre os produtos florestais não-madeireiros, criar mercados para os produtos da região, estimular seu consumo e atrair investidores. 

Segundo informações do núcleo Amazon Trade, que estuda a cultura e os costumes da Amazônia, as ervas e a fitoterapia (medicamentos preparados a base de plantas, através de chás, infusões) são recursos muito utilizados pela população local e pelos índios. Como exemplos desses produtos, pode-se citar:

  • Pó de Guaraná, usado como tônico estomáquico, estimulante, contra distúrbios gastro-intestinais, diarréias. Ativa as Funções cerebrais e combate a arteriosclerose, as nevralgias e as enxaquecas, detém as hemorragias atua como calmante para o coração.

  • Óleo de Copaíba, utilizado por suas propriedades medicinais, no combate aos catarros vesicais e pulmonares, desinterias, bronquites.

  • Óleo de Andiroba, potente cicatrizante, anti-inflamatório.

  • Casca de Açoita Cavalo, contém óleos essenciais que atuam frente as disenterias, hemorragias, artrite, reumatismo, tumores, colesterol e Hipertensão.

  • Catuaba, tônico energético usado no tratamento de cansaço físico e sexual, insônia, nervosismo, falta de memória. Possui, ainda, propriedades anti-sifilíticas.

  • Semente de Sucupira, energético, anti-sifilítico, contém alcalóides empregados no tratamento de febres, reumatismo, artrite, inflamações, dermatoses.

  • Casca de Barmitão, potente anti-hemorrágico, anti-inflamatório.

  • Casca de Murapuama, tônico neuro-muscular, afrodisíaco, utilizado contra fraquezas, gripes, impotência, reumatismo crônico, etc.

  • Saracura-mirá, energético, usado no tratamento de cansaço físico, sexual, insônia, nervosismo, falta de memória.

  • Casca de Assacu, usado no combate às inflamações em geral, ulcerações, tumores.

  • Semente de Cumaru, propriedades medicinais que atuam reconstituindo as forcas orgânicas debilitadas, como tônico cardíaco.

  • Casca de Caroba, contém uma resina denominada "Carobona", além de seu princípio ativo, o alcalóide "Carobina". É diaforéticas (Cascas) e anti Sifilíticas (Folhas), debela feridas e elimina inflamações da garganta, afecções da pele, coriza, blenorragia, dores reumáticas e musculares, cálculos da bexiga.

  • Casca de Moruré, alivia as dores reumáticas, artríticas e da coluna verbal, estimulante do sistema nervoso e muscular.

  • Amêndoa do Açaizeiro, fornece um óleo verde-escuro bastante utilizado na medicina caseira, principalmente como anti-diarréico. O seu suco, de sabor exótico, possui grande valor nutritivo e contém altas concentrações de ferro, sendo bastante usado no combate à anemia.

Além de todos os produtos acima citados, a região norte do Brasil apresenta, ainda, outros derivados de plantas, como o Daime. De origem indígena, apresenta propriedades calmantes, mas sabe-se também que é pertencente à "família" dos perturbadores do sistema nervoso central, ou seja, é alucinógenas, tanto quanto a maconha ou o LSD.

O Daime dá origem a uma seita chamada de "Santo Daime". O chá é chamado Ayuwasca, obtido da mistura do cipó jagube e da folhas da planta chacrona. Há várias comunidades na Amazônia que cultuam o Santo Daime, reverenciando a mata, a floresta, Deus e a alegria. As letras de seus hinos têm inspiração ecológica. Muitos renomados artistas e pessoas públicas entraram para esta seita.

 

Horóscopo Xamânico

Horóscopo Xamânico

 

horóscopo Xamânico provém dos nativosnorte-americanos, sendo baseado em todo o Universo – desde os minerais ao Homem. Como o nome indica este horóscopo era do domínio dos apelidados Xamãs – curandeiros, sapientes e curandeiros. Eram eles quem comunicavam com os deuses, com a Natureza e eram ligação entre a vida e a morte.


Tem como base a Natureza, que tanto respeitavam, pois acreditavam que a sua sobrevivência dependia da harmonia entre todos. A simbologia de cadaanimal é usado para a descrição dos arquétipos e os ciclos têm como base os ciclos lunares, as 4 estações – os ciclos da Natureza.

 

Os signos correspondem ainda a um género de vento e direcção, entre tantos outros elementos naturais, que representam as qualidades, defeitos, futuro, presente, etc.   

 

Os 12 signos são:

 

GANSO
21 Dezembro a 20 Janeiro - Lua de Renovação da Terra


Este signo é marcado pelas suas ideologias, originado alguma severidade. É curioso com gosto pelo desconhecido e perfeccionista, enfrentando com grande entusiasmo a vida. Ambição e perseverança também o caracterizam e no amor chega a ser bastante egoísta, centrando-se apenas nele mesmo.

 

Não possui grande sentido de humor e peca por não ser afectuoso para com quem o rodeia. Castor, Urso Pardo e o Corvo são os Signos com quem melhor se dá.


Deve estimular o seu lado social, expressar-se mais emocionalmente.
Evite as dúvidas e o pessimismo.
A sua Planta é a Framboesa e o mineral Peridoto.
A Cor é o Branco com direcção para Noroeste.

LONTRA
21 Janeiro a 20 Fevereiro - Lua da Tranquilidade e da Purificação


Este signo é marcado pelos seus ideais, querendo sempre mais do que aquilo que é suposto e procurando a verdade acima de tudo. Criatividade, lógica, excentricidade, grande capacidade humanitária e intuição são algumas das melhores qualidades da Lontra. Ao mesmo tempo este signo não vivem bem com normas, tende a um modo mais liberal de viver.

 

Isto leva a uma rebeldia e imprevisibilidade e procuram também viver grandes amizades antes das paixões. Os signos com que se dá melhor são o Corvo, Falcão e Cervo.


Deve estimular o seu lado criativo e coragem, bem como tolerar mais.
Evite de ser tão excêntrico.
A sua planta é o Alísio e o mineral a Turquesa.
A sua cor é Prata com direcção para o Norte.

LOBO
21 Fevereiro a 20 Março - Lua dos Grandes Ventos


Este signo é caracterizado por ter bastante graciosidade, iniciativa e gostar de liberdade. É muito fiável, tendo um grande apreço por aqueles que ama. Tem como objectivo primordial estimular o amor, com grande compaixão, o que demonstra grande sensibilidade, intuição e criatividade.

 

Ajuda sempre que pode e quem precisa e ao mesmo tempo quer o respeito pela sua liberdade.

 

Afecta-se bastante por aquilo que dizem sobre si e é bastante tímido, mas ao mesmo tempo sincero e reflexivo, sendo um romântico e carinhoso, mas também bastante possessivo. Pica-Pau,Urso Pardo e a Serpente são os signos que tem mais compatibilidade. 

Deve estimular o seu lado Intuitivo, criativo e compreensivo.
A sua planta é a Tanchagem e o mineral Jade.
A sua cor é o azul esverdeado e deve seguir para Nordeste.

FALCÃO VERMELHO
21 Março a 20 Abril - Lua das Árvores em botão


O Falcão é marcado por gostar da liderança e da sua impulsividade. Destaca-se também pela sua individualidade, mesmo sendo aceite no grupo que o rodeia. É um signo bastante activo, esforçado mas impetuoso. A sua actividade leva a tomar decisões algo precipitadas, que tende a arrepender-se mais tarde.

 

É também bastante extrovertido e tem grande audácia, ganhando entusiasmo com novas experiências. O seu objectivo passa por conduzir os outros e é um ser bastante apaixonado. Os signos Salmão e Coruja são aqueles com que tem mais compatibilidade.
 
Deve estimular o seu lado paciente, persistente e a sua compaixão.
Evite a vaidade, o orgulho e intolerância.
A sua planta é o Dente-de-leão e o mineral Opala.
A sua cor é o Verde amarelado e deve seguir para Nordeste.

CASTOR
21 Abril a 20 Maio - Lua de Retorno dos Sapos

Este signo caracteriza-se por ser bastante carinhoso. A sua natureza é empreendedora, com um lado bastante possessivo. A sua segurança é proveniente de bens materiais, tornando-se bastante inflexível. Trabalha bastante e tem grande persistência, o que o leva a atingir os seus objectivos.

 

Ao mesmo tempo necessita de harmonia de forma a evitar mudanças de humor. O seu objectivo é perceber que na vida os bens materiais não são o mais importante. Pica-pau, o Urso Pardo e o Ganso são os signos com que se dá melhor.

Deve estimular a sua adaptação e compaixão.
Evite de ser possessivo e inflexível.
A sua planta é o Trevo silvestre e o mineral Jaspe sanguíneo.
A sua cor é o amarelo e deve seguir em direcção de Leste.
 
CERVO
21 Maio a 20 Junho - Lua do Plantio do Milho

Este signo é caracterizado por ser forte, orgulhoso e agressivo. É bastante hábil e a sua segurança é adquirida através daquilo que possuiu. É um ser bastante curioso intelectualmente e por vezes inconsistente e agitado. Está sempre atento ao que o rodeia e no amor tanto é entusiasmado como perde o interesse.

 

O seu objectivo passa por tentar coordenar tudo aquilo que o atrai. Não fica preso à rotina e é atraído por tudo o que lhe é novo, gosta portanto de desafios. Corvo e Lontra são os signos com que melhor se dá.

Deve estimular a sua concentração e o seu lado persistente e paciente.
Evite de ter variâncias de humor de ser inconsistente e superficial.
A sua planta é o Verbasco e o mineral a Ágata.
A sua cor é o Laranja e deve seguir para Sudeste.

PICA-PAU
21 Junho a 20 Julho - Lua do Sol Intenso

O signo Pica-pau caracteriza-se por ter um lado bastante emotivo e carinho, bem como uma grande sensibilidade. Sacrifica-se por aqueles que mais gosta e tem como objectivo aplicar o seu equilíbrio emocional na parte material.

 

É um ser bastante romântico com um grande afecto materno e tanto é protector como vulnerável. Serpente, Lobo e Castor são os signos com que se dá melhor.

Deve estimular a sua capacidade de perdão e o seu lado intuitivo.
Evite o seu lado possessivo e a auto-compaixão.
A sua planta é a Rosa silvestre e o mineral Quartzo rosa.
A sua cor é o Rosa e deve seguir para Sul-Sudeste.
 
SALMÃO
21 Julho a 20 Agosto - Lua dos Frutos Maduros

 

Como o próprio Salmão, retorna sempre a casa. Caracteriza-se por gostar tanto do seu espaço vital, tendo grande generosidade e sensibilidade. Tem grande imaginação, levando também a grandes mudanças de humor.

 

O seu objectivo consiste em ter uma vida em harmonia com a natureza. Tem grande segurança e entusiasmo, com grande capacidade de liderança. Tem ainda grande energia e intransigência. O seu lado amoroso é passional e insaciável. Coruja e Falcão são os signos com que se dá melhor.

Deve estimular o seu lado tolerante e a sua estabilidade emocional.
Evite a sua faceta arrogante, egoísta e intolerante
A sua planta é a amora silvestre e o mineral Cornalina.
A sua cor é o Roxo e deve seguir para Sul.

URSO PARDO
21 Agosto a 20 Setembro - Lua da Colheita

Este signo conta com uma grande preseverança e uma grande independência. É bastante perfecionista e deseja alcançar a perfeição, daí criticar-se tanto. É bastante trabalhador e alcança sempre ao que se propõe.

 

Gosta da rotina  e é de confiança, tem grande lealdade e soluciona todos os problemas que lhe ocorrem no quotidiano. É moralista e reprimido no que toca ao amor. Ganso e Lontra são os signos com que se dá melhor.

Deve estimular o seu lado Optimista e tolerante.
Evite o Cepticismo e as críticas destrutivas.
A sua planta é a Violeta e o mineral Topázio.
A sua cor é o Violeta e deve seguir para Sudoeste

CORVO
21 Setembro a 20 Outubro - Lua do Voo dos Patos

É um ser inteligente e esperto. É um idealista por natureza e cultiva a paz, desejando uma convivência em harmonia. Não suporta a solidão e é muito bondoso e influenciado por aquilo que o rodeia.

 

Para além de idealista é um diplomata, apoiando sempre a justiça. O seu objectivo é a harmonia e tem tanto de forte como de sensível no que diz respeito ao amor. Cervo e Lontra são os signos com que se dá melhor.

Deve estimular a sua imparcialidade e inspiração.
Evite o seu lado Indeciso, incerto e inconsistente
A sua planta é a Hera e o mineral Azurita.
A sua cor é o Azul e deve seguir para Sudoeste.

SERPENTE
21 Outubro a 20 Novembro – Lua do tempo frio

Este signo é bastante misterioso e reservado, omite os sentimentos e atitudes bastante frias. A juntar a isto demonstra ser bastante sensível, sofrendo bastante sem que ninguém note, aguardando o momento certo para retribuir o mal que lhe foi feito.

 

Do lado positivo, é bastante imaginativa e carinhosa e bastante intensa no amor, levando ao limite a sua sexualidade.
Lobo e Pica-Pau são os signos com que se dá melhor.

Deve estimular o seu lado mais determinado e criativo. 
Evite o egoísmo, arrogância e ciúmes.
A sua planta é a Espinheira santa e o mineral Ametista.
A sua cor é o Violeta e deve seguir para Oeste. 

CORUJA
21 Novembro a 20 Dezembro – Lua da neve

A Coruja observa bastante, com grande inteligência e secretismo. É também bastante perfeccionista e tem a necessidade de liberdade. Adapta-se muito bem a todas as situações, tem grande curiosidade e determinação.

 

É da sua natureza ser discreta, sincera e inteligente, sendo mesmo bastante compreensiva. No plano amoroso gosta de aventuras e atraí-se muito pelo exótico. Falcão e Salmão são os signos com que se dá melhor.

Deve estimular a sua concentração.
Evite exagerar.
A sua planta é Visco e o mineral Obsidiana.
A sua cor é o dourado e deve seguir para Noroeste.
 

 

 

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